De vez em quando, faço um desvio dos pilotos de Formula 1 e falo de pilotos de outras categorias. Este piloto nunca pôs os pés num desses carros, é certo. Mas o seu exemplo de coragem e tenacidade, que demonstrou ao longo da sua carreira fez com que se instaurasse um prémio em sua memória, para premiar esses melhores exemplos nas 500 Milhas de Indianápolis.
Scott Brayton nasceu a 20 de Fevereiro de 1957, em Coldwater, no Michigan (teria agora 51 anos). Cresceu no meio automobilístico, já que o seu pai, Lee Brayton, fora ex-piloto nos anos 60 e 70, era o fundador da Brayton Engineering, que preparava motores Buick V6. Brayton tornou-se piloto de testes desse motor e foi por aí que começou a participar nas 500 Milhas de Indianápolis, em 1981. Esse motor era poderoso, mas pouco fiável. Em 1985, causou sensação no meio, ao qualificar-se em segundo lugar nas 500 Milhas desse ano, mas desistiu cedo, devido a problemas... de motor.
Nunca foi um piloto vencedor na CART, mas à falta de talento, compensava a sua tenacidade e agressividade em pista. Em 1989, Brayton teve a sua melhor classificação em 500 Milhas: um sexto lugar. Algo que repetiria mais tarde, em 1993.
No final desse ano, a Buick decidiu retirar-se da competição, e John Menard decidiu continuar com a evolução desse motor, correndo com o seu próprio nome, escolhendo Brayton para ser o seu piloto. Nessa altura, ele já não corria regularmente na CART, logo, esta oferta foi bem-vinda.
Em 1995, Brayton surpreendeu os peritos ao fazer a “pole-position” para as 500 Milhas desse ano, a uma média de 335 km/hora. Seria a última vez que esta corrida seria feita antes da cisão entre a CART e a IRL (criação de Tony George, o proprietário de Indianápolis). Contudo, Brayton desistiu cedo, devido a problemas de motor.
Quando se deu a cisão entre a CART e a IRL, Brayton ficou na recém-formada competição. A sua experiência fazia com fosse um dos favoritos à vitória final na edição de 1996, na Team Menard, em conjunto com o seu companheiro de equipa Tony Stewart (agora piloto da NASCAR). Brayton fez a pole-position, numa tentativa dramática no "Pole Day", pois ele já estava qualificado, mas retirou o carro no sentido de ter uma nova oportunidade. E consegue.
Poucos dias depois, a 17 de Maio de 1996, pegou no carro de Stewart para conseguir melhores "setups" para a corrida, para depois serem usados pelo seu companheiro. Não tinha essa necessidade, mas fê-lo na mesma. Quando chega à entrada da Curva 3, o pneu traseiro direito esvazia-se, causando o despiste do seu carro, e batendo violentamente no muro a mais de 320 km/hora. O impacto foi violento (mais de 100 G's), e teve morte imediata. Tinha 39 anos.
No dia da corrida, o lugar da "pole-position" foi deixado vago, em seu tributo. Foi substituido por um veterano, Danny Ongais, que partido do último posto, terminou a corrida no sétimo lugar. A partir do ano seguinte, os organizadores de Indianápolis decidiram criar um troféu em sua honra, elogiando a combatividade e o espirito competitivo. Entre os que já receberam este prémio, estão pilotos como Eddie Cheever, Kenny Brack e os brasileiros Helio Castroneves e Tony Kanaan.
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1 comentário:
O acidente de Brayton não parece sequer fatal, se comparado ao de Smiley. Claro, pelo menos ele sabia como proceder em um oval em caso de sobresterço...
Mesmo assim, as imagens de Brayton dão a impressão de que é muito fácil morrer em Indianápolis.
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