Já falta pouco menos de 24 horas. O primeiro Mundial em solo africano vai dar o seu pontapé de saída em paragens sul-africanas, como uma espécie de "completar o círculo", pois depois disto, só fica a faltar a Oceania para receber um campeonato do Mundo.
Cada Mundial deixa algo que não nos sairá da cabeça enquanto vivermos. E neste, os sul-africanos encontraram um que certamente será inesquecível: as vuvuzelas. Essas "cornetas do Diabo", como chamo, são excelentes instrumentos para confundir os adversários, pela enorme barulheira que fazem. Uma coisa inventada nesse país há cerca de vinte anos, e que, claro, são uma moda bem aceite. Mas o resto do mundo já percebeu que aquilo causa mais mal do que bem. Os jogadores queixam-se, os adeptos queixam-se, muitos juram entre si que preferem derreter as cornetas do que tocá-las.
Aqui em Portugal, essas cornetas são distribuídas por uma gasolineira, que claro, as pinta de laranja, a cor da marca. A popularidade dessa coisa foi tal que em muitos postos de abastecimento já estão esgotados, e antes da equipa nacional partir rumo a paragens sul-africanas, tiveram de fazer uma "paragem para publicidade", numa estação de serviço, para que eles pudessem assinar algumas das cornetas laranja. Credo... seria melhor se pegassem nas cornetas e fossem para a sede da gasolineira e soprar para o ouvido do seu presidente, cada vez que ele aumentasse os preços da gasolina.
Pessoalmente? Já toparam: detesto o barulho das vuvuzelas. Para dizer tal coisa, deve ser sinal de que estou a ficar velho. Ouvi a coisa na terça-feira, quando via na TV o Portugal-Moçambique, onde ganhamos 3-0. Os jornalistas presentes no local disseram que o ambiente era irritante, com todos eles a tocaram as cornetas. E estavam 30 mil naquele estádio de criquete, cuja relva fora pintada de verde, para parecer mais saudáviel na TV...
Com esta coisa toda, recuei mais de quinze anos na minha memória, mais concretamente ao Japão. Quando em 1993 o campeonato local, a J-League, começou, nos estádios era frequente ouvir-se uma espécie de apitos nos estádios, que faziam um ruído ensurdecedor, no qual ninguém se entendia. Pouco depois, essas cornetas foram proíbidas.
Provavelmente isso irá acontecer por aqui na Europa. Mais do que o barulho ensurdecedor, o facto de serem um objecto de arremesso, como o telemóvel, por exemplo, seria impeditivo de ser levado para os relvados ingleses, italianos, espanhois ou franceses. E num "derby" qualquer, ter 40, 50, 60 ou 70 mil adversários a assoprar na corneta durante os 90 minutos de jogo, só para lixar os ouvidos dos adversários, também é um factor importante.
Em suma, neste Mundial conheceremos o poder das vuvuzelas. E vai ser a unica vez os iremos ouvir, pois logo a seguir, depois de sentirmos o seu impacto, os iremos banir nos estádios do resto do Mundo. Querem apostar? Por mim, até seria bom. Já ando cansado de ouvir aquelas "cornetas do Diabo"... e o Mundial ainda não começou!
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