sexta-feira, 22 de maio de 2020

A imagem do dia

 

Há precisamente 65 anos, nas ruas do Mónaco, um acidente mudou o rumo da Formula 1 para sempre. Não tanto pelas suas consequências imediatas, mas por causa dos eventos que se sucederam nos meses seguintes.

Primeiro que tudo, é preciso dizer três coisas. Esta foi uma das poucas derrotas da Mercedes nos tempos da sua dominação na Formula 1, desde que voltaram aos Grandes Prémios em 1954, no GP de França, este também foi o regresso do GP do Mónaco no calendário da competição máxima do automobilismo, onde ficaria por 65 anos seguidos, e terceiro, este foi o palco da primeira das duas vitórias que o francês Maurice Trintignant iria ter na sua carreira, e ambas no Mónaco. A primeira vitória de um piloto francês na Formula 1.

Mas em 1955, a Ferrari estava em sarilhos. Não tinha uma máquina competitiva perante os Mercedes, e via agora a ressurgência de equipas como a Maserati e a Lancia. Alberto Ascari tinha saído da Ferrari, aceitando o projeto da Lancia, e esperava ser o maior opositor dos Mercedes que dominavam a competição. A seu lado estava um promissor compatriota seu, Eugenio Castelotti.

A corrida foi de atrito, como seria de esperar de uma prova com cem voltas. Os Mercedes começaram por liderar, mas aos poucos, quer os carros de Juan Manuel Fangio, quer o de Stirling Moss, começaram a falhar, este último na volta 80, quando tinha a vitória como certa.

Por esta altura, Alberto Ascari andava atrás de Moss, no segundo posto, mas ele já começava a sentir a fadiga da prova. Era verdade, liderava a corrida, mas quando passou pela chicane do Porto, calculou mal a trajetória e acabou nas águas do porto, num acidente que ficou na imaginação de toda uma geração. Felizmente, ele conseguiu nadar até à superfície e não teve mais do que um nariz partido e mais algumas ecoriações.

Maurice Trintignant herdou o comando e leou o carro até ao fim na primeira posição, adiante do Lancia de Castelotti, no seu primeiro pódio, e do carro de Cesare Perdisa. Contudo, quatro dias depois, Ascari queria voltar a guiar, e ao chegar a Monza e viu o Ferrari 750 Monza a ser testado, quis dar umas voltas para descomprimir. Acabou por perder o controlo do carro e morrer, aos 36 anos de idade.  

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