São "verstappenistas?" Não necessariamente. Apenas gostam de alguém que não hesita, ataca, sem dó nem piedade. Habituaram-se a Ayrton Senna, Michael Schumacher, Nelson Piquet - e mais alguns outros - que tinham a equipa só para eles, com o segundo piloto apenas a preencher um lugar e pouco mais. Acham que ter dois pilotos iguais é uma fraqueza, e apontam alguns exemplos na história, como 1986, onde Prost derrotou os Williams, quando na verdade, a McLaren foi inteligente na escolha dos pneus, ao trocar cedo, permitiu ser melhor que a escolha da Williams, que não trocou e depois viu o pneu de Nigel Mansell explodir espetacularmente na reta Brabham.
Max Verstappen fez tudo certo neste final de semana, até agora. Conseguiu a pole-position, mas continua a não depender de si para ser campeão. Mesmo que ganhe, basta Lando Norris não ficar no pódio para ser campeão. E vai "pedir aos deuses" para que Zak Brown não decida nada. "Que se matem e eu fico com o título", pensa ele.
Não necessariamente. Ou já se esqueceram como é que Oscar Piastri conseguiu a sua primeira vitória, na Hungria?
Com o aproximar da hora da partida, e com o sol a caminho do horizonte - eram 17 horas em Abu Shabi - boa parte dos pilotos começam com médios, incluindo os três primeiros da grelha. Alguns iriam correr com os moles - Hamilton e Albon, por exemplo - e outros com duros, como Piastri e Tsunoda, por exemplo.
Quando as luzes se apagaram, as posições se mantiveram, mas a meio da volta, Piastri passou Norris e ficou na segunda posição. Atrás, Leclerc era pressionado por Alonso pelo quarto posto, mas aguentou-se. Na segunda volta, Leclerc tentava aproximar-se de Norris, mas não chegava o suficiente. Max começava a fazer voltas mais rápidas umas atrás das outras, tentando distanciar-se dos McLaren. Russell passou Alonso para ser quinto, na volta 4, enquanto Leclerc tentava apanhar Norris para ficar no pódio.
Agora, era tudo à distância. Piastri começou a ver Max a aproximar-se, mas com Norris em terceiro e a afastar-se de Leclerc, tudo indicava que o piloto britânico era o campeão. Na volta 40, Leclerc parou pela segunda vez, com a McLaren a responder, chamando Norris para as boxes, mantendo os duros. Nessa altura, Piastri já tinha Max na sua traseira, e o neerlandês passou na volta 41. Piastri foi às boxes na volta 42, parando por fim, com médios calçados. Piastri regressou em segundo, 4,8 segundos na frente de Norris. Mas as possibilidades continuavam a ser os mesmas: nesta situação, Norris era campeão.
No final, pode-se afirmar imensas coisas sobre esta corrida, mas sei perfeitamente que não haverá unanimidade sobre esta questão. Mas digo isto, vendo as coisas pela temporada: apesar da grande recuperação de Max Verstappen - recuperou de uma desvantagem de 104 pontos para estar perto dos pilotos da McLaren na última corrida do ano - Lando Norris foi o campeão. E mereceu inteiramente por uma simples razão: foi inteligente, e teve uma excelente equipa por trás a ajudá-lo. E eles foram tão bons que ele se deu ao luxo de ficar com a posição ideal: um pódio.
Para rematar, despois dos abraços, dos choros, do foguetório, das comemorações na pista e nas bancadas: acabou esta looonga temporada de 2025. Já não falta muito para que a Formula 1 comece na última semana de janeiro e acabe na segunda semana de dezembro, mas feito o balanço de uma temporada onde mudanças sísmicas aconteceram - especialmente na Red Bull - foi uma temporada interessante. Agora, as despedidas estão a acontecer - adeus Sauber, adeus Renault, adeus, DRS, adeus (será até já?) Tsunoda - e aparecerão novos atores, como Audi e Cadillac, e a Toyota a entrar cada vez mais de mansinho.




Sem comentários:
Enviar um comentário