Esta é uma semana agitada na Formula 1: desde domingo que não se fala de mais nada senão da polémica ultrapassagem de Sebastian Vettel a Mark Webber, pois este, segundo muitos dizem, desobedeceu às ordens de manter a formação até ao final, que daria a vitória ao australiano. A manobra foi magnifica para os espectadores e deu ótimo espectáculo para a modalidade, mas no pódio, as caras eram de embaraço e algum ódio e os desabafos foram os que se esperavam. E claro, a maior parte das pessoas atacou Sebastian Vettel pela sua manobra, defendendo o piloto australiano. E nesta era do "politicamente correto", Vettel pediu desculpa por tal manobra.
Quem andou a ler-me ao longo da semana, reparou que fiz de "advogado do Diabo" e defendi a manobra do piloto alemão, afirmando que, se a Red Bull defende a igualdade entre pilotos, deveria deixar que ambos os pilotos se degladiassem, desde que não se toquem e levem o carro até à meta inteiros. Claro, o enxovalhamento era inevitável, mas o que defendo - e continuo a defender - é que o piloto deve lutar pela vitória, sempre, e que o seu companheiro de equipa é o seu primeiro adversário. E Vettel, nessa corrida, tinha pneus médios, diferentes dos pneus duros de Webber, logo, com ou sem o famoso "Multi 21", o alemão o iria apanhar inevitavelmente.
Agora, o que seria ético: cumprir as ordens e chegarem em formação ou lutar pela vitória? Sou da opinião que se deve lutar, e ontem, quando estava a ler o jornal "A Bola" quando dei de caras com a coluna de opinião de um dos seus jornalistas, o Nuno Perestrelo, onde falou sobre ética, mas também disse algumas verdades inconvenientes. Eis um extrato:
Quem andou a ler-me ao longo da semana, reparou que fiz de "advogado do Diabo" e defendi a manobra do piloto alemão, afirmando que, se a Red Bull defende a igualdade entre pilotos, deveria deixar que ambos os pilotos se degladiassem, desde que não se toquem e levem o carro até à meta inteiros. Claro, o enxovalhamento era inevitável, mas o que defendo - e continuo a defender - é que o piloto deve lutar pela vitória, sempre, e que o seu companheiro de equipa é o seu primeiro adversário. E Vettel, nessa corrida, tinha pneus médios, diferentes dos pneus duros de Webber, logo, com ou sem o famoso "Multi 21", o alemão o iria apanhar inevitavelmente.
Agora, o que seria ético: cumprir as ordens e chegarem em formação ou lutar pela vitória? Sou da opinião que se deve lutar, e ontem, quando estava a ler o jornal "A Bola" quando dei de caras com a coluna de opinião de um dos seus jornalistas, o Nuno Perestrelo, onde falou sobre ética, mas também disse algumas verdades inconvenientes. Eis um extrato:
"(...) Imagino o calafrio que passou pela espinha dos dirigentes da Red Bull, quando vieram os dois carros - os dois nas primeiras posições - ali tão perto de um toque que tudo poderia deitar a perder. Imagino o suspiro de alivio depois de tudo correr bem... Webber ficou zangado, é verdade, mas o numero de pontos somados pela equipa é igual; isto além de Vettel ter conseguido a primeira vitória, que o coloca isoladissimo na liderança do Mundial.
Deveria Vettel evitar ganhar sendo melhor que Webber? Seria crime desportivo!
A Webber apetece-me dizer que não se faça de coitadinho: se conseguir andar mais rápido do que o companheiro, este não conserguirá ultrapassá-lo, por mais malandro que seja. Já aos responsáveis da Red Bull, diria que é assim que se mata uma competição: se eu souber que as equipas decidem à priori quem vence, porque hei de seguir a Formula 1?
No desporto deve ganhar aquele que mais faz por isso. Isso sim é ético."
Mais do que as verdades inconvenientes, ele toca num nervo: as pessoas que vêm Formula 1 sem ser especialistas querem ver competição, não procissão, como disse no domingo quando escrevi sobre as "Amélias". É verdade que fui um pouco injusto quando classifiquei o australiano de "Amélia", porque ele até fechou forte e feio, tentando intimidar Vettel nas suas manobras de ultrapassagem, fracassando nesse propósito. De facto, Vettel até pode ter desobedecido a ordens, mas Webber tentou colocá-lo fora da pista, o que ironicamente, trouxe emoção a uma corrida que estava a ser relativamente aborrecida.
Portanto, digo já isto: nenhum deles é santo. Se "Webbo" ficou zangado com a traição de Vettel, então deveria estar zangado consigo mesmo. Porque por muito que ele diga no pódio que o alemão "tem as costas protegidas na equipa", há muito tempo que Webber anda a mandar as ordens de equipa às malvas. Como todos os criticos gostam de afirmar que a Red Bull tem ordens de equipa encapotadas, podemos dizer que o australiano, ironicamente, muito contribuiu para desmentir essa tese. A história da asa frontal no GP da Grã-Bretanha de 2010 é uma delas, mas na realidade, fora ele que quebrou a sua asa e não podia usar aquela que Vettel tinha no seu carro. No final, não precisou dele para vencer a corrida, mas a sua frase desabafo no final da prova dizia tudo: "Nada mau para segundo piloto".
Também há outro momento em que Webber desmentiu os críticos que gostam de acusar a Red Bull de hipocrisia. E isso aconteceu no GP do Brasil do ano passado, quando pura e simplesmente foi-se embora é não ajudou Sebastian Vettel em relação aos ataques que a concorrência fazia contra ele, e que resultou, por exemplo, no despiste do piloto alemão na Curva 3. A sorte é que o carro era suficientemente resistente e Vettel fez o possivel para conseguir o seu terceiro título mundial.
Também há outro momento em que Webber desmentiu os críticos que gostam de acusar a Red Bull de hipocrisia. E isso aconteceu no GP do Brasil do ano passado, quando pura e simplesmente foi-se embora é não ajudou Sebastian Vettel em relação aos ataques que a concorrência fazia contra ele, e que resultou, por exemplo, no despiste do piloto alemão na Curva 3. A sorte é que o carro era suficientemente resistente e Vettel fez o possivel para conseguir o seu terceiro título mundial.
Em suma, Webber - mesmo que desta vez tenha alguma razão por se sentir traído - não tem um passado que demonstra ser um bom soldado ao serviço da Red Bull. Não como outros "empregados do mês" como Felipe Massa, por exemplo. Red Bull só o tolera porque tem uma reputação para defender, e demonstrar que não é "como os outros". E só demonstrou outra coisa que já se sabe há bastante tempo: não tem estofo de campeão. E digo isto porque ele teve uma chance de ouro em 2010 e não aproveitou. Aliás, até pediu à equipa para que instalasse ordens de equipa no final dessa temporada, algo que a Red Bull recusou porque queria ter todas as hipóteses em cima da mesa para conseguir ambos os títulos. Compensou, porque Vettel venceu três das últimas quatro corridas e a Ferrari "marcou" o piloto errado na última corrida, em Abu Dhabi.
Mas em jeito de conclusão toda a gente vai concordar: nunca por estes dias se falou tanto de Formula 1.
Mas em jeito de conclusão toda a gente vai concordar: nunca por estes dias se falou tanto de Formula 1.
3 comentários:
1- ordens dos patrões são para cumprir. são eles que dão um contrato e pagam salário, a menos que na hierarquia, o piloto mande mais que o chefe de equipa. e isso deverá causar embaraço no seio da RBR.
2- Vettel NÃO iria eventualmente apanhar o Webber. a diferença de compostos de pneus não era significativa, como se pode ver nas 40 voltas anteriores, e a RBR NÃO permitiu que discutissem a posição com armas iguais pois o Webber já tinha modificado o mapeamento do motor, confiando nas instruções da sua equipa e sobretudo no seu colega.
3- ética? é ético atacar um colega de equipa sabendo que este se encontra em desvantagem mecânica por ordem da equipa, desobedecendo à mesma ordem? Dizes "deve ganhar aquele que fez mais por isso". O Vettel fez por ganhar, ou aproveitou-se da fraqueza dirigida ao Webber, tanto por ter obedecido ao chefe e confiado no colega. Na minha terra, não se chama "fazer por ganhar", chama-se simplesmente "ganhar à traição".
4- Contaste mal a história da asa no GP de Inglaterra em 2010. Os dois pilotos começaram o GP com asas novas. O VETTEL É QUE QUEBROU A ASA, e a equipa decidiu passar a asa com as novas especificações do Web para o Vet. Daí o desabafo do Web
Estás defendendo um automobilista mimado que desrespeita ordens de equipe e seu colega de equipa.
A postura de Vettel quebrou um código de ética interno da marca,colocando a reputação de Vettel em xeque.
O jovem alemão perdeu o meu respeito.
Vamos lá responder pornto por ponto, Fidalgo:
1 - Tens razão. Deveriam ter deixado cair a máscara há muito tempo, mas enfim... eles lá tem as suas razões.
2 - Sobre isso, aconselho a ler o post que o site Ultrapassagem escreveu sobre isso. Ambos tinham compostos diferentes, e Webber andava com duros. Aqui está o link:http://ultrapassagem.org/2013/03/25/a-polemica-vazia-do-multi-21-de-mark-webber/
3 - Apesar de todos esses aspectos, eu vou continuar a fazer o papel de "advogado do Diabo". Isto porque acho que na Formula 1 deve ser competição e não procissão. E o primeiro competidor é o companheiro de equipa. E às vezes, os pilotos tem de ter a capacidade de desobedecer às ordens dos patrões. Se fosse assim, então na Williams, Nelson Piquet nunca teria sido campeão do mundo. Ele o foi contra toda a gente na equipa, que puxava por Nigel Mansell. Recordas-te disso?
No final, trata-se de uma coisa: respeito aos adeptos. Eles querem ver competição, é por isso que foram atraídos a essa modalidade. Ver as coisas pela metade significa passar a ideia de que ali na Formula 1 tudo é combinado, é como a "luta livre", que é mais um circo do que uma competição ou uma luta. E francamente, não vejo luta livre porque se quero ver teatro ou cinema, vou comprar um bilhete e vou até lá.
Em suma, para empregado do mês, já basta o Felipe Massa.
4 - Bom saber que me tenhas esclarecido sobre esse caso. Nesse aspecto em particular, peço desculpas.
Enviar um comentário