Piloto veloz dentro da pista, e como pessoa, uma das mais brincalhonas e bem-humoradas do seu tempo, e com um grande coração - casou-se com uma mulher cuja irmã se casou com Jean-Pierre Jabouille, e uma das suas filhas, Margot, se tornou piloto por direito próprio - a longevidade da sua carreira compensa com o facto de ter entrado tarde, com 21 anos, acompanhando o seu amigo... Jabouille às primeiras corridas.
E o mais interessante é que Laffite tinha conseguido um pódio semanas antes, em Detroit, com um segundo lugar. Um pouco como o Fernando Alonso nestes dias, no seu Aston Martin.
A Ligier era a equipa que todos associam a Laffite. Não só era amigo pessoal de Guy Ligier, como correu para eles entre 1976 e 86, excepto 1983 e 84, quando esteve na Williams, ao lado de Keke Rosberg. E é sobre isso que pretendo falar.
A relação de Laffite com Frank Williams era tão forte quanto aquele que tinha com Ligier, porque foi ali que conseguiu a sua primeira chance de chegar à Formula 1, tinha ele 30 anos. Aconteceu em 1974, enquanto corria na Formula 2 pela March, acabado o campeonato na terceira posição. No ano seguinte, pela Martini, teve uma temporada dominante, acabando por ganhar o campeonato com seis vitórias em 14 corridas, obtendo 60 pontos.
Ao mesmo tempo, corria a sua primeira temporada completa na Formula 1, com o FW04, um dos primeiros chassis construídos de forma própria. Nem sempre poderia guiar o carro, porque existiam conflitos de calendário. Um bom exemplo foi ele não estar presente no infame GP de Espanha, em Montjuich, dando o carro a um estreante chamado Tony Brise. Mas na Alemanha, no inferno verde de Nurburgring, ele esteve lá. E escreveu a primeira página brilhante da história da Williams.
Com Niki Lauda a fazer a primeira volta abaixo dos sete minutos na qualificação, Laffite arrancou um 15º posto, 11,4 segundos mais lento que o austríaco. Carlos Reutemann, por exemplo, era décimo, com um tempo 5,4 segundos mais lento e seis segundos mais rápido que o francês.
Na partida, Lauda liderou, mas começou a ser perseguido pelo Tyrrell de Patrick Depailler, enquanto o seu companheiro de equipa, Jody Scheckter, tinha uma má partida e caía para 20º, tentando recuperar. Mas apesar de estar um belo dia de verão, foi uma corrida de atrito. Fittipaldi desistiu na quarta volta, por causa de um furo, Depailler também sofreu um furo e perdeu uma volta, Pace também abandonou, e Scheckter, que tinha chegado aos pontos, na sexta posição, despistou-se na oitava volta e a sua corrida acabou por ali.
Parecia ser mais um passeio para Lauda, especialmente quando Clay Regazzoni ficou com o segundo posto. Mas quando o carro do suíço ficou sem motor, na volta nove, Lauda sofreu um furo e teve de ir às boxes para trocar o pneu. Com isso, Reutemann ficou com a liderança, e atrás dele estava Laffite, no seu Williams. Simplesmente, ambos tinham evitado as armadilhas do Inferno Verde. Lauda saiu das boxes em quinto, determinado a apanhar o máxima que podia nas quatro voltas que faltavam para a bandeira de xadrez. Conseguiu passar o Shadow de Tom Pryce e aproveitou a desistência do Hesketh de James Hunt por causa de um problema numa das rodas, mas não conseguiu mais do que o terceiro lugar. Foram apenas quatro pontos, mas com os problemas da concorrência, até beneficiou na sua luta pelo título mundial.
Se a vitória de Reutemann foi a primeira de um argentino em 18 anos, já Laffite, o seu segundo lugar não só era o seu primeiro pódio da sua carreira, como também igualava o melhor resultado de Williams, com os segundos lugares que Piers Courage conseguiu nas corridas do Mónaco e de Watkins Glen em 1969. Contudo, este era importante porque tinha conseguido com chassis próprio. E pouco depois, Laffite, já campeão da Formula 2, tinha outro amigo a falar consigo, afirmando que tinha outro chassis à sua espera, se conseguisse passar o teste. E como passou, o resto é história.
Joyeux Anniversaire, Jacques!
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