A pandemia do coronavirus pode fechar portas, mas abre janelas: à custa das corridas americanas - especialmente o Brasil, que ficará ausente do calendário após 48 anos - a Formula 1 regressa a Portugal depois de 24 anos de ausência. Curiosamente, será o mesmo tempo do qual não teve a visita da Formula 1 na primeira vez, entre 1960 e 84, quando correu pela primeira vez no Estoril. E agora, como aconteceu nesse ano, irá estrear-se num autódromo feito de raiz: em Portimão, uma pista construída em 2008 e recebeu os testes da Formula 1 no inicio de 2009.
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Em 1984, Bernie Ecclestone tinha chegado a acordo para ter uma corrida em Espanha, mais concretamente em Fuengirola, uma estância balnear no sul. Contudo, esse circuito citadino era mal desenhado e pobremente organizado, e cedo foi descartado. Rapidamente, na primavera desse ano, as coisas avançaram rapidamente e no fim de semana do GP do Mónaco, o anuncio foi feito: a 21 de outubro, a Formula 1 iria encerrar em terras portuguesas. Foi o delírio, ainda por cima, poderia ser o cenário de uma decisão do título.
Foi o que aconteceu: perante 85 mil pessoas, Niki Lauda e Alain Prost disputavam o título mundial. O francês venceu, mas Lauda, que partia de um modesto 11º posto, chegou ao segundo lugar, necessário para ser campeão, depois dos freios do Lotus de Nigel Mansell terem cedido. Ayrton Senna, na sua última corrida pela Toleman, conseguia ali o seu terceiro pódio da sua carreira.
(...) Os primeiros anos do século XXI foram de deserto automobilístico, até que em 2006 surgiu o projeto do autódromo do Algarve. Construido em menos de um ano, foi a ideia de Paulo Pinheiro de ter um autódromo cinco estrelas, com Grau 1 da FIA, sem ser desenhado por Hermann Tilke. O financiamento foi conseguido através de bancos irlandeses, e o projeto contemplava um hotel de cinco estrelas e um complexo habitacional de luxo nos terrenos à volta.
Tudo ficou pronto em outubro de 2008, precisamente na altura em que rebentava a crise mundial e um dos mais atingidos tinham sido os bancos irlandeses, nacionalizados pelo governo e do qual assumiriam as suas dívidas. Parecia um projeto megalómano e muitos colocaram-o em dúvida, mas apenas teve o azar de abrir na altura errada. Com o passar dos anos, recebeu diversas provas, desde uma prova da GP2 até corridas da European Le Mans Series - é a prova de encerramento da temporada desde há alguns anos - até aparições em dois dos principais programas de automóveis a nível mundial: o Top Gear e o The Grand Tour.
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No dia 25 de outubro, as luzes apagarão e o solo português verá o pelotão da Formula 1 a correr ao vivo.
Num ano excepcional, aconteceu um sonho que muitos ambicionavam ter mas parecia impossível dado o dinheiro envolvido e a pouca vontade de investimento por parte do Estado. O regresso do GP de Portugal pode acontecer à custa do cancelamento de metade do campeonato, de uma Liberty Media que aposta na Europa, menos afetada pela pandemia, que as Américas, por exemplo. A corrida poderá ser dos primeiros eventos com público, e por causa disso, mais de 45 mil bilhetes serão vendidos, pouco mais de 60 por cento da capacidade da pista, devido a restrições por causa da doença e do distanciamento social.
Contudo, este é o culminar de uma ambição e 24 anos depois, regressa um GP de Portugal que teve duas fases, a primeira entre 1958 e 60, e a segunda entre 1984 e 96, esta última no Autódromo do Estoril, e curiosamente, também para substituir uma corrida que não aconteceu... tudo isso e muito mais, falo este mês no Nobres do Grid.
Contudo, este é o culminar de uma ambição e 24 anos depois, regressa um GP de Portugal que teve duas fases, a primeira entre 1958 e 60, e a segunda entre 1984 e 96, esta última no Autódromo do Estoril, e curiosamente, também para substituir uma corrida que não aconteceu... tudo isso e muito mais, falo este mês no Nobres do Grid.
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