Desde que se conhece o calendário de Formula 1 da temporada de 2012, no final do ano passado, que se sabe do espinho chamado GP do Bahrein, que está marcado para o dia 22 de abril no circuuito de Shakir. Toda a gente sabe que passear por esse emirado do Golfo numa altura tão complexa que está a ser as revoluções árabes, no qual o caso barenita é um exemplo de "como não se deve atender às necessidades de um povo", do qual só os sírios fazem pior.
A parte politica é conhecida de todos: os xiitas, que são a maioria da população, contra sunitas, de que faz parte a familia real, numa luta por direitos iguais em termos de não só a representação politica como também de outras coisas como acesso a empregos e a habitação condigna. As demonstrações fizeram mossa no inicio de 2011, de tal forma que o GP barenita, que deveria ser a primeira prova do ano foi cancelada. Só que após um período de repressão e acalmia, com inquéritos e julgamentos, tanto para o melhor (alguns policias foram condenados por abuso de poder) como para o melhor (médicos julgados e condenados por prestarem assistência a revoltosos), as coisas voltaram a ter um novo pico com a prisão e espancamento de um ativista da oposição, que fez com que o Centro de Direitos Humanos do Bahrein apelasse neste domngo a que equipas e pilotos boicotassem o GP barenita, vocalizando explicitamente aquilo que já se murmura desde há algum tempo.
Nabeel Rajab, o seu vice-presidente, expressou esse desejo. Numa entrevista a uma revista árabe, reproduzida pela BBC, afirmou: "Iremos fazer campanha para que... equipas e pilotos boicotem [a corrida]. O Governo deseja a Formula 1 [no seu país] para passar uma imagem ao mundo exterior de que tudo voltou ao normal. Se a Formula 1 vier, está a ajudar nessa mensagem, e perferíamos que ela não colaborasse. Tenho a certeza que os pilotos e as equipas respeitam os Direitos Humanos."
Claro, os organizadores já menorizaram esse apelo, e todos nós sabemos que o que respeita Bernie Ecclestone são as verdinhas. E ele é um sujeito que não é nada politicamente correto. Basta ir à história e ver que levava a Formula 1 na Africa do Sul nos tempos do "apartheid" até 1985, numa altura em que este país tinha sido expulsa de todas as entidades desportivas. Só nesse ano é que as pressões da comunidade internacional foram bem mais fortes do que o habitualmente suportável. E Bernie Ecclestone quer a corrida barenita porque... é uma grande fonte de receita. E ainda por cima, o principe herdeiro é um grande fã de automobilismo e a pessoa que está por trás da construção e realização dessa corrida. Um homem raro para Ecclestone, porque nos tempos que correm, quem é que estará disposto a dar 60 milhões de dólares num abrir e fechar de olhos para ser a corrida de arranque do campeonato?
Contudo, toda a gente sabe desde o inicio que o Bahrein é, no minimo, um incómodo. Todos sabem que não querem correr por lá, mas existem contratos para serem cumpridos e as penalizações serão bastante altas. Mas os patrocinadores são influenciáveis pelos seus consumidores e poderá haver ações coordenadoras de grupos para convencerem esses patrocinadores para que não vão até lá. E a própria população barenita pode se mobilizar para um "dia de raiva" nas semanas anteriores ao final de semana do Grande Prémio, a 22 de abril. Caso isso aconteça, - confrontos ou o estado de emergência no país - muito provavelmente as seguradoras poderão ameaçar o cancelamento dos seus seguros caso insistam na passagem por essa ilha do Golfo Pérsico...
Uma coisa e mais do que certa. Abril vai ser um mês muito quente naquelas bandas.
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