Os anos sessenta foram muito deprimentes para o automobilismo francês. Não tanto em termos de equipas, pois em 1967, surgiu a Matra, pelo menos na categoria máxima, e existiam nas categorias inferiores preparadores como Gordini. Era em relação a pilotos que se poderia falar em "depressão", pois depois da morte de Jean Behra, em 1959, e da retirada de Maurice Trintignant, em 1964, pouca coisa havia.
Compra um Formula 3 ao americano Harry Schell, e corre nas pistas do seu pais, com alguns bons resultados, mas os acidentes não o largam. Em 1961, tem um acidente grave ao treinar-se para as 24 Horas de Le Mans, e fica fora de combate por alguns tempos. Em 1963, junta-se a um compatriota seu, ex-jogador de rugby e homem de negócios bem sucedido no sector da construção civil e como ele, começou a pilotar tarde em automóveis: Guy Ligier.
Em 1964, recebe um convite para correr nos Estados Unidos, em algo que se viria a chamar mais tarde de... NASCAR. Os resultados foram algo modestos, e no final do ano, regressou à Europa. No ano seguinte, foi correr de Formula 2, com alguns bons resultados, e alguns acidentes. Mas com quase 40 anos, não desistia do sonho de ser piloto de Formula 1. Em 1966, aproveitando o facto dos pilotos de Formula 2 poderem participar no GP da Alemanha ao mesmo tempo que os da Formula 1, estreou-se com um Matra, termonando na décima posição. No ano seguinte foi a mesma coisa, mas nessa ocasião não terminou a corrida.
Em 1968, Schlesser iria fazer 40 anos, mas era popular, e não tinha desistido de correr na categoria máxima, a tempo inteiro. Quando a Honda lhe convidou para estrear o RA302 em Rouen, num golpe publicitário para impulsionar as vendas da marca (o próprio Sochiro Honda estaria lá para assistir à corrida), ele aceitou sem hesitar.
Mas o convite era um presente envenenado. A Honda tinha dificuldades em desenvolver esta versão, muito pesada, muito lenta e muito instável. Para mais, o magnésio, além de ser leve, era inflamável. Em suma, era uma bomba com rodas e um volante... Nos treinos, Schlesser sofre com o carro, e consegue um tempo sete segundos mais lento que o de Jacky Ickx, o "poleman". Mas o francês estava confiante, pois conhecia bem a pista.
Na corrida, Schlesser parte bem, conseguindo ganhar uma posição, mas foi sol de pouca dura. No inicio da terceira volta, quando o carro chega à zona de Six Fréres, perde o controlo e embate no barranco, causando imediatamente um incêndio. Quando os bombeiros conseguem apagar o fogo, vinte minutos depois, Jo Schlesser, de 40 anos, estava carbonizado, sem vida.
Foi um acidente que chocou muitos. Em França, a sua morte foi sentida, por ser um piloto popular. A Honda, que tinha apostado nele para andar com o seu novo carro, decidiu retirar-se das pistas, como equipa, no final da temporada, voltando apenas 15 anos depois, mas somente como fornecedora de motores. E quando o seu melhor amigo, Guy Ligier, viu o que se passara com Schlesser, a cinco dias do seu 38º aniversário, decidiu que era altura de abandonar a competição e passar para o lado do construtor. Em sua memória, todos os Ligier que construiu até aos nossos dias são baptizados de JS, as iniciais de Jo Schlesser.
2 comentários:
Mais um grande héroi, que se submeteu a dirigir um carro péssimo, mesmo após o outro piloto que num me recordo o nome falar que o chassis era indirigivel, só podia acabar em tragédia mesmo.
Triste fim de um piloto que se esforçou num equipamentos tão instável, dois anos depois outro piloto morreria em um equipamento feito de magnésio, o Piers Courage
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