A carreira de Paletti começara cedo, e era um rapaz eclético - não se deixem enganar pelos óculos! - pois tinha feito karaté, ski, antes de se assentar no automobilismo. E a grande ajuda para lá chegar... foi do pai. Arietto Paletti era um homem que tinha enriquecido com a imobiliária, e entre outras coisas, conseguiu a representação da Pioneer, uma firma de alta fidelidade, em Itália. E é com esse dinheiro que algumas equipas fazem com ele seja um elemento necessário. Principalmente o britânico Mike Earle, que quando em 1981 o acolheu na sua equipa de Formula 2, achou que seria o trampolim para a categoria principal. Depois dessa temporada, Earle queria que fizesse mais uma temporada para dar o salto em 1983, com ele, na Formula 1. E provavelmente, com motor Turbo.
Contudo, a história foi diferente. Paletti encantou-se com a Osella, que tinha um lugar para ele, e Earle teve de esperar mais uns anos para la chegar - aconteceu em 1989, sete anos depois. Mas infelizmente, ele não assistiria a isso.
Lá, tinha a veterania de Jean-Pierre Jarier, piloto que tinha estado em equipas como Shadow, Ligier, Lotus e Tyrrell, entre outros. E na Osella desde o ano anterior, ele tinha de ser o primeiro piloto. A Paletti, ficava os "restos", e os resultados mostravam isso: só participou na sua primeira corrida em Imola, a quarta do ano, por causa de um boicote. E a sua participação acabou na sétima volta devido a um problema na suspensão.
Só voltou a qualificar-se em Detroit, e a sua corrida não aconteceu por causa de uma quebra de suspensão durante o "warm up". Há uma sequência de fotos desse acidente onde se vê a peça a quebar-se em plena pista e o carro a acabar nas barreiras, sem que Paletti saísse machucado da situação, até a cumprimentar um dos comissários de pista pelo socorro atendido. Tentou-se reparar o carro a tempo, mas quando estavam prestes a fazer isso, Jarier tinha batido no muro e sem carro de reserva - que tinha sido usado pelo francês e inutilizado quando ele acionou acidentalmente o extintor... - e o italiano iria ficar em terra, para mal dos seus pecados.
Mas o carro melhorava. No Canadá, qualificava-se pela segunda vez consecutiva, e ele pareia que iria ter aquilo que queria. Mas na partida, Didier Pironi ficou parado na pista, porque tinha deixado morrer o seu carro, e o italiano, que vinha do 23º posto da grelha, atingiu em cheio o Ferrari, porque havia confusão entre os pilotos do fundo. Preso no carro, com o volante a atingir em cheio no seu peito, os socorros foram velozes em tirá-lo dali. Mas com os depósitos cheios e os escapes quentes, um derrame fez pegar fogo o seu Osella. E tudo perante o olhar aterrorizado da sua mãe, que o tinha visitá-lo e vê-lo, porque dali a dois dias iriam a Nova Iorque celebrar o seu aniversário.
Não iriam. Apesar dos esforços e de terem conseguido levar para o hospital de helicóptero, ele tinha morrido, vitima de uma hemorragia toráxica, a dois dias de fazer 24 anos.
Os italianos não o esqueceram. O circuito de Vairano tem o seu nome, por exemplo. E há um altar na Capela do Cruxifixo, na Igreja de Santa Maria al Carrobiolo, em Monza, dedicado a ele.
E volto a falar desta história porque soube que no final da semana passada, o seu pai Arietto, a pessoa que ajudou a financiar a sua carreira até à Formula 1, tinha morrido. A sua mãe, Margheritta, já tinha também morrido uns anos antes. Para os que crêm, parece que estão juntos outra vez.
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