quarta-feira, 12 de março de 2014

Bólides Memoráveis - Shadow DN1 (1973-74)

A Shadow deve ser provavelmente a melhor equipa de origem americana a andar pela Formula 1. Ao longo da década de 70, esta equipa, com os seus carros negros, animou o pelotão e conseguiu constituir um conjunto de pessoas que tentaram fazer dela uma equipa vencdedora. Mas antes de chegar à Formula 1, tentaram a sua sorte na Can-Am, com bons resultados no geral. Hoje, vou falar sobre o seu primeiro chassis, o DN1, 40 anos depois de se ter estreado na categoria máxima do automobilismo.

A Shadow é o resultado do projeto fundado por Don Nichols, um homem cujas origens são um mistério para toda a gente. Há quem diga que durante os anos 50, ele trabalhou… para a CIA no Extremo Oriente. Nos anos 60, trabalhava no Japão, como representante da Goodyear e da Firestone, e ajudava a desenhar alguns dos circuitos existentes hoje em dia no país do Sol Nascente. No final da década, Nichols regressa aos Estados Unidos, estabelece-se na California e funda a Advanced Techical Systems Inc., com o objetivo de desenhar um carro para a Can-Am. Contrata um desenhista, Trevor Harris, e faz um bólido que é guiado por George Follmer e pelo britânico Vic Elford. Apesar da rapidez, não era um carro fiável e os resultados foram escassos.

Contudo, dois anos depois, a Shadow consegue bons resultados, através de outro britânico, Jackie Oliver. Para além disso, arranjaram o patrocínio de uma petrolífera, a UOP (Universal Oil Products), que lhes permitiam ter mais dinheiro e capacidade de expandir para outras categorias. Foi aí que surgiu a vontade de construir um chassis de Formula 1.

Assim sendo, Don Nichols decide fazer isso. Contrata um projetista da BRM, Tony Southgate, que por sua vez, é ajudado por Dave Wass, e assegura os serviços de direção por parte de Alan Rees, um dos fundadores da March. E como pilotos, vai colocar a dupla da Can-Am: Follmer (que tinha sido campeão na Can-Am nesse ano) e Oliver. Instalam-se em Bourne, na Grã-Bretanha, e nessa garagem, é construído aquele que vêm a ser o Shadow DN1.

O DN1 tinha como ideia ser um chassis simples. Fabricado em alumínio, e em monocoque, estava equipado com o motor Ford Cosworth DFV V8, e tinha uma suspensão dupla, que seria mais eficaz. Contudo, Southgate e Wass não fizeram um chassis suficientemente rígido, e ele se comportava de forma diferente em curva. Vindos da BRM, onde tinham à disposição um motor V12, este era o primeiro chassis que desenhavam com o Cosworth V8, e tinham de se adaptar.

O carro somente estaria pronto na terceira prova da temporada de 1973, o GP da África do Sul. Os resultados foram encorajadores, com Follmer a levar o carro do 21º posto da grelha de partida para o sexto lugar final, conseguindo ali o primeiro ponto da marca. E mais encorajados ainda ficaram quando na corrida seguinte, em Montjuich, Follmer chegou ao terceiro lugar, conseguindo o primeiro pódio da carreira.

Nesse mesmo Grande Prémio, um terceiro chassis ficava pronto para ser usado por outro piloto. E não era um qualquer: tratava-se de Graham Hill. Saído da Brabham no final de 1972, decidiu montar a sua própria equipa. Com o apoio dos cigarros Embassy, Hill decidiu adquirir um chassis Shadow, pois construir o seu próprio carro iria demorar o seu tempo. Contudo, do alto dos seus 43 anos, a sua experiência já não compensava a perda de velocidade e competitividade perante a concorrência. Em Montjuich, Hill foi 22º na grelha e abandonou na volta 27 devido a problemas de travões.

À medida que a temporada avançava, o chassis mostrava os seus defeitos devido à sua falta de rigidez. Jackie Oliver não terminou os seus primeiros três Grandes Prémios, até chegar ao fim no Mónaco, no décimo posto da geral. As promessas iniciais deram lugar à decepção, e os resultados de Hill também não ajudavam.

Contudo, no final da temporada, as correções começavam a ter os seus frutos, principalmente no GP do Canadá, em Mosport. Numa prova confusa, Oliver conseguiu sobreviver aos obstáculos e terminou no terceiro posto, conseguindo os seus primeiros pontos da época e o segundo pódio da carreira da marca. Em Watkins Glen, eles alinharam com um terceiro carro oficial, para o britânico Brian Redman. Apesar do bom resultado nos treinos, ele acabou por ser desclassificado “por ter recebido assistência exterior”.

No final desta primeira temporada, as esperanças acabaram misturadas com decepção. Contudo, ali havia uma base para melhorar, e essas melhoras foram vistas no chassis seguinte, o DN3. Mas em 1974, o DN1 ainda alinharia nas duas primeiras corridas do ano, através de um novo recruta, o francês Jean-Pierre Jarier.   

Ficha Técnica:

Chassis: Shadow DN1
Projetista: Tony Southgate
Motor: Cosworth DFV V8 de 3 litros
Pneus: Goodyear
Pilotos: George Follmer, Jackie Oliver, Brian Redman, Graham Hill, Jean-Pierre Jarier
Corridas: 15
Vitórias: 0
Pole-positions: 0
Voltas Mais Rápidas: 0

Pontos:  9 (Follmer 5, Oliver 4)

1 comentário:

André Candreva disse...

a Shadow foi uma das poucas equipes da década de 1970 que eu gosta de ver nas pistas...

bons tempos...

abs...