segunda-feira, 26 de julho de 2021

A ideia de um GP do Qatar


Sabem quantos circuitos de Grau 1 aprovados pela FIA existem na Península Arábica? Seis. Há um no Kuwait, outro no Qatar, um terceiro no Bahrein - nas suas multiplas versões - outro no Dubai e um quinto em Abu Dhabi. O sexto circuito será inaugurado no final deste ano em Jeddah, para a edição inaugural do GP da Arábia Saudita.

Desses, só três estão no calendário: Bahrein, Abu Dhabi e agora, Jeddah. Mas poderia haver desde há algum tempo um quarto circuito no calendário, mas não acontece por razões politicas. O circuito de Losail, no Qatar, acolhe frequentemente o MotoGP - este ano até acolheu por duas vezes - mas nunca acolheu nem a Formula 1, nem a Endurance. E isso acontece porque há uma rivalidade com o seu vizinho do Bahrein, que tem o circuito de Shakir. Se lá não há a MotoGP ou o WTCR, o Mundial de turismos, é porque existe uma partilha implícita entre ambos os países: se um tem determinada competição, outro não tem.

Mas a pandemia pode mudar as coisas. Com o GP da Austrália cancelado, a a Liberty Media com vontade de fazer as 23 corridas do calendário, dê por onde der, a ideia de ter corridas no Médio Oriente é cada vez mais real. A coisa poderá passar por Shakir, que já acolheu por duas vezes um Grande Prémio em 2020. Em 2021, já recebeu o GP local, e para o final do ano, querem ter algo que complemente o GP da Arábia Saudita, que acontecerá a 5 de dezembro. Nova corrida no Bahrein é possivel, mas também se fala muito de uma prova do Dubai... e a chegada da competição a Losail.

E quem está a puxar por isso é muita gente. A começar por Stephen Ross, o promotor do GP de Miami, que se estreará em 2022. Ross é dono da empresa de marketing RSE Ventures, que pertence parcialmente ao fundo soberano qatari, e em 2015 tentou comprar a Formula 1 à CVC Capital Partners, sem sucesso. Ross, que também é o dono do clube de futebol americano Miami Dolphins, quer ajudar os seus parceiros para obter esta possibilidade, e tem a ajuda do Grupo Volkswagen, que é parcialmente detida (14,5 por cento) pelos qataris. O atual CEO da Formula 1, Stefano Domenicalli, foi anteriormente o presidente da Lamborghini, uma das marcas do Grupo VAG, e poderá fazer "lobby" para que eles entrem. 

Segundo conta o site racefans.com, Domenicalli poderá aceitar o Qatar como forma de atrair uma - ou algumas - marcas do Grupo para a Formula 1, agora que há um teto de gastos, e a Audi está a desinvestir na Formula E a favor da Endurance, como está a fazer a Porsche, embora esta última esteja a fazer sem se desligar da competição elétrica. E para melhorar as coisas, a situação politica no Médio Oriente está mais desanuviada, porque o bloqueio que os restantes países do Golfo, a começar pela Arábia Saudita, ao Qatar, devido ao apoio ao Irão nos diversos conflitos, a começar pelo Iémen, onde há uma guerra civil desde 2014, já foi levantado. Para além disso, quando a Formula 1 passou a ir ao Bahrein, Bernie Ecclestone agradeceu a ajuda - e os petrodólares - barenitas, imponto um veto não declarado à ida da Formula 1 ao seu vizinho um pouco maior. 

Contudo, Bernie está fora de cena desde 2017 e agora, já não há obstáculos de monta para uma ida inédita ao emirado que em 2022 acolherá o Mundial de Futebol e tem ambições de acolher os Jogos Olímpicos a partir de 2036. Veremos se isso acontecerá.       

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