(...) a Endurance vive um renascimento do qual se saúda. O facto de em 2012, em combinação entre a FIA e o ACO (Automobile Club De l'Ouest) ter reativado o Mundial de Resistência, o WEC, e a competição entre categorias e marcas - a Audi e a Toyota, com os seus híbridos a Diesel e a gasolina - ou de futuro, marcas como Porsche, Lotus e outros. Mas também a ACO e a FIA aceitaram a ideia de que a Endurance pode ser a montra tecnológica que falta ao automobilismo. Daí a existência da "Boxe 56", onde se podem apresentar projetos totalmente novos e diferentes, onde podem exibir as suas ideias, em carros que, não contando para a classificação geral, sirvam-se das 24 horas como um laboratório. Foi por isso que apareceram o DeltaWing, projeto da Highroft e apoiado pela Nissan, e o Green GT, um híbrido a electricidade e a hidrogénio. (...)
(...) Sei que há pessoas que ainda acham que automobilismo é entretenimento, que devem ter quatro rodas e um volante, que deve ter determinada propulsão, que as corridas devem ter determinado tempo no relógio, que os carros devem ter uma determinada distância entre eixos e que deve ser barrada toda e qualquer inovação, sob a justificação de "dar uma vantagem injusta e prejudicar o espectáculo". Na IndyCar e na Formula 1, podemos ver o resultado disso: os carros são quase todos iguais, sendo que a diferença é que na série americana, todos correm com o mesmo chassis, só mudando o motor.
Contudo, o que me zanga mais é ver pessoas que são hostis à mudança... na Endurance. Ver pessoas que dizem que um carro a hidrogénio não deveria participar "por ser perigoso", ou que o Deltawing não deveria estar ali "por ser uma aberração", isto enquanto não reclamam da "periculosidade" da máquina, quase me faz saltar a tampa. Será que não entendem o que é a Endurance? Será que não entendem que não tem a ver só com a resistência do piloto, mas da máquina? E será que também não entendem, nessas cabeças formatadas, que a competição não serve para entretenimento, mas sim um teste de resistência? (...)
Contudo, o que me zanga mais é ver pessoas que são hostis à mudança... na Endurance. Ver pessoas que dizem que um carro a hidrogénio não deveria participar "por ser perigoso", ou que o Deltawing não deveria estar ali "por ser uma aberração", isto enquanto não reclamam da "periculosidade" da máquina, quase me faz saltar a tampa. Será que não entendem o que é a Endurance? Será que não entendem que não tem a ver só com a resistência do piloto, mas da máquina? E será que também não entendem, nessas cabeças formatadas, que a competição não serve para entretenimento, mas sim um teste de resistência? (...)
(...) Francamente eu digo isto: sou a favor do Delta Wing, do Green GT, da Box 56. Acho que todos estes projetos devem existir e prosperar, em nome do futuro, porque neste mundo em mudança que vivemos, precisamos urgentemente de novos projetos, de pessoas que pensam "fora da caixa". (...)
Confesso que me encontro crescentemente zangado por ver pessoas que defendem uma ideia dogmática da Endurance, que deveria ser "mais uma categoria automobilística", esquecendo-se que ela, devido às suas caracteristicas, não pode ser como a Formula 1, que é mais uma prova de velocidade do que de resistência. E acho que nestes tempos de mudança, projetos novos e novas mentalidades tem de aparecer, se queremos fornecer um futuro para os nossos netos e libertarmos da dependência dos combustíveis fósseis, por exemplo.
Entristece-me ver pessoas que acham que os novos projetos devem ser repudiados, justificando-se com coisas como que "o carro é perigoso", "a gasolina é perigosa" ou quando lhes faltam argumentos, que "o carro é feio" ou "não gosto porque... não gosto". É certo que assim se vê a verdadeira natureza das pessoas, mas acho que nos tempos que correm, a Endurance, renascida das cinzas, tem uma oportunidade única de ser o laboratório de testes que tanto falta ao automobilismo, que hoje em dia é mais um entretenimento do que uma competição.
Isso que disse e muito mais podem ler por aqui.
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