Como é sabido, os britânicos votaram ontem em referendo a sua saída da União Europeia. 52 por cento votaram pela sua saída, enquanto que 48 por cento votaram para a permanência. Foram cerca de 1,2 milhões de votos de diferença, com os mais jovens, as cidades como Londres e Liverpool a votarem pela permanência, acompanhados por regiões como a Escócia e a Irlanda do Norte. Do lado da saída, o campo, as pequenas cidades operárias e os mais velhos votaram massivamente nesse sentido.
As consequências imediatas foram fortes: a libra desvalorizou-se para níveis de 1985 (!) e o primeiro-ministro David Cameron demitiu-se. A Escócia já exigiu um novo referendo, e há pessoas na Irlanda do Norte a pensar também no mesmo, não no sentido da independência, mas sim na unificação com a Irlanda.
A economia vai ficar afetada, e há receios de que eles entrarão numa recessão de cerca de um por cento a partir do próximo ano. A fuga de capitais e de empresas poderá ser uma realidade e Londres, como praça financeira, poderá ressentir-se disso.
Mas o que uma decisão politica como esta afeta a Formula 1 e o automobilismo em geral? Tudo. A Grã-Bretanha é uma potência automobilística, e 80 por cento das equipas tem como sede o centro do país, que é adequadamente chamado de "Motorsport Valley". Na Formula 1, tirando a Ferrari, Sauber, Toro Rosso e (parcialmente) a Renault e a Haas, as equipas estão todas concentradas nesse local, enquanto que na Endurance, tirando as equipas que tem chassis Ligier, na LMP2, estão quase todas em paragens britânicas.
O que vai acontecer com a Formula 1 depois do "Brexit"? Bom, com a libra a desvalorizar, os custos de transporte irão inevitavelmente aumentar. E não agora, mas mais tarde, os camiões terão de parar mais vezes nas fronteiras, aumentando a burocracia, para além disso os funcionários poderão ter de pedir um visto de trabalho para permanecer por ali. Apesar de serem funcionários especializados, podem não ter problemas em arranjá-lo - os estrangeiros - mas outros poderão ter problemas.
Outro grande problema serão os orçamentos. Se dependerem totalmente da libra, a conversão para o euro ou o dólar, a partir de agora, foi perdida. Dias antes do referendo, a proporção para o dólar era de 1,5 (uma libre valia 1,50 dólares) com a diferença para o euro de 1,2. Agora, essa vantagem poderá ser perdida, pois se a desvalorização poderá favorecer as empresas exportadoras, para montar um orçamento vai ser mais custoso.
Apesar de tudo, as equipas esperam que o impacto seja pequeno. Paddy Lowe, o diretor da Mercedes, contou ao Luiz Fernando Ramos, por alturas do GP do Mónaco, que isto não fará grande diferença: "Fizemos uma análise. Um dos nossos diretores estudou o assunto porque alguns dos nossos funcionários perguntaram como eles deveriam votar. A conclusão foi que não fará muita diferença, seja para a companhia, seja para a Formula 1 em geral, em termos de como conduzimos os nossos negócios", afirmou.
Mesmo que haja otimismo nesses lados, apesar do impacto de uma decisão destas, se a libra continuar a desvalorizar-se em relação ao euro, por exemplo (ou até ao dólar), o poder de compra perderá, é inevitável. E para piorar as coisas, se as pessoas antes poderiam suportar o mau tempo, com o dinheiro que cairia na conta bancária no final do mês, agora, outras paragens, que antes não eram atraentes, podem subitamente se tornar algo mais sedutor. Especialmente no sul da Europa, que eram antes apenas um mero destino de férias...
1 comentário:
Era de valor uma ou outra equipa independente da categoria trocar o RU por Portugal ou Espanha.
Enviar um comentário