(continuação do episódio anterior)
Quando Pete Aaron chega à Curva Dunlop, já os da frente aceleravam a mais de 350 km/hora na recta das Hunaudriéres, alguns deles sem colocar os seus cintos de segurança ou com as portas mal fechadas. Um desses casos era o de Peter Holmgren, que naqueles dias estava a fazer a sua primeira corrida a sério naquele modelo 917 de cauda longa. Apesar de ser um "gentleman-driver", Holmgren não era totalmente amador, pois corria frequentemente na Endurance e dava um salto ocasional à Can-Am, correndo num McLaren privado, o carro da moda naqueles lados.
Em plena aceleração, Holmgren lutava pelos lugares da frente, tentando apanhar o modelo oficial conduzido por Hans Muller, que tinha perdido o comando a favor do Ferrari de outro alemão, Peter Reinhardt, que claro, largara melhor. Atrás dele estava outro Ferrari, guiado por Teddy Solana e o Porsche de Pierre Charles de Beaufort. Guiando no limite, Holmgren começava agora a ligar ao incómodo causado pela porta mal fechadado seu carro. Pressionou a porta com a sua mão direita, no sentido de a fechar, algo que foi conseguido. Mas quando os carros viravam em Mulsanne, o incómodo voltou a perturbar Holmgren, que tentava apanhar o Porsche que estava à sua frente. O sueco pensou em fazer a mesma manobra, mas primeiro tinha de encontrar uma recta para o fazer, pois o carro fugia de traseira à saída das curvas.
Tentou de novo à saída do Arnage, uma cortada a 90 graus, mas de novo se revelou inutil. Decidiu colocar o seu cinto enquanto abordava as Curvas Porsche, deixando de carregar muito no acelerador para fazer tal operação. Contudo, ao fazer isso, não reparou que atrás de si, o outro Porsche de Beaufort estava mesmo colado. E a partir daqui, os acontecimentos percipitaram-se.
No momento em que Holmgren coloca o cinto, a sua porta abre-se, e esse movimento brusco o faz institivamente carregar no pedal de travão, para poder tratar do assunto. Quase em cima dele, Beaufort toca em Holmgren, e este entra em despiste a mais de 250 km/hora. Quando este vira para a esquerda, tenta contra-balançá-lo, mas o seu desconhecimento em relação ao tratamento a fazer com um carro de motor traseiro, faz com que se vire violentamente, sem poder controlá-lo. Vira violentamente à direita e bate forte no banco de terra existente. O impacto foi tal que o fez atravessar de novo a pista e bater no outro lado, partindo-se em dois e com o depósito a explodir em chamas. Parte do carro ficara em pista, demasiado tarde para que Teddy Solana poder manobrar, atingindo em cheio. Envolvido em chamas, mas ainda com o controlo da situação, Teddy consegue encostar o seu carro à berma e tentou fugir dali antes que este se "derretesse". Os bombeiros vieram logo e conseguiram apagar rapidamente as chamas do seu Ferrari. Felizmente, o mexicano estava inteiro e sem grandes queimaduras.
Os carros conseguiam passar no meio da pista, pois os destroços ficaram cada um no seu lado. A coluna de chamas era vista das bancadas e das boxes, pois o local de impacto era em Maison Blanche, não muito longe dali. As pessoas viam o acidente à distância, mas não sabiam quem era, pois nada se tinha ouvido dos altifalantes.
A ansiedade era muita para saber quem era nas boxes da Porsche, Ferrari e outros. Alguns momentos depois, ouviu-se as sirenes dos bombeiros e o anuncio do "speaker":
"Atenção, atenção. Houve um acidente envolvendo o carro numero 10, o Porsche 917 de Peter Holmgren e o Ferrari 330P com o numero 7, conduzido por Teodoro Solana. Não se conhece o estado dos dois pilotos."
Ainda não se sabia, mas os mais de 200 mil pessoas que viam aquela coluna de fumo estavam a assistir à pira funerária de Peter Anders Holmgren, nascido a 9 de Janeiro de 1938 em Estocolmo, e cuja vida aventureria terminava a 15 de Junho de 1969 na localidade francesa de Le Mans. E ao contrário do que acontecera quando nesceu, hoje tinha 200 mil pessoas a assistir ao vivo aos seus últimos momentos de vida. E provavelmente mais alguns milhões através da televisão.
À porta da ambulância, Teddy assistia ao espectáculo. A sua passagem pela corrida francesa tinha terminado cedo demais, e tinha-se safado de boa de consequências mais terriveis. Com os minutos a passar, e ninguém tinha dito nada sobre o estado do outro piloto, começou a temer o pior. Não tinnha visto, do outro lado da pista os bombeiros a tentarem apagar as chamas do outro carro, feito de fibra de vidro e que com o fogo se tinha reduzido a uma amalgama de roll-bars de metal. Quando o conseguiram extinguir o fogo, conseguiram retirar de lá os seus restos carbonizados, cujas altas temperaturas o tornaram irreconhecível. Ao contrario do lema, não ficou com um cadáver bonito.
Nas boxes, depois de passar os primeiros carros, entre os pequenos Alpines, Porsches 911, Corvettes e outros modelos, o carro de Pete Aaron passava, incólume, com o piloto apenas concentrado em recuperar o tempo derdido para poder entregar dali a duas horas ao seu companheiro John O'Hara. Vendo-o a passar, Mike Weir, o patrão da equipa, demonstra um sentimento de alívio e diz, quase impreceptivelmente:
- Quem diria, Pete. Tu hoje provaste que tinhas razão. Agora que o leves inteiro até ao fim.
(continua)
Quando Pete Aaron chega à Curva Dunlop, já os da frente aceleravam a mais de 350 km/hora na recta das Hunaudriéres, alguns deles sem colocar os seus cintos de segurança ou com as portas mal fechadas. Um desses casos era o de Peter Holmgren, que naqueles dias estava a fazer a sua primeira corrida a sério naquele modelo 917 de cauda longa. Apesar de ser um "gentleman-driver", Holmgren não era totalmente amador, pois corria frequentemente na Endurance e dava um salto ocasional à Can-Am, correndo num McLaren privado, o carro da moda naqueles lados.
Em plena aceleração, Holmgren lutava pelos lugares da frente, tentando apanhar o modelo oficial conduzido por Hans Muller, que tinha perdido o comando a favor do Ferrari de outro alemão, Peter Reinhardt, que claro, largara melhor. Atrás dele estava outro Ferrari, guiado por Teddy Solana e o Porsche de Pierre Charles de Beaufort. Guiando no limite, Holmgren começava agora a ligar ao incómodo causado pela porta mal fechadado seu carro. Pressionou a porta com a sua mão direita, no sentido de a fechar, algo que foi conseguido. Mas quando os carros viravam em Mulsanne, o incómodo voltou a perturbar Holmgren, que tentava apanhar o Porsche que estava à sua frente. O sueco pensou em fazer a mesma manobra, mas primeiro tinha de encontrar uma recta para o fazer, pois o carro fugia de traseira à saída das curvas.
Tentou de novo à saída do Arnage, uma cortada a 90 graus, mas de novo se revelou inutil. Decidiu colocar o seu cinto enquanto abordava as Curvas Porsche, deixando de carregar muito no acelerador para fazer tal operação. Contudo, ao fazer isso, não reparou que atrás de si, o outro Porsche de Beaufort estava mesmo colado. E a partir daqui, os acontecimentos percipitaram-se.
No momento em que Holmgren coloca o cinto, a sua porta abre-se, e esse movimento brusco o faz institivamente carregar no pedal de travão, para poder tratar do assunto. Quase em cima dele, Beaufort toca em Holmgren, e este entra em despiste a mais de 250 km/hora. Quando este vira para a esquerda, tenta contra-balançá-lo, mas o seu desconhecimento em relação ao tratamento a fazer com um carro de motor traseiro, faz com que se vire violentamente, sem poder controlá-lo. Vira violentamente à direita e bate forte no banco de terra existente. O impacto foi tal que o fez atravessar de novo a pista e bater no outro lado, partindo-se em dois e com o depósito a explodir em chamas. Parte do carro ficara em pista, demasiado tarde para que Teddy Solana poder manobrar, atingindo em cheio. Envolvido em chamas, mas ainda com o controlo da situação, Teddy consegue encostar o seu carro à berma e tentou fugir dali antes que este se "derretesse". Os bombeiros vieram logo e conseguiram apagar rapidamente as chamas do seu Ferrari. Felizmente, o mexicano estava inteiro e sem grandes queimaduras.
Os carros conseguiam passar no meio da pista, pois os destroços ficaram cada um no seu lado. A coluna de chamas era vista das bancadas e das boxes, pois o local de impacto era em Maison Blanche, não muito longe dali. As pessoas viam o acidente à distância, mas não sabiam quem era, pois nada se tinha ouvido dos altifalantes.
A ansiedade era muita para saber quem era nas boxes da Porsche, Ferrari e outros. Alguns momentos depois, ouviu-se as sirenes dos bombeiros e o anuncio do "speaker":
"Atenção, atenção. Houve um acidente envolvendo o carro numero 10, o Porsche 917 de Peter Holmgren e o Ferrari 330P com o numero 7, conduzido por Teodoro Solana. Não se conhece o estado dos dois pilotos."
Ainda não se sabia, mas os mais de 200 mil pessoas que viam aquela coluna de fumo estavam a assistir à pira funerária de Peter Anders Holmgren, nascido a 9 de Janeiro de 1938 em Estocolmo, e cuja vida aventureria terminava a 15 de Junho de 1969 na localidade francesa de Le Mans. E ao contrário do que acontecera quando nesceu, hoje tinha 200 mil pessoas a assistir ao vivo aos seus últimos momentos de vida. E provavelmente mais alguns milhões através da televisão.
À porta da ambulância, Teddy assistia ao espectáculo. A sua passagem pela corrida francesa tinha terminado cedo demais, e tinha-se safado de boa de consequências mais terriveis. Com os minutos a passar, e ninguém tinha dito nada sobre o estado do outro piloto, começou a temer o pior. Não tinnha visto, do outro lado da pista os bombeiros a tentarem apagar as chamas do outro carro, feito de fibra de vidro e que com o fogo se tinha reduzido a uma amalgama de roll-bars de metal. Quando o conseguiram extinguir o fogo, conseguiram retirar de lá os seus restos carbonizados, cujas altas temperaturas o tornaram irreconhecível. Ao contrario do lema, não ficou com um cadáver bonito.
Nas boxes, depois de passar os primeiros carros, entre os pequenos Alpines, Porsches 911, Corvettes e outros modelos, o carro de Pete Aaron passava, incólume, com o piloto apenas concentrado em recuperar o tempo derdido para poder entregar dali a duas horas ao seu companheiro John O'Hara. Vendo-o a passar, Mike Weir, o patrão da equipa, demonstra um sentimento de alívio e diz, quase impreceptivelmente:
- Quem diria, Pete. Tu hoje provaste que tinhas razão. Agora que o leves inteiro até ao fim.
(continua)
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