Durante muitos anos, as pessoas me admiravam o facto de gostar dos New Order e não ser fã dos Joy Division. A razão que dava, e continua a ser válido hoje em dia, é que não gostava do tipo de musica, demasiado deprimente para mim. Hoje em dia, as coisas estão um bocado mas esbatidas, pois fico espantado como uma pessoa como Ian Curtis ter precisado apenas de 23 anos para que hoje em dia, exactamente trinta anos após o seu desaparecimento, todos os amantes de musica recordem este dia e reconheçam o seu impacto na musica e nas suas vidas.
Vi o "24 Hour Party People", do Michael Winterbotton, com o Steve Coogan a fazer o papel de Tony Wilson, e no inicio do filme, vi as epilepsias de Curtis em pleno palco, para logo após essa cena, passar para aquela em que vai para a cozinha da sua casa e pendurar-se numa corda. Achei uma ideia demasiado simplista de alguém que lia William S. Burroughs e Franz Kafka e ouvia Jim Morrison, Iggy Pop e David Bowie. O filme "Control", de Anton Corbjin, que seguiu Curtis durante um tempo, colocou as coisas de forma mais justa, e deu uma imagem melhor do que tinha dele.
Mais do que um sujeito deprimido, fiquei com a ideia de ele ser alguém em busca de algo mais. Tinha casado demasiado cedo, tinha uma filha de meses e uma relação extra-conjugal com Annik Honoré, uma jornalista belga. Tudo isto em conjunto com uma epilepsia que tinha sido detectada há algum tempo e que tinha levado à deterioração do seu estado de saúde. Com tudo isso a contecer, era preciso uma mentalidade de titânio para aguentar todas estas pressões.
Mas desconhecia-se que depois de morto tinha deixado um impacto sobre toda uma geração, especialmente quando nessa altura não havia ainda a MTV e foram raros os seus concertos. Aliás, quando morreu, tinha somente actuado na Grã-Bretanha e pouco mais. Estava prevista uma digressão nos Estados Unidos na altura da sua morte, arranjada por Wilson e a sua Factory. Depois de morrer, os outros membros da banda, Stephen Morris, Peter Hook e Bernard Sumner decidiram formar os New Order, com uma carreira autónoma de sucesso nos vinte e cinco anos seguintes.
Quase à mesma hora, numa outra ponta do nosso planeta Terra, um geografo da Sociedade Nacional de Geografia Americano, de seu nome David Alexander Johnston, espera no seu posto por aquilo que poderia ser o seu maior momento da sua carreira. Havia semanas que observava o vulcão St. Helens, um pico de Quando este explodiu, teve tempo de enviar uma mensagem: "Vancouver, Vancouver. É agora!". Seria a última vez que os seus colegas o ouviam.
O monte de Sta. Helena explodiu lateralmente às 8:32 minutos desse dia 18, após um terramoto de 5.1 graus de magnitude localizado no vulcão. As nove horas de diferença horária entre o Pacifico e a Europa, poderemos dizer que o vulcão esperou para que a corrida acabasse para fazer-se explodir, numa erupção de grau 5, largando cinzas a 24 mil metros de altura, depositando cinzas em onze estados. Isto colocaria as cinzas do actual Eyjafjallajokull num canto... O vulcão perdeu 400 metros de altura (de 2.950 metros a 2.550 metros) e a devastação atingiu uma área de 16 quilómetros quadrados. A paisagem, que antes da erupção era o de um verde luxuriante, com um lago pelo meio, virou uma paisagem lunar.
Quanto a David, seu corpo nunca foi encontrado, eventualmente devastado pela torrente de lama e cinzas do "lahar" subsequente. Daniel Johnson foi uma das 57 pessoas mortas na explosão do vulcão, um dos mais poderosos da segunda metade do século XX. E poderiam ser muito mais, caso as autoridades não tivessem evacuado boa parte da zona semanas antes. Apesar de tudo, os prejuizos ascenderam na altura a mil milhões de dólares, resultado da destruição imediata de 200 casas, 27 pontes, mais de 30 quilómetros de estradas e vias férreas, entre outros.
Hoje em dia, o Monte de Sta. Helena e a paisagem à volta é um Parque Nacional, e o posto de observação foi batizado com o nome de David Johnson, honrando a sua memória.
E tudo isto acontecia enquanto boa parte do mundo via o Grande Prémio do Mónaco. Quando Derek Daly voava sobre os seus colegas, Ian Curtis estava pendurado na cozinha de sua casa e o vulcão St. Helens estava prestes a explodir. Engraçado como este dia em especial ficou marcado nas mentes das pessoas um pouco por todo mundo. Por mais do que um motivo.
Vi o "24 Hour Party People", do Michael Winterbotton, com o Steve Coogan a fazer o papel de Tony Wilson, e no inicio do filme, vi as epilepsias de Curtis em pleno palco, para logo após essa cena, passar para aquela em que vai para a cozinha da sua casa e pendurar-se numa corda. Achei uma ideia demasiado simplista de alguém que lia William S. Burroughs e Franz Kafka e ouvia Jim Morrison, Iggy Pop e David Bowie. O filme "Control", de Anton Corbjin, que seguiu Curtis durante um tempo, colocou as coisas de forma mais justa, e deu uma imagem melhor do que tinha dele.
Mais do que um sujeito deprimido, fiquei com a ideia de ele ser alguém em busca de algo mais. Tinha casado demasiado cedo, tinha uma filha de meses e uma relação extra-conjugal com Annik Honoré, uma jornalista belga. Tudo isto em conjunto com uma epilepsia que tinha sido detectada há algum tempo e que tinha levado à deterioração do seu estado de saúde. Com tudo isso a contecer, era preciso uma mentalidade de titânio para aguentar todas estas pressões.
Mas desconhecia-se que depois de morto tinha deixado um impacto sobre toda uma geração, especialmente quando nessa altura não havia ainda a MTV e foram raros os seus concertos. Aliás, quando morreu, tinha somente actuado na Grã-Bretanha e pouco mais. Estava prevista uma digressão nos Estados Unidos na altura da sua morte, arranjada por Wilson e a sua Factory. Depois de morrer, os outros membros da banda, Stephen Morris, Peter Hook e Bernard Sumner decidiram formar os New Order, com uma carreira autónoma de sucesso nos vinte e cinco anos seguintes.
Quase à mesma hora, numa outra ponta do nosso planeta Terra, um geografo da Sociedade Nacional de Geografia Americano, de seu nome David Alexander Johnston, espera no seu posto por aquilo que poderia ser o seu maior momento da sua carreira. Havia semanas que observava o vulcão St. Helens, um pico de Quando este explodiu, teve tempo de enviar uma mensagem: "Vancouver, Vancouver. É agora!". Seria a última vez que os seus colegas o ouviam.
O monte de Sta. Helena explodiu lateralmente às 8:32 minutos desse dia 18, após um terramoto de 5.1 graus de magnitude localizado no vulcão. As nove horas de diferença horária entre o Pacifico e a Europa, poderemos dizer que o vulcão esperou para que a corrida acabasse para fazer-se explodir, numa erupção de grau 5, largando cinzas a 24 mil metros de altura, depositando cinzas em onze estados. Isto colocaria as cinzas do actual Eyjafjallajokull num canto... O vulcão perdeu 400 metros de altura (de 2.950 metros a 2.550 metros) e a devastação atingiu uma área de 16 quilómetros quadrados. A paisagem, que antes da erupção era o de um verde luxuriante, com um lago pelo meio, virou uma paisagem lunar.
Quanto a David, seu corpo nunca foi encontrado, eventualmente devastado pela torrente de lama e cinzas do "lahar" subsequente. Daniel Johnson foi uma das 57 pessoas mortas na explosão do vulcão, um dos mais poderosos da segunda metade do século XX. E poderiam ser muito mais, caso as autoridades não tivessem evacuado boa parte da zona semanas antes. Apesar de tudo, os prejuizos ascenderam na altura a mil milhões de dólares, resultado da destruição imediata de 200 casas, 27 pontes, mais de 30 quilómetros de estradas e vias férreas, entre outros.
Hoje em dia, o Monte de Sta. Helena e a paisagem à volta é um Parque Nacional, e o posto de observação foi batizado com o nome de David Johnson, honrando a sua memória.
E tudo isto acontecia enquanto boa parte do mundo via o Grande Prémio do Mónaco. Quando Derek Daly voava sobre os seus colegas, Ian Curtis estava pendurado na cozinha de sua casa e o vulcão St. Helens estava prestes a explodir. Engraçado como este dia em especial ficou marcado nas mentes das pessoas um pouco por todo mundo. Por mais do que um motivo.
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