Algumas personalidades de origem alemã e austríaca já reagiram nas redes sociais a estas noticias. Nico Hulkenberg, por exemplo, reagiu com júbilo. "Ótimas notícias! Como piloto alemão, estou muito feliz que o automobilismo possa ser visto novamente por todos no meu país. É um passo importante para a relevância da Formula 1 na Alemanha."
Helmut Marko, um dos responsáveis da Red Bull, reagiu com alegria a esta decisão. “Sete corridas em rede aberta garantem que a Formula 1 também pode ter um impacto positivo na Alemanha.”, escreveu.
Ainda não foram anunciadas que corridas serão transmitidas em 2024.
Esta noticia é uma indicação em contrário à tendência geral, de elitizar o desporto, em busca de lucros cada vez maiores. Para terem uma ideia, em 2023, na Alemanha, não houve qualquer corrida transmitida em sinal aberto. E hoje em dia, também, poucos são os países que transmitem a Formula 1 em sinal aberto. Brasil e Argentina são duas nações onde isso acontece, mas é mais a exceção que a regra.
As reações da noticia noutros lados, pelo menos nas redes sociais, são de contentamento. Muitos desejam que os governos forcem os canais a abrirem as transmissões - parcialmente ou totalmente - à transmissão em sinal aberto, principalmente em países que têm pilotos no pelotão da Formula 1. Em Espanha, por exemplo, houve júbilo e muitos desejam que isso aconteça no futuro, como afirma um na rede social X:
"Mais cedo ou mais tarde, 'el chiringuito de las TV's de pago" (o bar aberto da TV paga) acabará e a TV aberta regressará. Aqui em Espanha será mais difícil que tal aconteça, mas mais cedo ou mais tarde... acontecerá." Na Bélgica, as corridas passam em sinal aberto até 2027.
Estamos num tempo onde não falta oferta. Canais pagos de desporto e filmes... mas a oferta é tal que as pessoas, por muito capazes que sejam de pagar, têm de fazer escolhas. Querem Netflix, mas depois tem a Apple TV +, a Amazon Prime, a Disney +, e outros canais... só para filmes e séries. E nem falo do Youtube, que tem também um serviço pago.
E depois, para o desporto, temos a Sky Sports, e não faltam canais de sinal aberto que decidem colocar serviços de subscrição, para ter uma público mais "selecto"... está disposto a pagar 90 ou 120 euros por mês para ter boa parte destes canais por causa de um FOMO (Fear Of Missing Out), porque quer ver o melhor do futebol, Formula 1, séries e filmes? E no final, se calhar por causa dessa fartura, o que acontecerá é que ficará agarrado ao comando num nervoso "zapping"?
Nisto tudo, nesta espécie de corrida para o fundo, acabada a novidade, as pessoas perdem o interesse. E claro, quem conhece o básico da economia, sabe que isto não crescerá para sempre. Haverá bons e maus anos, as gerações mudam e os hábitos também, e há quem tenha saudades de ir ao cinema e gastar 10 ou 15 euros para ver o filme, comprar pipocas e refrigerante. E quando ainda estamos no rescaldo da pandemia, os velhos hábitos ressurgem, quando menos esperamos. Olhem para o verão que passou, quando os cinemas encheram de pessoas para verem "Oppenheimer" e "Barbie", por exemplo...
É evidente que o passado não regressa mais, mas regressando a pastagens alemãs, para falar de outro desporto: futebol. Se forem ver a Bundesliga, todos os jogos - menos um ou dois - começam aos sábados pelas 14 horas, com estádios cheios. O preço dos bilhetes é acessível para as suas bolsas, e quando se tentam mexer nisso, os fãs reagem ruidosamente. E são das economias mais prósperas da Europa. De uma certa maneira, eles sabem: é bom ter dinheiro no bolso, mas os seus divertimentos tem de ser acessíveis, para todos. Encher os bolsos de meia dúzia de pessoas, puro anarco-capitalismo, onde os preços e a acessibilidade é para aqueles que podem e querem, a uma certa altura, em vez de alargar o público, irá perdê-lo.
E sei isso perfeitamente. Moro numa cidade onde se está a acontecer uma experiência única: para atrair gente a um estádio de 22 mil pessoas, o clube da minha cidade está a oferecer bilhetes de graça para que todos possam assistir e apoiar o seu clube de futebol, que está na II Divisão. Da última ocasião, foram oito mil pessoas, e o dinheiro que gastam nos bares compensa largamente o prejuízo que teriam se não cobrassem as entradas.
A economia é mais que dinheiro, e se calhar, não seria má ideia se aqui, na rica Europa, os canais pagos não cheguem a acordo com os canais estaduais para não partilhar as despesas e alargar o público. Desde que haja interesse, não interessa o desporto.
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