Por detrás de um grande homem há muitas vezes uma grande mulher. E muitas das vezes, o sucesso de muitos casamentos tem a ver com o facto de, independentemente dos bons e maus momentos, estarem unidos e acreditarem nos projetos que embarcam, acreditando que, no fim do caminho, aparecerá a tão ambicionada recompensa. Sempre fui admirador de Frank Williams, mas muita gente não sabe que por trás de um homem persistente e determinado, havia uma mulher que acreditava piamente nos seus projetos, nos seus sonhos. E viveu para ver as duas faces da moeda.
E é por isso que Frank Williams deve estar a sofrer bastante com a morte de sua mulher, Lady Virginia Williams, morta ontem à noite aos 66 anos, vitima de cancro da mama.
Personalidade muito discreta por fora, mas combativa e de forte carácter, "Ginny" era uma força por trás do seu marido, especialmente quando este sofreu o acidente que o paralisou do pescoço para baixo, em 1986, quando regressava do circuito francês de Paul Ricard, após uma sessão de testes.
Ao ler o seu elogio fúnebre no blog do Joe Saward, precebe-se até que ponto ela foi o amor da vida do Tio Frank: De origem aristocrata e casada aos 21 anos com um piloto de automóveis, conhece Frank Williams algum tempo depois. Deve ter sido um enorme magnetismo, tipico de quem sabe, instintivamente, que é com aquela pessoa que quer ficar o resto da sua vida. Casados em 1974, chegou a vencer uma pequena mansão em Knightsbridge para poder financiar os primeiros tempos de Williams como construtor, que como sabem, foram muito duros.
Apesar de todas as dificuldades, o casal teve três filhos: Jonathan, Claire e Jaime Williams.
Em 1977, a persistência compensou. Depois da aliança com Walter Wolf ter dado errado, decidiu começar tudo de novo com um parceiro, Patrick Head. A mudança para Didcot foi aconselhada por ela, que aparentemente, até escolheu os carpetes para forrar a fábrica! Mas acabou por compensar, especialmente depois da entrada dos sauditas na equipa. Em 1979, o FW07 dá à equipa a sua primeira vitória, através do veterano Clay Regazzoni, e no ano seguinte, o primeiro título mundial, com Alan Jones. A partir dali, a Williams partiu para ser uma das potencias da Formula 1, alcançando 114 vitórias, nove títulos de pilotos e sete de construtores.
Virginia Williams depois escreveu uma biografia sobre estes tempos, de seu nome "A Different Kind Of Life", onde fala dos altos e baixos da vida que escolheu, especialmente depois do acidente que Williams sofreu em 1986. Um relato honesto, do qual ela própria acabou por confessar mais tarde ter detestado, por ser, de acordo com as suas palavras, "demasiado brutal".
Para Williams, este inicio de temporada vai ser muito dura para ele. Afinal de contas, estamos a falar da sua conselheira numero um. E decerto que o paddock sentirá a sua falta. Ars lunga, vita brevis.
2 comentários:
ela não era muito de ir ao paddocks, mas era o porto seguro de Frank Williams. Que descanse em paz.
Temo sinceramente que isto acabe por definhar de vez com sir Frank. É um golpe muito duro.
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