sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

The End: Wilson Fittipaldi (1943-2024)


O brasileiro Wilson Fittipaldi, antigo piloto de Formula 1 e fundador da Copersucar-Fittipaldi, morreu esta sexta-feira aos 80 anos de idade, em São Paulo. Irmão mais velho de Emerson Fittipaldi, era também o pai de Christian Fittipaldi, que correu na Formula 1 entre 1992 e 1994 pela Minardi e Arrows. 

Wilson, o "Tigrão", correu na Brabham por duas temporadas, em 1972 e 73, antes de montar o seu projeto próprio e correr em 10 provas com o seu próprio carro, na temporada de 1975, antes de entregar o seu volante ao seu irmão, em 1976, e dirigir a equipa até ao seu encerramento, em 1982. 

Nascido no dia de Natal de 1943, era o filho mais velho de Wilson Fittipaldi, o "Barão", jornalista e organizador de provas de automobilismo no Brasil, como as Mil Milhas Brasileiras, que aconteceu no circuito de Interlagos. Desde cedo que se interessou fortemente pelo automobilismo, seja por construir carros próprios como o Fitti-Porsche ou o Fusca com motor duplo, a sua carreira no automobilismo, depois de uma tentativa frustrada em 1966, correndo na Formula 3 francesa, foi impulsionada com o sucesso do seu irmão mais novo, Emerson, no Reino Unido, que em ano e meio, passou da Formula Ford para a Formula 1, estreando-se pela Lotus no GP da Grã-Bretanha, em 1970. 


Indo para a Grã-Bretanha, chegou à Formula 1 em 1972, pela Brabham, que tinha sido adquirida por Bernie Ecclestone e teve como companheiros de equipa o britânico Graham Hill e o argentino Carlos Reutemann. Sem pontuar no primeiro, ano, no segundo, continuou na equipa, conseguindo o seu primeiro ponto no GP da Argentina. Com a vitória do seu irmão Emerson na corrida, tornaram-se nos primeiros irmãos a pontuar numa corrida de Formula 1 na história. Alguns meses depois, no GP da Alemanha de 1973, conseguiu um quinto lugar, ficando na frente do seu irmão numa corrida no difícil circuito de Nurburgring Nordschleife.

Contudo, por essa altura, já tinha outros planos: o de montar uma equipa de Formula 1 brasileira. Com Ricardo Divila como projetista, passou o ano de 1974 a construir aquilo que wiria a ser o chassis FD01 (Fittipaldi-Divila), apresentado com pompa e circunstância no Palácio Presidencial de Brasília, em Setembro de 1974, e estreado no GP da Argentina de 1975, com o próprio Wilson ao volante. 

Contudo, a sua primeira corrida foi curta: acabou na volta 13, com um despiste, e com o FD01 a arder. 


Não foi uma temporada fácil: em 14 corridas, Wilson conseguiu apenas entrar em 10, e o seu melhor resultado foi um décimo lugar. Em 1976, pendurou o capacete, com a chegada do seu irmão Emerson, vindo da McLaren.

A sua carreira como construtor foi cheia de altos e baixos. Contudo, o final do contrato da Copersucar, em 1979, e o final do patrocínio da Skol, no final de 1980, e o falhanço de um contrato com a gasolineira alemã Avia, no inicio de 1981, precipitaram o final da equipa, que aconteceu em 1982, com Chico Serra ao volante, e depois de três pódios, 44 pontos e 103 Grandes Prémios, em 120 possíveis.

Após isso, Wilson dedicou-se aos negócios, correndo esporadicamente no Brasil, e nos anos 90, começou a seguir a carreira do seu filho Christian, que correu em três temporadas, primeiro na Minardi, depois na Arrows, antes de seguir para os Estados Unidos, onde foi melhor sucedido na CART. Continuou a correr até à casa dos 60, especialmente na Porsche Cup, ao lado do seu irmão Emerson.


Um modelo para toda uma geração, adoeceu gravemente no dia do seu 80º aniversário, depois de se ter engasgado com o pedaço de comida na garganta. Apesar de uma recuperação inicial, conseguindo sair dos Cuidados Intensivos, o seu estado tinha-se agravado nas últimas semanas, até ao seu desfecho final. Com isto, encerra-se uma vida cheia de feitos que poucos se gabam de ter conseguido. Ars longa, vita brevis, Wilson.     

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