sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

No Nobres do Grid deste mês...


No passado dia 20 [de novembro], segunda-feira, no dia a seguir ao final do mundial de ralis, no Japão, o finlandês Kalle Rovanpera anunciou que iria correr a temporada de 2024 a tempo parcial, dividindo o carro com o francês Sebastien Ogier. No vídeo oficial, o piloto finlandês afirmou que já guia há 15 anos, e pretende tirar um tempo para recuperar de forma física e mental, logo, abdicará de lutar pelo título em 2024. 

Detalhe curioso: Rovanpera tem 23 anos, enquanto Ogier fará 40 no próximo dia 17 de de dezembro.

A noticia da temporada parcial do piloto finlandês, agora bicampeão do mundo, já era falada há semanas. As razões eram algumas, desde o cumprimento do serviço militar, que é obrigatório na Finlândia, até uma espécie de “vazio existencial”, cumprido que está o seu objetivo de ser campeão do mundo, eram especulados. E quando Timo Jouki, o seu empresário, ter confirmado que estava a negociar o contrato dele com a Toyota para 2024, os rumores só aumentaram. E um dia depois de ter sido terceiro classificado no Rali do Japão, a prova final de 2023, o anuncio feito pelo filho de Harri Rovanpera só surpreendeu quem estava desatento.

Uns meses antes, soube-se da noticia de que o canadiano Nicholas Latifi, agora com 28 anos e com três anos de Formula 1 nos ombros, como piloto da Williams, decidiu fazer uma pausa na carreira no sentido de prosseguir um MBA, um Masters em Administração no London Business School. Ele fez o anuncio através da sua conta pessoal no Twitter. Pelo menos não foi tão radical quando Jaime Alguersuari, que depois de três temporadas na Formula 1 e ser um dos “originais” na Formula E, em 2014, decidiu cortar com o automobilismo em 2015 para se concentrar na sua carreira como DJ. Só em 2022 decidiu regressar ao karting.

Quem conhece a história de Kalle – aliás, escrevi sobre ele neste site em agosto de 2022, nas vésperas do seu primeiro título mundial – falei que o conhecia desde os seus nove anos quando no frio finlandês, ele correu ao volante de um Toyota Startlet, dando as suas primeiras voltas num lago gelado ao pé da sua casa. Harri colocou o video na Internet, que causou sensação, como seria de esperar. (...)

Cada vez mais, gente entra no automobilismo a idades cada vez mais precoces. Max Verstappen bateu recordes de precocidade em 2015 quando chegou à Formula 1, e as pessoas esquecem que, mesmo com ele a ter 26 anos de idade, já é um veterano com quase uma década de experiencia, e se quiser, poderá ficar na Formula 1 por duas décadas. Pelo menos.

Mas quando sabemos a maneira como á chegou, o enorme grau de exigência que o seu pai, Jos Verstappen, o causou no kart, quase ao nível de "bullying", perguntamos se todos aguentam isto. E pelo que andamos a ver em exemplos recentes... não. Jovens pilotos, especialmente aqueles que não conseguem alcançar os objetivos da Formula 1, chegam a um ponto nas suas vidas onde descobrem que sentem perdidos e mentalmente exaustos. E ao saber que Kalle Rowanpera decidiu abdicar de um título em 2024, com menos de 25 anos, mas a ser competitivo desde a adolescência, questiona sobre a necessidade de se começar numa profissão tão exigente a tão jovem idade. 

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