segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Bolides Memoráveis - McLaren M2B (1966)

O carro do qual falo hoje tem a ver com o primeiro de uma longa linha de modelos que fizeram a história da McLaren, a segunda mais antiga escuderia de Formula 1 no activo, depois da Ferrari. O seu fundador, Bruce McLaren, originário da Nova Zelândia, tinha-se afastado progressivamente da Cooper, pois este já não lhe dava um carro vencedor. Sendo assim, fundara em 1963 a Bruce McLaren Motor Company, e até 1965, guiava usando chassis Cooper.


Em 1966, aproveitando o facto de a Formula 1 estrear uma nova regulamentação, usando motores de 3 Litros, decide construir o seu próprio chassis: o McLaren M2B. Para isso, contratou Robin Herd, que tinha estado na industria aeroespacial (colaborara no projecto do Concorde) que desenhou um chassis monocoque aparentemente simples por fora, mas inovador por dentro, pois tinha Mallite, um compósito que combinava madeira de balsa, que era comprimido entre duas folhas de aluminio, que o fazia leve, mas muito resistente, quinze anos antes das fibras de carbono, usadas pela primeira vez em 1981... num McLaren.

Contudo, a ideia era boa no papel, mas quando se passou para a prática, revelaram-se muitas dificulades em termos estruturais, pois inicialmente, era para ser colocado em todo o carro, mas no final ficou-se pela camada exterior do chassis. Mesmo assim, tornou-se num dos chassis mais rígidos de sempre, com uma resistência torsional de 10.000 libras por polegada.

Outro problema foi o motor. Os Cosworth DFV estavam ainda a serem projectados, logo, McLaren teve que usar inicialmente motores Ford V8 baseafos na unidade de 4,2 litros usada nas competições nos Estados Unidos, e que ocasionalmente usava na Can-Am, competição na qual também participava, e com muito maior sucesso. Só que era muito pesado, e pouco fiável, e após a sua estreia, no Mónaco, onde McLaren não chegou ao fim, virou-se para um motor de 3 Litros Serenissima (do Conde Volpi), julgando ele que poderiam ser melhores. Não só não eram pouco fiáveis, como tinham menos potência. McLaren não partiu em Spa-Francochamps e em Zandvoort devido a problemas de motor nos treinos. Na terceira corrida em que usou esse motor, em Brands Hatch, terminou em sexto, a primeira vez que a McLaren conseguiu pontos.

McLaren voltou ao Ford V8 em Watkins Glen, palco do GP americano, para levar o carro ao quinto lugar da corrida, conseguindo assim mais dois pontos, e terminando o ano na 16ª posição do campeonato, com três pontos. No ano seguinte, substituiu o M2B pelo M4A, e arranjou motores BRM V8, sem melhorar muito os resultados...

Mas nesse mesmo ano de 1966, esse primeiro chassis tornou-se estrela de cinema. Como assim? Torando-se no Yomura que levou Pete Aaron (James Garner) ao campeonato mundial de 1966 no filme "Grand Prix", considerado por muitos como o melhor filme de corridas de sempre, devido ao seu uso de cameras a bordo dos carros, filmando sequências inovadoras no seu tempo. Em troca do chassis, o estudio de Hollywood pagou-lhe pelo uso dos chassis, algo que McLaren bem precisava, pois na altura a equipa era somente constituida por ele próprio e mais quatro mecânicos... mas o caminho para o sucesso estava traçado.



Chassis: McLaren M2B
Projectista: Robin Herd
Motor: Ford 406 V8, de 2996 cc /Serenissima M166 de 2996 cc
Pilotos: Bruce McLaren
Corridas: 6
Vitórias: 0
Pole-Positions: 0
Voltas Mais Rápidas: 0
Pontos: 3 (McLaren 3)

Fontes:

1 comentário:

Paulo Gouvêa Jr. disse...

ótima resenha! Sensacional, deu até vontade de rever o Grand Prix!