sexta-feira, 11 de julho de 2025

A imagem do dia


Esta semana, o grande assunto é Christian Horner. Era inevitável, depois do seu despedimento na terça-feira. Em parte era esperado, apesar do inesperado do anuncio. Estranho? Confuso? Explico a coisa da seguinte forma: desde o escândalo do assédio dele a uma funcionária da equipa, no inicio do ano passado, que o seu destino estava marcado. Quem quer que mandasse na Red Bull esperava pelo momento certo para indicar a porta de saída. E como ele disse que foi avisado de véspera - do género "ontem, às 18:30" - o fato de só ter tido tempo para arrumar o escritório e avisar os trabalhadores demonstra até que ponto isto foi.

O mais interessante foi que ele marcou uma época. Estava no lugar desde 2005, ano em que eles compraram a Jaguar - depois de terem tentado adquirir a Sauber - e entraram na Formula 1. Associou-se com Helmut Marko, e o resto apareceu calmamente para montar o "puzzle" que lhes deu quatro campeonatos, entre 2010 e 2013, nas mão de Sebastian Vettel, e depois, de 2021 a 2024, com Max Verstappen.

Mas como todas as boas histórias, um dia irá acabar. E quando acaba, a decadência torna-se numa inevitabilidade. Não tanto no piloto - Max continua por ali e tem um contrato até 2028 - mas os outros que compuseram o tal "puzzle" de sucesso já foram embora. Primeiro, Adrian Newey, depois Jonathan Wheatley e pelo meio, os funcionários menores ou de segunda linha que ajudaram a erguer a equipa de Milton Keynes ao nível que conhecemos. E com a longa história de Newey na Formula 1 - March, Williams, McLaren - sabia que depois dos sucessos, seria o deserto. E não precisei de ver sair ninguém para saber disso. E agora, quem segura as cordas ali é Max e o seu "one man show". Aliás, a foto escolhida para ilustrar é de 2023, em Singapura, quando estavam a meio de mais uma temporada dominante.

E há ainda outra coisa que não se fala muito: o (muito) discreto Dietrich Mateschitz, a face europeia da "Krateng Daeng", que é como se diz "Touro Vermelho" em tailandês. Mateschitz Sr. morreu em 2022, depois de uma longa batalha contra a doença, e o seu filho é o sucessor na empresa. Ele é mais exuberante que o pai (mas não muito) e se ele gosta de Formula 1, sabe que agora, terá de ter muito tempo e paciência para reconstruir a equipa. 

Porque agora será o tempo da reconstrução. Helmut Marko, por exemplo, tem 82 anos e é o último dos resistentes, e ele já planeia a sua sucessão, com a possibilidade do regresso de Sebastian Vettel no seu lugar. Resta saber se será competente, sem ser rude, como Marko. E nessa reconstrução, também quererão saber se haverá alguma mudança de politica, se manterão ligados aos jovens ou irão buscar gente mais madura, não querendo dar qualquer chance aos que estão a subir pelas competições de formação. 

E o pior disto tudo é que a Red Bull ficou demasiado dependente de Max para os resultados imediatos. Com ele, a equipa faz lembrar a Brabham do inicio dos anos 80 do século XX, um "one man show" guiado por Nelson Piquet, desenhado por Gordon Murray e gerido - em part-time" por Bernie Ecclestone. Se conhecem o final da história, sabem como acabou. No dia em que Max sair dali e rumar para outra equipa, a Red Bull, como conhecemos, deixará de ser uma equipa de primeira linha. 

Mas, se tiverem paciência e tempo, não será problema. Afinal de contas, não é nada que equipas como McLaren, Ferrari e Williams já passaram. E no final, regressaram aos pódios e aos títulos. Se Mateschitz Jr tiver paciência, se encontrar bons talentos, se a operação continuar a ser positiva, creio que encontrarão o próximo Horner, o próximo Newey, o próximo Vettel ou Verstappen. Mas precisarão de contar 20 ou 20 mil, para ultrapassarem os momentos difíceis. 

Agora resta saber onde irá Christian Horner no seu primeiro capitulo depois da Red Bull. Aparentemente, pode existir uma proposta da Cadillac, lá para 2028...

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