Fui surpreendido este sábado com uma entrevista a Emerson Fittipaldi ao jornal português "A Bola". Vim a saber que o ex-piloto brasileiro tinha vindo esta quinta-feira a Lisboa para uma apresentação de uma marca de relógios do qual é embaixador. E o jornal aproveitou a ocasião para combinar uma entrevista, feita pela jornalista Elsa Bicho, que ocupou as páginas centrais da edição do dia. De uma certa maneira é algo genérica, mas tem partes interessantes, onde não deixou de comentar sobre a segunda retirada de Michael Schumacher, anunciado neste fim de semana em Suzuka.
"MAIOR DESAFIO? COM 65 ANOS, CRIAR UMA FILHA DE DOIS!"
Emerson Fittipaldi, brasileiro pioneiro da Formula 1, esteve em Portugal, «uma segunda casa» onde sempre pede bacalhau, como embaixador dos relógios TW Steel. Descontraído e bom comunicador, contou histórias do amigo "beatle", da reforma que fez no calhambeque do amigo Roberto Carlos e da eterna paixão por carros de corrida.
P - Um palmarés recheado, uma vida cheia de episódios e acontecimentos, sente-se privilegiado pelo lugar por si alcançado na história do desporto e da Formula 1 em particular?
R - Todos os dias agradeço a Deus por ter vivido o que vivi, sempre ligado à paixão da minha vida, que é o automobilismo. Adoro todos os desportos, faço inclusive desportos radicais. O meu pai era jornalista do mundo automóvel, levou.me para uma pista de corrida aos cinco anos. Vi passar um carro de corrida logo soube que era aquilo que queria fazer.
P - Longe de pensar o que estava para vir...
R - Longe de pensar que viria para a Europa, que seria campeão mundial, que iria depois para os Estados Unidos, Indianápolis, foi tudo muito além do meu sonho.
P - Sabe que, ainda hoje, quando alguém conduz de forma mais acelerada costuma dizer-se que está armado em Fittipaldi?
R - É um exemplo bom? Se for para bater não é à Fittipaldi! Isso é muito bacana. Muito gratificante, encaro isso como uma homenagem. Quase se transformou num verbo! Fico muito feliz!
P - Era conhecido como "Rato". Ainda hoje reponde por essa alcunha?
R - Não. Isso começou quando era pequeno. Era mecânico do meu irmão Wilson nos karts, tinha 11, 12 anos e era muito pequenino. Bem, hoje ainda sou. Como quase ninguém me via... parecia um ratinho.
P - Qual o legado que Fittipaldi deixa à F1 e ao desporto?
R - No Brasil, um legado de automobilismo que começou não comigo, mas com José Carlos Pace, o Môco, com o meu irmão Wilson, depois veio o Nelson Piquet, o Ayrton Senna, Felipe Massa, Bruno Senna. Estou a celebrar o 40º aniversário do meu primeiro título mundial, altura em que se iniciou o prestígio do piloto/atleta brasileiro que já é tão importante como o jogador como o jogador de futebol no mundo. Antes de mim, houve o meu ídolo Chico Landi e o Juan Manuel Fangio, que era amigo do meu pai. Contava-me histórias fantásticas.
P - O que pensou quando Fernando Alonso quebrou o seu recorde de 30 anos como campeão mundial mais jovem da Formula 1?
R - Perdi o recorde para um piloto excepcional. É o melhor piloto da atualidade, o mais completo. Também no atletismo, ciclismo e natação, os recordes são superados. Não fiquei triste, falei com o Alonso, brinquei com ele. Depois veio o Hamilton e também bateu o recorde, depois do Vettel...
P - É verdade que pensou desistir depois de sagrar-se campeão do Mundo em 1972?
R - Sim. Depois disso voltei para a Suiça, morava lá, mas o meu pai e irmão convenceram-me a não parar com 25 anos. Era muito jovem e por certo ia arrepender-me.
CALHAMBEQUE À FITTIPALDI
P - Ser quem é permitiu-lhe viver experiências curiosas, como a de reformar o calhambeque de Roberto Carlos.
R - Sou amigo e fã do Roberto Carlos desde o tempo da Jovem Guarda. Ele sempre foi apaixonado por carros. Em 2008 ligou-me a perguntar se conhecia alguém que lhe pudesse reparar o calhambeque, o da musica. Disse-lhe: 'reformo o carro'. Escolhi os melhores estofadores, os melhores mecânicos, pintores. A única coisa que lhe pedi foi que ele não visse o carro até estar pronto. Foi uma emoção. O calhambeque tem um significado afetivo muito forte para ele. Foi um primo que lhe deu. É a sua relíquia. Ainda lhe reformulei depois um Cadillac...
P - Também deu voz um dos carros do filme de desenhos animados Cars. Na versão inglesa foi Lewis Hamilton.
R - Foi engraçado dar voz a um bonceo. Nunca tinha feito. Mais um presente que o desporto me deu.
P - Era amigo pessoal de George Harrisson, guitarrista dos Beatles. As suas vitórias nunca o inspiraram nas suas composições?
R - O George sempre gostou de corridas de automóvel. Nasceu em Liverpool e nos anos 50 havia um circuito chamado Entry (sic) [na realidade, queria dizer Aintree]. O pai dele era motorista de autocarro e ao domingo levava a familia de autocarro para ver as corridas. Quando tive o acidente em Michigan, ele fez-me uma homenagem e adaptou a musica "Here comes the Sun" para "Here Comes Emerson". Pouca gente sabe da história dessa musica. Ele começou a compô-la na minha casa do Guarujá, em 1978, depois do GP do Brasil. Ficamos toda a noite na conversa, ele estava sentado numa cadeira e quando, perto das 5 horas, começou a clarear o dia, ele começou a dar os primeiros acordes, numa guitarra havaiana, e a cantarolar 'here comes the sun'.
P - Como era Fittipaldi nas boxes dos anos 70?
R - Foram anos de revolução dos jovens, liderados pelo fenómeno dos Beatles, pelos hippies, cabelos longos, calças à boca de sino. Nesse mundo novo sempre fui muito otimista. Não sambava nem contava anedotas mas sempre fui muito contente, feliz com a vida. Quando ganhei o meu primeiro mundial pensei: 'que mais posso eu querer da vida.'
P - Sempre foi assim homem e piloto de garra?
R - Sempre. Veja, no acidente de Michigan, parti as vértebras 6 e 7. O doutor Green, um os melhores neurologistas do mundo, operou-me durante oito horas. Saiu da sala e foi perguntar ao meu irmão se havia hipóteses de eu continuar a correr. O meu irmão disse que sim. Então o médico regressou à sala de operações dizendo 'vou reforçar para lhe reforçar o pescoço'. Passado um ano, voltei lá porque tive um acidente de avião e fraturei mais duas vértebras do fundo da coluna. Apareceu-me uma enfermeira gigantesca que olhou para mim e disse-me «Welcome back, mr.Fittipaldi!» [Bem-vindo de volta!]
P - Olhando para trás e para a frente, o que falta fazer a Fittipaldi?
R - A história é saborosa, mas temos de viver o presente e o futuro. Tenho muito a fazer. Gosto muito de trabalhar, de estar ativo, mudei a minha vida nos últimos 15 anos, tenho uma maor vida espiritual. O meu maior desafio, agora, com a minha idade, é criar a minha filha Vitória, de dois anos! Para mais, num mundo moderno onde os grandes valores são esquecidos.
P - Qual é o seu dia-a-dia quando não tem compromissos em agenda?
R - Durmo muito cedo, levanto-me às 4:30 da manhã, leio a Biblia durante meia hora, rezo, às seis horas vou para o ginásio, às sete levo o meu filho de cinco anos para a escola e vou para o escritório. Faço uma alimentação macrobiótica, estou a voltar às raízes.
P - Há alguma verdade que nunca contou?
R - Todos temos segredos. Vivi coisas boas e más que nunca vou contar a ninguém.
--- XXX ---
DESPORTO É ARMA NAS FAVELAS
P - Tem-se dedicado a várias campanhas na área social. Com o que tem estado mais ocupado?
R - O governo e a presidente Dilma , em conjunto com o meu Instituto Emerson Fittipaldi, estão a lançar uma campanha de prevenção rodoviária. A estatistica de acidentes é terrivel no Brasil.
P - E também é embaixador da Laureus Sport for Good Foundation...
R - Dedico-me muito a essa organização fantástica. Já temos mais de 100 projetos no mundo, sempre a ajudar as crianças a praticar desporto como alternativa à vida desaconselhavel. Na última sexta-feira, estava na favela da Maré, no Rio de Janeiro, com Edwin Moses e o primeiro ministro britânico David Cameron. Vimos crianças privadas dos seus direitos de cidadãos, de assistência médica... temos de agir.
«AINDA NAO ME APOSENTEI!»
Despedida da competição sem lágrimas. Pouco assustado com a velhice e com a morte.
P - A morte assustava-o mais quando competia ou agora?
R - O risco naquela altura era muito maior. Nos anos 70 havia 20 pilotos, a estatistica dizia que três não sobreviviam até ao final da época. Mas quando entrava no cockpit não pensava muito nisso. Antes tinha mais medo da morte, apenas por causa do risco.
P - Chorou quando saiu do cockpit pela última vez?
R - Não. Fiquei emocionado quando ganhei o primeiro e segundo títulos, chorei muito quando venci as 500 Milhas de Indianápolis, mas quando saí do cockpit pela última vez não chorei porque sabia que ia continuar. Não num Formula mas sabia que iria sempre pilotar qualquer coisa. E ainda não me aposentei.
--- XXX ---
«SCHUMACHER JÁ NÃO TINHA A FACA NA BOCA»
Orgulhoso do seu neto Pietro, que corre na Nascar. Diz que Massa não se entende com os pneus.
P - Que análise faz do desempenho de Felipe Massa nesta temporada?
R - Há dois anos, quando o regulamento tirou o controlo de tração, a Pirelli fez uns pneus criados para desgastar e para obrigar a trocas durante a corrida. O Felipe é muito agressivo, acelera rápido e consome muitos pneus. Começa bem mas depois quebra à medida que vai ficando sem pneus.
P - Se ainda corresse também teria o mesmo problema?
R - Todos os pilotos têm esse mesmo problema. Há que controlar o acelerador com uma condução muito suave.
P - Michael Schumacher voltou a retirar-se. Pensa que nunca deveria ter regressado à Formula 1?
R - Quando andava sozinho na pista era muito rápido. Mas com tráfico, a ter de sofrer e fazer ultrapassagens, estava já muito tenso. Psicológicamente não estava relaxado o suficiente. Quando acabei a minha carreira na Formula 1 estive três anos fora e recomecei nos Estados Unidos onde vivi a melhor fase profissional. O americano respeita muito o desporto, lá há menos politiquices... corri no meu último ano com 49 anos, mas a minha cabeça e o meu equilibrio mental e espiritual era igual a quando tinha 25 anos. Ainda largava com 'a faca na boca'. Michael Schumacher já não tinha a 'faca na boca' nos últimos tempos.
P - O seu neto Pietro corre na Nascar. Incentiva-o?
R - Muito, muito. Apoio-o sempre. Ganhou o primeiro campeonato no ano passado, com 15 anos. Sempre lhe dou o conselho que o meu pai me dava. Quer sem bom desportista? Muito bem, mas é para ser bom, para levar a sério, com amor, dedicação e paixão.
R - Todos os dias agradeço a Deus por ter vivido o que vivi, sempre ligado à paixão da minha vida, que é o automobilismo. Adoro todos os desportos, faço inclusive desportos radicais. O meu pai era jornalista do mundo automóvel, levou.me para uma pista de corrida aos cinco anos. Vi passar um carro de corrida logo soube que era aquilo que queria fazer.
P - Longe de pensar o que estava para vir...
R - Longe de pensar que viria para a Europa, que seria campeão mundial, que iria depois para os Estados Unidos, Indianápolis, foi tudo muito além do meu sonho.
P - Sabe que, ainda hoje, quando alguém conduz de forma mais acelerada costuma dizer-se que está armado em Fittipaldi?
R - É um exemplo bom? Se for para bater não é à Fittipaldi! Isso é muito bacana. Muito gratificante, encaro isso como uma homenagem. Quase se transformou num verbo! Fico muito feliz!
P - Era conhecido como "Rato". Ainda hoje reponde por essa alcunha?
R - Não. Isso começou quando era pequeno. Era mecânico do meu irmão Wilson nos karts, tinha 11, 12 anos e era muito pequenino. Bem, hoje ainda sou. Como quase ninguém me via... parecia um ratinho.
P - Qual o legado que Fittipaldi deixa à F1 e ao desporto?
R - No Brasil, um legado de automobilismo que começou não comigo, mas com José Carlos Pace, o Môco, com o meu irmão Wilson, depois veio o Nelson Piquet, o Ayrton Senna, Felipe Massa, Bruno Senna. Estou a celebrar o 40º aniversário do meu primeiro título mundial, altura em que se iniciou o prestígio do piloto/atleta brasileiro que já é tão importante como o jogador como o jogador de futebol no mundo. Antes de mim, houve o meu ídolo Chico Landi e o Juan Manuel Fangio, que era amigo do meu pai. Contava-me histórias fantásticas.
P - O que pensou quando Fernando Alonso quebrou o seu recorde de 30 anos como campeão mundial mais jovem da Formula 1?
R - Perdi o recorde para um piloto excepcional. É o melhor piloto da atualidade, o mais completo. Também no atletismo, ciclismo e natação, os recordes são superados. Não fiquei triste, falei com o Alonso, brinquei com ele. Depois veio o Hamilton e também bateu o recorde, depois do Vettel...
P - É verdade que pensou desistir depois de sagrar-se campeão do Mundo em 1972?
R - Sim. Depois disso voltei para a Suiça, morava lá, mas o meu pai e irmão convenceram-me a não parar com 25 anos. Era muito jovem e por certo ia arrepender-me.
CALHAMBEQUE À FITTIPALDI
P - Ser quem é permitiu-lhe viver experiências curiosas, como a de reformar o calhambeque de Roberto Carlos.
R - Sou amigo e fã do Roberto Carlos desde o tempo da Jovem Guarda. Ele sempre foi apaixonado por carros. Em 2008 ligou-me a perguntar se conhecia alguém que lhe pudesse reparar o calhambeque, o da musica. Disse-lhe: 'reformo o carro'. Escolhi os melhores estofadores, os melhores mecânicos, pintores. A única coisa que lhe pedi foi que ele não visse o carro até estar pronto. Foi uma emoção. O calhambeque tem um significado afetivo muito forte para ele. Foi um primo que lhe deu. É a sua relíquia. Ainda lhe reformulei depois um Cadillac...
P - Também deu voz um dos carros do filme de desenhos animados Cars. Na versão inglesa foi Lewis Hamilton.
R - Foi engraçado dar voz a um bonceo. Nunca tinha feito. Mais um presente que o desporto me deu.
P - Era amigo pessoal de George Harrisson, guitarrista dos Beatles. As suas vitórias nunca o inspiraram nas suas composições?
R - O George sempre gostou de corridas de automóvel. Nasceu em Liverpool e nos anos 50 havia um circuito chamado Entry (sic) [na realidade, queria dizer Aintree]. O pai dele era motorista de autocarro e ao domingo levava a familia de autocarro para ver as corridas. Quando tive o acidente em Michigan, ele fez-me uma homenagem e adaptou a musica "Here comes the Sun" para "Here Comes Emerson". Pouca gente sabe da história dessa musica. Ele começou a compô-la na minha casa do Guarujá, em 1978, depois do GP do Brasil. Ficamos toda a noite na conversa, ele estava sentado numa cadeira e quando, perto das 5 horas, começou a clarear o dia, ele começou a dar os primeiros acordes, numa guitarra havaiana, e a cantarolar 'here comes the sun'.
P - Como era Fittipaldi nas boxes dos anos 70?
R - Foram anos de revolução dos jovens, liderados pelo fenómeno dos Beatles, pelos hippies, cabelos longos, calças à boca de sino. Nesse mundo novo sempre fui muito otimista. Não sambava nem contava anedotas mas sempre fui muito contente, feliz com a vida. Quando ganhei o meu primeiro mundial pensei: 'que mais posso eu querer da vida.'
P - Sempre foi assim homem e piloto de garra?
R - Sempre. Veja, no acidente de Michigan, parti as vértebras 6 e 7. O doutor Green, um os melhores neurologistas do mundo, operou-me durante oito horas. Saiu da sala e foi perguntar ao meu irmão se havia hipóteses de eu continuar a correr. O meu irmão disse que sim. Então o médico regressou à sala de operações dizendo 'vou reforçar para lhe reforçar o pescoço'. Passado um ano, voltei lá porque tive um acidente de avião e fraturei mais duas vértebras do fundo da coluna. Apareceu-me uma enfermeira gigantesca que olhou para mim e disse-me «Welcome back, mr.Fittipaldi!» [Bem-vindo de volta!]
P - Olhando para trás e para a frente, o que falta fazer a Fittipaldi?
R - A história é saborosa, mas temos de viver o presente e o futuro. Tenho muito a fazer. Gosto muito de trabalhar, de estar ativo, mudei a minha vida nos últimos 15 anos, tenho uma maor vida espiritual. O meu maior desafio, agora, com a minha idade, é criar a minha filha Vitória, de dois anos! Para mais, num mundo moderno onde os grandes valores são esquecidos.
P - Qual é o seu dia-a-dia quando não tem compromissos em agenda?
R - Durmo muito cedo, levanto-me às 4:30 da manhã, leio a Biblia durante meia hora, rezo, às seis horas vou para o ginásio, às sete levo o meu filho de cinco anos para a escola e vou para o escritório. Faço uma alimentação macrobiótica, estou a voltar às raízes.
P - Há alguma verdade que nunca contou?
R - Todos temos segredos. Vivi coisas boas e más que nunca vou contar a ninguém.
--- XXX ---
DESPORTO É ARMA NAS FAVELAS
P - Tem-se dedicado a várias campanhas na área social. Com o que tem estado mais ocupado?
R - O governo e a presidente Dilma , em conjunto com o meu Instituto Emerson Fittipaldi, estão a lançar uma campanha de prevenção rodoviária. A estatistica de acidentes é terrivel no Brasil.
P - E também é embaixador da Laureus Sport for Good Foundation...
R - Dedico-me muito a essa organização fantástica. Já temos mais de 100 projetos no mundo, sempre a ajudar as crianças a praticar desporto como alternativa à vida desaconselhavel. Na última sexta-feira, estava na favela da Maré, no Rio de Janeiro, com Edwin Moses e o primeiro ministro britânico David Cameron. Vimos crianças privadas dos seus direitos de cidadãos, de assistência médica... temos de agir.
«AINDA NAO ME APOSENTEI!»
Despedida da competição sem lágrimas. Pouco assustado com a velhice e com a morte.
P - A morte assustava-o mais quando competia ou agora?
R - O risco naquela altura era muito maior. Nos anos 70 havia 20 pilotos, a estatistica dizia que três não sobreviviam até ao final da época. Mas quando entrava no cockpit não pensava muito nisso. Antes tinha mais medo da morte, apenas por causa do risco.
P - Chorou quando saiu do cockpit pela última vez?
R - Não. Fiquei emocionado quando ganhei o primeiro e segundo títulos, chorei muito quando venci as 500 Milhas de Indianápolis, mas quando saí do cockpit pela última vez não chorei porque sabia que ia continuar. Não num Formula mas sabia que iria sempre pilotar qualquer coisa. E ainda não me aposentei.
--- XXX ---
«SCHUMACHER JÁ NÃO TINHA A FACA NA BOCA»
Orgulhoso do seu neto Pietro, que corre na Nascar. Diz que Massa não se entende com os pneus.
P - Que análise faz do desempenho de Felipe Massa nesta temporada?
R - Há dois anos, quando o regulamento tirou o controlo de tração, a Pirelli fez uns pneus criados para desgastar e para obrigar a trocas durante a corrida. O Felipe é muito agressivo, acelera rápido e consome muitos pneus. Começa bem mas depois quebra à medida que vai ficando sem pneus.
P - Se ainda corresse também teria o mesmo problema?
R - Todos os pilotos têm esse mesmo problema. Há que controlar o acelerador com uma condução muito suave.
P - Michael Schumacher voltou a retirar-se. Pensa que nunca deveria ter regressado à Formula 1?
R - Quando andava sozinho na pista era muito rápido. Mas com tráfico, a ter de sofrer e fazer ultrapassagens, estava já muito tenso. Psicológicamente não estava relaxado o suficiente. Quando acabei a minha carreira na Formula 1 estive três anos fora e recomecei nos Estados Unidos onde vivi a melhor fase profissional. O americano respeita muito o desporto, lá há menos politiquices... corri no meu último ano com 49 anos, mas a minha cabeça e o meu equilibrio mental e espiritual era igual a quando tinha 25 anos. Ainda largava com 'a faca na boca'. Michael Schumacher já não tinha a 'faca na boca' nos últimos tempos.
P - O seu neto Pietro corre na Nascar. Incentiva-o?
R - Muito, muito. Apoio-o sempre. Ganhou o primeiro campeonato no ano passado, com 15 anos. Sempre lhe dou o conselho que o meu pai me dava. Quer sem bom desportista? Muito bem, mas é para ser bom, para levar a sério, com amor, dedicação e paixão.
2 comentários:
Pô Emerson... aumenta, mas não inventa! Dizer que "Here comes the sun" foi composta em sua casa, no Guarujá, em 1978 é meio demais, não?
Essa música foi apresentada no álbum Abbey Road, de 1969. Portanto, 9 anos antes.
Ele não se referia à música original, e sim à adaptação "Here comes Emerson".
http://www.youtube.com/watch?v=hbT-cbhwd3U
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