quinta-feira, 20 de março de 2025

The End: Eddie Jordan (1948-2025)


O irlandês Eddie Jordan, fundador e dono da equipa com o mesmo nome, morreu esta quinta-feira aos 76 anos na Cidade do Cabo, na África do Sul. Ele combatia desde há cerca de um ano um cancro na próstata. Para além de ter sido dono de equipa, que deu as primeiras chances a gente como Michael Schumacher, Rubens Barrichello, Eddie Irvine, Ralf Schumacher e Giancarlo Fisichella, entre outros, foi também piloto, correndo até à Formula 2, e por uns tempos, e depois, um dos apresentadores do "Top Gear". 

Nascido em Dublin a 30 de março de 1948, tornou-se contabilista e bancário na adolescência, antes de uma experiência de condução na ilha de Jersey o ter levado para o automobilismo. Campeão irlandês de kart em 1971, três anos depois, passou para a Formula Ford, e em 1976 estava na Formula 3 quando sofreu um acidente sério em Mallory Park, fraturando uma das pernas. Passou para a Formula Atlantic, ganhando o campeonato em 1978, antes de passar para a Formula 3, onde fez companhia a Stefan Johansson. No ano seguinte, correu na Formula 2 e fez alguns testes para a McLaren. Foi por essa altura que fundou a sua equipa, a Eddie Jordan Racing. 

Ficando na Formula 3, acolheu gente como David Leslie, James Weaver, e em 1983, Martin Brundle. Ali, a sua equipa entrou numa competição acirrada com Ayrton Senna, acabando na segunda posição. Em 1987, ganha o campeonato com Johnny Herbert, para no ano seguinte, passar para a Formula 3000, com Herbert e outro irlandês, Martin Donnelly.

Em 1989, contrata o francês Jean Alesi, e com ele, conquista o campeonato. Foi a partir dali que começou a ter ambições para correr na Formula 1. Funda a Jordan Grand Prix, Contrata Gary Anderson, e a partir dali, começam a desenhar o que seria o 191, que se chamava inicialmente de... 911. Com algumas inovações em termos de chassis, mas mantendo a simplicidade - motores Ford HB, por exemplo - depois de ter feito um acordo com a Porsche para mudar a denominação do chassis - e ganhar um 911 de presente! - a Jordan estrou-se na Formula 1 com Andrea De Cesaris e Bertrand Gachot, conseguindo 13 pontos, uma volta mais rápida e o quinto lugar no campeonato de Construtores. 


No GP da Bélgica, um dos seus pilotos, Bertrand Gachot, oi preso por causa de uma agressão a um taxista, usando gás pimenta - o que era proibido no Reino Unido - e para substituto, a Mercedes pegou meio milhão de dólares para meter um dos seus pilotos da Junior Team, Michael Schumacher. Ele impressionou tanto que o queria na equipa até ao final do ano, mas Flávio Briatore o foi buscar para o meter na Benetton. Jordan processou-o, mas conseguiu um acordo fora dos bastidores. 

No ano seguinte, conseguiu um acordo com a Yamaha para ter os seus motores, mas a temporada foi um desastre. Demasiado pesado, conseguiu apenas um ponto com Stefano Modena ao volante. Sofreu ainda mais em 1993, com os motores Hart apesar de ter dado chances a dois pilotos: Rubens Barrichello e Eddie Irvine. Foi com eles que conseguiu três pontos no GP do Japão, os únicos dessa temporada. Manteve a dupla em 1994, conseguindo ali o seu primeiro pódio e a sua primeira pole-position, ambos com Barrichello ao volante.

Mudando para os Peugeot em 1995, conseguiu um pódio duplo no Canadá, com Barrichello e Irvine, antes deste ir para a Ferrari. Para o seu lugar, foi Martin Brundle, mas em 1997 teve uma dupla completamente nova, com o alemão Ralf Schumacher e o italiano Giancarlo Fisichella. Conseguiram 33 pontos, três pódios e uma volta mais rápida, para além do quarto lugar no campeonato de Construtores.


Em 1998, conseguiu um acordo com a Mugen-Honda, e os serviços de Damon Hill, e depois de uma primeira parte catastrófica com o 198 - apenas começaram a pontuar a partir de Silverstone - Gary Anderson foi substituído por Mike Gascoyne e o carro melhorou substancialmente, ao ponto de na Bélgica, ambos os carros terem sobrevivido à carambola da primeira volta para depois acabarem em dobradinha, com Hill na frente de Schumacher. 

Mas o melhor estava para vir. Com o 199, e com Heinz-Harald Frentzen ao volante, no lugar de Ralf Schumacher, conseguiu ganhar duas corridas, uma em Magny-Cours, e a segunda vitória em Monza, onde o colocou perto da liderança do campeonato. Uma pole-position na corrida seguinte, em Nurburgring, parecia o colocar na ponta de lança, mas acabou por desistir. No final, foi terceiro classificado no campeonato, quer de pilotos, quer no de Construtores. 

Depois de três temporadas sem história, no final de 2002, quando tinha Giancarlo Fisichella e Takuma Sato, perde o contrato com a Honda, com a equipa em nítido declínio. Triunfa no GP do Brasil de 2003 (noutra corrida à chuva), depois de uma semana em que julgava que era... segundo classificado! Mas Jordan tinha wisto que as coisas não iriam muito mais longe, e no inicio de 2005, quando já tinha motores Toyota, vende as suas operações a Colin Kolles, antes de se chamar de Midland. Depois de muitas voltas, a equipa é a atual Aston Martin, com sede em Silverstone, e parte delas estão nas instalações que eram da Jordan.


Nessa temporada, a dupla de pilotos era constituída pelo indiano Narain Kartikeyan e pelo português Tiago Monteiro, e foi com ele que conseguiu o seu último pódio, em Indianápolis, em mais uma corrida atribulada. E o último ponto foi com o piloto português, com um oitavo lugar. 

Depois da Jordan, ele se tornou comentador de televisão, quer na BBC, quer na Channel 4, enquanto se trabalhava nas imensas aventuras empresariais, um pouco por todo o mundo, e em 2015, Jordan se tornou num dos apresentadores do Top Gear, embora por pouco tempo. Ultimamente, fazia parte de um consórcio que tinha comprado uma equipa de rugby em Londres, e gravava um podcast com David Coulthard. E no verão passado, ainda se envolveu na transferência de Adrian Newey para a Aston Martin, como empresário. 

Duro como negociador e respeitado pelos seus pares, divertido e extravagante fora deles, todos hoje sentiram a sua falta e estão certamente a recordar alguma estória doida com ele envolvido. Ars longa, vita brevis, Eddie.  

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