Agora que o azar aconteceu a Robert Kubica, temos de pensar obviamente em quem o chefe da Renault, Eric Boullier, irá escolher para o lugar do desafortunado piloto polaco. Ao longo do dia, li na blogosfera e discuti no Twitter todo o tipo de hipóteses, umas mais viáveis e outras mais disparatadas, claro.
A minha visão das coisas sobre isto tudo é a seguinte: tudo que esteja fora daquele enxame de pilotos não pode ser considerado na equação. Por vários fatores ao qual irei tentar explicar nas linhas seguintes.
O primeiro fator é dinheiro. Pilotos como Nico Hulkenberg, por exemplo, estão agarrados a um contrato com outra equipa como a Force India. Pedir a libertação do contrato a ele significaria que Vijay Mallya iria pedir muito dinheiro em troca dessa libertação. Como está um pouco apertado de dinheiro - pois acaba de correr com Vitantonio Liuzzi da equipa - um extra nos seus cofres para deixar sair o seu valioso terceiro piloto não deve estar no alcance de uma equipa com problemas de dinheiro como a Renault-Genii-Lotus Cars-Proton.
O segundo fator é a motivação. Ontem houve muita gente que pediu e desejou o regresso de Kimi Raikonnen à Formula 1. Os que pedem isso perderam, na minha otica, toda a noção da realidade. Kimi Raikonnen saiu da Formula 1 em 2009 sem olhar sequer alguma vez para trás. Está de pedra e cal nos ralis, e estableceu a sua própria equipa, a ICE 1 Team, que vai correr com um Citroen DS3 WRC. Gastou alguns milhões de dólares para comprar um carro, contratar engenheiros e mecânicos e estableceu um programa que vai durar uma temporada inteira. Certamente só com essa brincadeira irá gastar à volta de quatro milhões de dólares, mas como a Ferrari lhe pagou 17 milhões em 2010 para não correr na Formula 1, tem dinheiro garantido para uma segfunda vida no Mundial de Ralis.
E ainda há mais uma razão: segundo o jornalista finlandês Heikki Kulta, um dos melhores do assunto, o nome de Kimi foi veiculado pela Renault como "joguete" por parte de Gerard Lopez para forçar Vitaly Petrov para procurar mais patrocinadores russos. Nunca perceberam a reacção zangada de Kimi quando soube da hipótese de um regresso à Formula 1? Se não perceberam, então ficam a saber.
A terceira razão é velocidade. Há pilotos muito experientes no mercado. Nick Heidfeld e Pedro de la Rosa são dois excelentes pilotos, muito experientes e frescos, pois competiram em 2010. Mas tem um defeito: não são rápidos, e aquela é uma máquina que não foi feita para andar no meio do pelotão. Se Peter Sauber substituiu de la Rosa por Heidfeld, foi porque achou que ele era mais confiável. Mas ambos foram copiosamente batidos por um jovem e muito veloz Kamui Kobayashi.
Vistas as coisas, o que Boullier deveria fazer então? Na minha otica, caso não existam quaisquer clausulas escritas que digam que determinado piloto deva correr em caso de um deles fique indisponivel - apesar de ter ouvido as declarações a respeito do Bruno Senna em Valencia - ele deveria dar uma chance de testar os seus dois principais pilotos de reserva: Romain Grosjean e o Bruno. Caso o seu "feedback" em relação ao carro se aproximar o bastante aos que tinha Robert Kubica, seria o escolhido. Deveriam dar uma chance ao Bruno Senna? Sim, para mal dos pecados de muita gente. O fato de ter corrido num mau carro como o Hispania F110 não o inviabiliza como piloto de Formula 1.
Claro que em jeito de conclusão, a Renault teve no Domingo um duro golpe. Via-se que a sua aposta em construir a equipa à volta de Kubica estava a resultar e todo aquele enxame de pilotos que vimos há uma semana em Valência servia para uma operação de Relações Públicas por parte do Gerard Lopez, além de mostrar ao Vitaly Petrov que tem de fazer bastante melhor em 2011. Caso contrário, nem todos os poços de petróleo russos lhe salvarão o seu lugar na marca francesa. Espera-se que não se ressintam com isso, mas só veremos isso nas próximas semanas. E qualquer resultado que a equipa tenha vai ser analisada com um grande "e se?" por parte dos apreciadores de Robert Kubica.
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