Bernie Ecclestone, quando fala, é enigmático. As suas entrevistas à imprensa muitas das vezes são mais para que ele exprima as suas ideias do que ele responder às perguntas dos jornalistas Nesse campo, ele consegue escapar com uma destreza única, muitas das vezes confundindo as pessoas que o lêm. E quando aproveita o canal aberto para mandar "o soundbyte do dia", sabe que isso provoca agitação nos meios, mais do que suficiente para que se desviem as atenções de algo mais essencial.
Só que desta vez é diferente. Pela primeira vem em muito tempo, decidiu falar sobre o "caso Gribowsky", e foi uma entrevista ao Sunday Telegraph, publicada este domingo, afirmou que, caso a justiça alemã consiga prender Ecclestone, isso seria um bom pretexto para encontrar um substituto. “Provavelmente [a CVC Capital Partners] será forçada a se livrar de mim se os alemães vierem atrás de mim. Se eu for preso, isso é bastante óbvio”, comentou.
Gribowsky, condenado em junho passado a uma pena de oito anos de prisão, afirmou que em 2006, Ecclestone lhe pagou cerca de 50 milhões de euros para adquirir os direitos da Formula 1, então pertencentes ao banco BayernLB, após a falência do Grupo Kirch, em 2002. Ecclestone admitiu em tribunal que lhe pagou esse valor, com o objetivo de "o calar" sobre uma alegada chantagem sobre o Bambino Trust, o fundo feito por ele para as suas filhas, Tamara e Petra, mas no qual ele têm a sua fortuna, para escapar de pagar impostos mais elevados.
Ecclestone, agora a caminho dos 83 anos, já começa a ter consciência de que os dias começam a ser curtos. Seja pela inevitável marcha do tempo, seja por este caso em particular, onde poderá acabar os seus dias numa cela alemã, ele sabe que os mais de 50 anos de presença na Formula 1, primeiro como empresário de pilotos como Jochen Rindt, depois como proprietário de uma equipa como a Brabham, e depois como o "dono do circo", estão perto do seu final. Fico até com a impressão que ele já tem a consciência que já viu a "bandeira de xadrez", mas continua a acelerar como se nada fosse. Seja a negociar circuitos novos no calendário, publicidades, o novo Pacto da Concórdia, seja a mandar os seus "soundbytes do dia", etc... ainda tem a agilidade de quando estava na meia idade.
“Eles disseram que contrataram um caça-talentos para encontrar alguém caso eu morra ou algo do tipo. É natural que eles façam isso para manter todos contentes”, afirmou o britânico, na mesma entrevista. Claro, muitos nomes podem estar em cima da mesa, como a diretora da Sauber, Monisha Kalterborn, ou o diretor da Red Bull, Christian Horner. Mas há quem queira algo de fora do paddock, como deseja Jackie Stewart, tricampeão do mundo pela Matra e Tyrrell, entre 1969 e 1973:
“Não há nada na Formula 1 que não aconteça sem o seu conhecimento. Entendo as pessoas que dizem que a será administrável sem Bernie Ecclestone. Mas a infraestrutura está lá. Está tudo em Belgravia [sede da FOM em Londres] e há muita gente com conhecimento”, começou por dizer no mesmo artigo do Sunday Telegraph. “Duvido muito que haverá alguém no Paddock da Formula 1 e não acho que isso vá acontecer. Acho que eles deveriam sair à procura do melhor [executivo] de todos”, concluiu o escocês de 73 anos.
“Não há nada na Formula 1 que não aconteça sem o seu conhecimento. Entendo as pessoas que dizem que a será administrável sem Bernie Ecclestone. Mas a infraestrutura está lá. Está tudo em Belgravia [sede da FOM em Londres] e há muita gente com conhecimento”, começou por dizer no mesmo artigo do Sunday Telegraph. “Duvido muito que haverá alguém no Paddock da Formula 1 e não acho que isso vá acontecer. Acho que eles deveriam sair à procura do melhor [executivo] de todos”, concluiu o escocês de 73 anos.
E esta entrevista, a aparecer no final do ano, não é inocente: é nesta altura em que termina o atual Pacto de Concórdia e entrará em vigor um novo, se é que este já esteja assinado. Queremos acreditar que sim, e que a Formula 1 esteja salvaguardada para o futuro próximo, eventualmente até 2020. Mas há outros assuntos em cima da mesa, como por exemplo, um possível alargamento do calendário e uma redistribuição dos rendimentos que a Formula 1 traz por ano, e é superior a mil milhões de euros.
E claro, com Ecclestone de saída, outros estarão a visar o lugar dele. Não como poder, mas como influência, como Luca de Montezemolo. O patrão da Ferrari - e que por estes dias, quer lançar em Itália uma formação politica de centro, que vai apoiar Mário Monti para o lugar de primeiro-ministro - por estes dias não morre de amores por Ecclestone, afirmou alguns dias antes que: “Lentamente, estamos chegando ao fim de um período caracterizado pelo estilo de um homem que fez coisas importantes”. E que a Formula 1 precisa de "sangue novo".
É certo, mas Montezemolo, que não é tão novo assim - tem 65 anos e 40 de Formula 1 - tem a sua própria agenda: uma em que a Ferrari tenha uma certa liberdade para ser dominadora na categoria máxima do automobilismo, terminando esta igualdade artificialista e recolocar, por exemplo, motores diferenciados. Quando defende que as equipas deveriam poder inscrever um terceiro carro, deseja que esta tenha ainda menos equipas. Ecclestone falou certo dia de dez, Montezemolo acha que provavelmente, seis ou sete seria o ideal, "enxotando" as mais pequenas. E a politica dele não é nova, é histórica: Enzo Ferrari sempre desprezou as "garagistas" inglesas, principalmente nos anos 60 e 70.
Em jeito de conclusão, Bernie Ecclestone já admite ver a meta. Resta saber quem chegará primeiro: a justiça alemã ou o "The Grim Reaper". Mas após Ecclestone, a Formula 1 tem de encontrar rapidamente uma "cola" tão boa como a que é o anãozinho octogenário. E pelos exemplos do passado, vai ser uma busca tão intensa como a do Santo Graal: dificil, quase impossivel. E sem essa cola, com cada equipa com a sua agenda, o perigo de cisão da Formula 1 a médio prazo é existente.
E claro, com Ecclestone de saída, outros estarão a visar o lugar dele. Não como poder, mas como influência, como Luca de Montezemolo. O patrão da Ferrari - e que por estes dias, quer lançar em Itália uma formação politica de centro, que vai apoiar Mário Monti para o lugar de primeiro-ministro - por estes dias não morre de amores por Ecclestone, afirmou alguns dias antes que: “Lentamente, estamos chegando ao fim de um período caracterizado pelo estilo de um homem que fez coisas importantes”. E que a Formula 1 precisa de "sangue novo".
É certo, mas Montezemolo, que não é tão novo assim - tem 65 anos e 40 de Formula 1 - tem a sua própria agenda: uma em que a Ferrari tenha uma certa liberdade para ser dominadora na categoria máxima do automobilismo, terminando esta igualdade artificialista e recolocar, por exemplo, motores diferenciados. Quando defende que as equipas deveriam poder inscrever um terceiro carro, deseja que esta tenha ainda menos equipas. Ecclestone falou certo dia de dez, Montezemolo acha que provavelmente, seis ou sete seria o ideal, "enxotando" as mais pequenas. E a politica dele não é nova, é histórica: Enzo Ferrari sempre desprezou as "garagistas" inglesas, principalmente nos anos 60 e 70.
Em jeito de conclusão, Bernie Ecclestone já admite ver a meta. Resta saber quem chegará primeiro: a justiça alemã ou o "The Grim Reaper". Mas após Ecclestone, a Formula 1 tem de encontrar rapidamente uma "cola" tão boa como a que é o anãozinho octogenário. E pelos exemplos do passado, vai ser uma busca tão intensa como a do Santo Graal: dificil, quase impossivel. E sem essa cola, com cada equipa com a sua agenda, o perigo de cisão da Formula 1 a médio prazo é existente.
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