No meio do turbilhão de noticias sobre o acidente e agora a recuperação de Robert Kubica, houve certos eventos que ficaram secundarizados, e que teriam tido o seu devido destaque caso os eventos de Domingo não tivessem acontecido. Sendo assim, a minha 5ª Coluna desta semana vai ser dedicada a um assunto completamente diferente: a entrada da Williams em bolsa.
A equipa é uma das mais antigas do pelotão, pelo menos a funcionar continuamente. Frank Williams é uma personagem que está na Formula 1 desde 1968 e é daquela raça de pessoas que são raras. Mesmo depois do seu acidente que lhe atirou para uma cadeira de rodas, em 1986, continuou a gerir a sua equipa, levando-o a vários títulos mundiais. Contudo, nos últimos anos a sua senda vitoriosa desvaneceu-se. A sua última vitória data de 2004 e em 2010, tirando a sortuda pole-position de Nico Hulkenberg, Frank Williams nada tem para mostrar. E no final desse ano, a maioria dos seus patrocinadores saiu de cena, tendo de recorrer aos bolivares venezuelanos de Pastor Maldonado para pôr a equipa a funcionar.
A equipa sempre foi a associação frutuosa de dois homens: Frank Williams e Patrick Head. Conheceram-se em 1976 e mais sólida que grande parte dos casamentos hoje em dia. Contudo, desde 2009 que parte da equipa é detida pelo ex-piloto austriaco Christian "Toto" Wolff. A percentagem é pequena, mas importante. Mas apesar da entrada de capital novo, a equipa resolveu colocar parte desse seu capital em Bolsa. A razão? Muito provavelmente, mais dinheiro.
Uma das razões tem a ver com os fracos resultados que Adam Parr, o diretor comercial da equipa, conseguiu. Apesar das parcerias bem sucedidas com o governo do Qatar, que eventualmente poderão dar numa aliança com a Porsche (detido em parte pelo fundo soberano desse país), Parr tentou o mesmo com o governo de Angola, mas não conseguiu. Pelo que li na Autosport portuguesa, a ideia era que a troco de 25 milhões de dólares construissem um centro tecnológico e um autódromo no pais, e em troca, colocariam Ricardo Teixeira no volante. Contudo, parece que a Team Lotus foi mais rápida e em breve os patrocinios angolanos - fala-se Sonangol - adornarão os carros verdes e amarelos de Tony Fernandes.
Agora, vamos à tal pergunta: qual seria a parte a vender? Muito provavelmente, a de Patrick Head. Ele fará 65 anos este ano e quererá vender a sua parte para viver uma reforma sem sobressaltos. Sendo a sua parte a rondar mais de vinte por cento, é muito provavel que seja essa a parte colocada em bolsa, com mais umas pinceladas da parte de Sir Frank e Herr Christian. E não é uma qualquer: é a de Frankfurt, em vez de ser a de Londres.
Quando se viu a pintura do novo carro, muitos temeram pelo futuro da equipa, de tão vazia de patrocinios. Pode ser que os receios sejam infundados, mas uma coisa é certa: dentro em pouco, a Williams que conhecemos irá acabar. Pragmático como são. Williams e Head, ambos na casa dos sessenta anos, poderão estar simplesmente a acautelar o futuro, para que o nome viva para além das suas existências. Só dentro de umas semanas, quando eles revelarem os seus planos e os objetivos desta "flutuação", é que saberemos qual das teorias está correta.
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