Hoje em dia, damos como adquirida a ideia de que os pilotos, quando sobem ao pódio para receber os prémios, borrifam-se com uma garrafa de champanhe de tamanho gigante a todos os que estão à frente. Na realidade, apesar do champanhe estar associado à Formula 1, desde os seus primórdios, o banho é uma coisa muito mais recente. Quem conta isso é o Gustavo Coelho, do Blog F1 Grand Prix.
Tudo começa em 1950, ano inaugural da Formula 1. Quando o pelotão vai correr em Reims o GP de França, Paul-Chandon Moët e Fréderic Chandon de Briailles, os herdeiros da marca Möet et Chandon, oferecem ao vencedor do Grande Prémio uma enorme garrafa de champanhe, pois o circuito ficava situado na provincia que lhe deu o nome. O vencedor dessa corrida, o argentino Juan Manuel Fangio, aceitou sem hesitar. Desde essa altura que, sempre que a Formula 1 ia a França, independentemente do circuito, oferecia-se ao vencedor uma garrafa de champanhe da mesma marca.
Mas o banho começa 16 anos mais tarde, também em França, mas não foi numa prova de Formula 1: foram nas famosas 24 Horas de Le Mans, e não foi com um dos três primeiros. Foi com o... quarto classificado. O suiço Jo Siffert (1936-71), que fazia dupla com o inglês Colin Davies, tinha ganho a categoria de 2 litros, com o Porsche. Eufórico com o triunfo, e num dia de calor sufocante, abraçou a garrafa de champanhe que, com a agitação, fez saltar a rolha e jorrou o precioso liquido. Os restantes pilotos que tinham ido ao pódio, incluindo os vencedores, os neozelandeses Bruce McLaren e Chris Amon, aproveitaram a deixa e jorraram o champanhe para a multidão.
Desde então a tradição do champagne no pódio só foi quebrada algumas vezes, nos anos 70 e 80. E tudo por causa de um patrocinador... árabe. Entre 1979 e 1984 cada vez que Clay Regazzoni, Alan Jones, Carlos Reutemann ou Keke Rosberg conquistavam vitórias para a equipa Williams, comemoravam a vitória... com uma garrafa de água. O motivo era simples: a equipa inglesa era patrocinada pela Saudia Airlines, que, pelas leis islâmicas, não permitia que seus patrocinados bebessem álcool. E isso incluia cerimónias de champanhe!
Mais de vinte anos depois, quando a Formula 1 chegou a um pais árabe, o Bahrein, solução semelhante teve de ser necessária. Resolveu-se que os pilotos iriam estoirar uma tradicional bebida bahrenita, que, consta-se, não ganhou a admiração de muita gente...
1 comentário:
Haha, essa bebida barenita, se não me falhe a memória, era suco de amora gaseificado! Claro, com os requintes árabes, que não devem ser lá muito saborosos.
História muito legal essa, eu realmente não fazia ideia de quando havia começado essa tradição. Muito bacana.
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