segunda-feira, 7 de julho de 2025

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Há 40 anos, debaixo do sol escaldante de julho no sul de França, a Brabham triunfava pela última vez na Formula 1. Nelson Piquet conseguiu levar a melhor sobre Keke Rosberg e Alain Prost, em contraste com Michele Alboreto, cuja corrida acabou na quinta volta, com problemas no Turbo, e Ayrton Senna, que por causa do seu motor Renault, na volta 26, as coisas terminaram prematuramente. 

E nem falo de Nigel Mansell, que sofrera um despiste nos treinos de sábado, bate com a cabeça num dos postes das redes de proteção, e por causa disso, está impedido de correr esse Grande Prémio. 

Mas o que quero falar hoje não é sobre a corrida ou o piloto. É o carro. E como uma escolha de pneus determinou toda uma época. 

Em 1984, havia três marcas: Goodyear, Pirelli e Michelin. A meio do ano, a fabricante francesa decidiu que iria abandonar a competição no final do ano. E eles abasteciam equipas como a McLaren, Ferrari, Brabham, Toleman e outros. Com escolhas para 1985, quase todos decidiram ir para a Goodyear. Com duas excepções: Toleman - que por causa disso, falhou as três primeiras corridas do ano - e a Brabham. A escolha desses pneumáticos não foi boa para o carro que tinha sido construído para essa temporada, o BT54, porque, enquanto as equipas Goodyear se adaptou ao frio, a Brabham decidiu testar apenas em superficies quentes, como por exemplo, Jacarépaguá, no Brasil, e Kyalami, na África do Sul.

Resultado final? O potencial do motor BMW ficou muito aquém porque os pneus os deixavam em baixo. Até ao GP francês, Nelson Piquet só conseguira um ponto, em Detroit, a corrida anterior, que tinha acontecido em tempo quente.

Paul Ricard era também uma pista de alta velocidade. Ajudado com a reta Mistral, com cerca de 1550 metros, quando os carros chegavam à curva Signes, alcançavam médias de 320 km/hora. E nesse fim de semana, estava muito quente, e o asfalto também colaborava. Tudo ótimo para a Brabham, onde a certa altura, o companheiro de equipa de Piquet, o suíço Marc Surer, chegou a um topo de 335 km/hora.

Na qualificação, Piquet conseguiu o quarto melhor tempo, e na corrida, ele largou bem, pulando para terceiro, colado na traseira do Lotus de Senna. E rapidamente passou-o, para chegar na traseira de Rosberg, para chegar ao comando da corrida na décima volta. E o motor, que já o mais potente do pelotão - no ano seguinte, teria cerca de 1500 cavalos em qualificação, contra os 800 em corrida - ajudou Piquet a apanhar rapidamente os carros que tinha na sua frente. Na 10ªa volta, já liderava, e não olhou para trás até à bandeira de xadrez, ganhando o que viria a ser a única vitória da temporada. Até ao final do ano, a Brabham teria mais resultados de relvo, mas apenas nas pistas de alta velocidade, como Silverstone, Osterreichring ou Monza. 

No final, foi simbólico. Não foi só a 35ª a última vitória da Brabham, como também foi a primeira vitória da Pirelli desde 1957. E era a última corrida em Paul Ricard naquele desenho. Alguns meses depois, em maio de 1986, outro piloto Brabham, o italiano Elio de Angelis, sofreu um acidente fatal na curva Verriére, fez com que, até 1990, um outro desenho de Paul Ricard, mais curto, fosse usado no Grande Prémio. Com a ida para Magny Cours, e uma década de ausência no calendário, a partir de 2008, em 2018, a Formula 1 voltou a Le Castelet - outro nome para a pista - mas com a Mistral cortada a meio, com a implementação de uma chicane, porque agora, há limites para a velocidade. Outras prioridades se levantam.

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