quinta-feira, 25 de agosto de 2011

5ª Coluna: Uma equipa de aluguer

Os últimos dias deste verão na Formula 1 foram concentrados no anuncio da saída de Nick Heidfeld da Renault, para que fosse substituído pelo brasileiro Bruno Senna a partir deste Grande Prémio da Belgica. Antes dos brasileiros de certa rede global começassem a bombardear os seus compatriotas com uma espécie de "regresso do rei", já Vitaly Petrov cometia um "lapsus linguae" afirmando que dava as boas vindas a Bruno, que seria o seu companheiro "para as próximas duas corridas", significando claramente que a partir de Singapura, outro cavaleiro estará no seu lugar, provavelmente Romain Grosjean.

Só esse incidente de Petrov me confirmou o que que é aquela equipa hoje em dia. É uma amálgama que tem um nome de conveniência, para receber os dinheiros das transmissões televisivas, apoiada pelos motores da Renault, mas para o resto, depende dos milhões trazidos por outros para sobreviver. Desde que cada um dos pilotos traga, vá lá, vinte milhões de euros cada um, a equipa sobrevive sem grandes luxos, mas sem cortes que impliquem perda de competitividade. Renault é o nome oficial, mas na realidade é mais uma Genii/Proton/Lotus do Bahar. Uma confusão do qual todo o dinheiro é bem vindo.

E foi isso o que vai acontecer no caso de Bruno Senna. As recentes noticias que ouvi no Brasil sobre um misterioso grupo WWI - um fundo de investimento que vai apostar no setor imobiliário de um mercado emergente - só me foram esclarecidas quando soube que Bruno iria ser apoiado pelo grupo Sabó, que tem entre outros uma das maiores empresas de auto-peças no pais. Fiquei esclarecido nesse campo, mas fiquei também com uma ideia do que vai ser aquele lugar nas últimas oito corridas do ano: um leilão.

Eis o que acho que vai acontecer: Bruno correrá em Spa e Monza, com o lugar a ser cedido para Romain Grosjean a partir de Singapura até ao final do ano, com a excepção do Brasil, onde Bruno voltará ao lugar para satisfazer os patrocinadores. A unica possivel falha desse plano será Robert Kubica, pois caso a recuperação ainda seja melhor do que se espera, ainda poderá correr em Interlagos, palco da ultima corrida do ano, como sabem.

Porquê Grosjean? Suspeito que seja um acordo entre Gerard Lopez e Eric Boullier. O franco-suiço estará no carro da Formula 1 como recompensa pela vitória na GP2, e também para mostrar que ele não é o fracasso que foi em 2009, quando substituiu à pressa Nelson Piquet Jr. e desencadeou a vingança dentro da Renault ao colocarem a boca no trombone naquilo que ficou conhecido como "Crashgate", que acontecera no GP de Singapura do ano anterior. Espera-se que aproveite essa oportunidade, mas isso vai ser a curto prazo porque o futuro desta equipa é uma enorme incógnita, por razões económicas e politicas, que passam desde a posição da casa-mãe neste aspecto, até à capacidade financeira da Genii, de Gerard Lopez, passando pelas tensões dentro da equipa e da capacidade de Robert Kubica em guiar um Formula 1 como dantes.

Em suma: uma verdadeira salganhada. E foram eles que Dany Bahar escolheu para colocar o logotipo da equipa Lotus. Vê-se mesmo o tipo de pessoas que a Formula 1 tem de lidar...

P.S: soube agora que Nick Heidfeld anda por Spa-Francochamps com as cores da entidade que o despediu, como se nada tivesse passado. E que a hipótese de processar Eric Boullier e a Renault é grande. Algo me diz que para fazer tal coisa, significa que uma das partes quebrou o contrato que tinham escrito no inicio do ano. Mas também pode significar outras coisas, como salários por pagar. Parece que essa gente gosta de fazer as coisas à sua maneira, rasgando contratos uns atrás dos outros. Isto vai acabar péssimamente...

Sem comentários: