domingo, 2 de agosto de 2020

Formula 1 2020 - Ronda 4, Grã-Bretanha (Corrida)

A história deste GP da Grã-Bretanha, num Silverstone vazio, é a de uma corrida que valeu por duas voltas. As restantes 50 podem ser deitadas fora porque não apresentaram nada, tirando os incidentes de corrida que deram na entrada do Safety Car por duas vezes durante a prova. Mas a história desta corrida foi uma onde o vencedor teve uma sorte de campeão no meio do azar que teve de um furo na pior altura possível, com a concorrência fazendo pior que ele, provavelmente poderá ter sido o momento decisivo não só desta prova, como do campeonato. Porque se com assim, ele não foi vítima, mas herói, então o caneco do campeonato já tem o seu nome inscrito. 

Antes de tudo começar, numa Silverstone sem público, e com um tempo nublado, mas sem chuva, houve logo na volta de formação a primeira baixa da corrida: Nico Hulkenberg tinha problemas hidraulicos no seu carro e acabaria por não largar. Um triste regresso à Formula 1...

Com apenas 19 carros na largada, esta aconteceu com Bottas a tentar contestar Hamilton, mas o inglês saiu melhor e ficou na frente. Atrás, Verstappen tentava se defender de Leclerc e dos McLaren, mas conseguia. Mas no final da primeira volta, o outro Red Bull de Alex Albon embateu com o Haas de Kevin Magnussen e o dinamarquês acabou na gravilha, no final da primeira volta, acabando com a entrada do Safety Car.

O Mercedes ficou na frente por cinco voltas até ao recomeço, onde os Mercedes já iam embora face a concorrência, com Leclerc a ser pressionado pelos McLaren, seguido pelo resto do pelotão. No final dessa volta, Alex Albon foi às boxes para trocar para duros.

Logo na segunda volta após o recomeço, os três primeiros foram-se embora, enquanto Leclerc parecia que estava a aguentar os McLaren, Renault e o Racing Point de Lance Stroll. Sebastian Vettel, de moles, estava a ser pressionado pelo Alpha Tauri de Pierre Gasly. Mas nada deu.

Contudo, na volta 13, entre Maggots e Becketts, Daniil Kvyat despistou-se forte e feio, dando cabo do seu Alpha Tauri. Saiu ileso, mas foi o suficiente para haver novo safety car, que foi aproveitado por quase todo o pelotão para trocar de pneus, para duros, no sentido de irem o mais longe possível. Quem ficava na pista era Romain Grosjean, com os seus médios e com as paragens, era quinto.

Tirar o carro, nestes tempo, e com menos gente, iria demorar o seu tempo, e apenas na volta 19 é que recomeçou a corrida. As lutas no meio do pelotão eram as mais impressionantes, enquanto atrás, Esteban Ocon passava Sebastian Vettel e este estava fora dos pontos. Mas o mais inteessante é que os McLaren não conseguiam passar o Haas de Grosjean, que aguentava os McLaren no quinto posto. Enquanto, isso, na frente, os Mercedes iam-se embora de Max Verstappen, e por ali, parecia tudo resolvido.

Na volta 23, Sainz Jr, passou Grosjean para ser quinto, depois de algumas tentativas abortadas, enquanto os comissários avisaram Alex Albon que iria ter cinco segundos de penalização por causa do seu incidente com Kevin Magnussen, declarando-o culpado. Duas voltas depois, Lando Norris passou Grosjean na curva Stowe, e ambos tentariam apanhar o Ferrari de Charles Leclerc. Em vão.

Na volta 38, depois de ser passado por Lance Stroll, o piloto da Haas foi às boxes porque aqueles pneus médios não davam para mais, caindo para o fundo do pelotão. Mais atrás, Pierre Gasly passava Sebastian Vettel e estava nos pontos.

A parte final da prova parecia não ter grande história. Apesar de se ouvir que Mercedes queixavam-se do estado dos pneus, na realidade, ninguém ligava alguma. Pareciam não ser ameaça. A grande luta parecia ser entre Lance Stroll e esteban Ocon pelo... oitavo posto, mas apesar das ameaças, nada acontecia até à volta 46, quando o passou na curva Brooklands. Alex Albon, que caíra para o fundo do pelotão, andava a passar alguns carros, entre eles os pilotos da Williams e Kimi Raikkonen, que na volta 47, saira de pista e ficava sem asa dianteira... por causa de um furo. Era o aviso, mas ninguém ligava alguma.

E de repente, sem aviso, tudo aconteceu. Faltavam duas voltas para o fim quando, primeiro Bottas, depois Hamilton, viram os seus pneus rebentarem. Os frente-esquerdos, mais sujeitos aos esforços numa pista como aquela. O finlandês arrastou-se até às boxes e caiu de segundo para 12º, ao mesmo tempo que Max Verstappen fora às boxes, de prevenção para evitar outra surpresa desagradável. Na altura, não sabiam se o britânico estaria com problemas, mas todos observavam se ele estaria bem.

E no inicio da última volta, lá aconteceu o furo. Hamilton arrastou-se, e tentou gerir o estrago, esperando ter tempo para tudo, para cruzar a meta mantendo o primeiro posto. Todas as recordações apareceram por ali: Gilles em Zandvoort, Senna apenas com a sexta marcha em Interlagos, Johansson apenas com três rodas em Hockenheim... a sorte dele foi que tudo aconteceu a uma volta do fim, nem precisou de ir às boxes. Quando cruzou a meta com as três rodas, tinha feito o suficiente para transformar uma corrida aborrecida numa épica. E claro, mostrava que tinha a sorte do campeão.

Agora com isto, o resto é conhecido: todos já sabem quem é o campeão, só queremos saber quando é que acontece. A minha aposta, com os 30 pontos de diferença, é que tudo se resolva em Imola. Ou então, se calhar, em Portimão. Veremos.

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