segunda-feira, 11 de julho de 2016

O lamento de um campeão


Quando escrevia esta tarde o meu post sobre o atual medo da FIA à chuva - apesar de isso ser justificado em parte por causa dos carros atuaisa serem intrinsecamente eletrónicos, em contraste com os carros altamente mecânicos dos anos 70 e 80 - não sabia que quase ao mesmo tempo circvulava uma carta que precisamente falava sobre esta queixa.

Consegui traduzir o seu conteúdo, e o interlocutor queixava-se ao seu amigo de como as coisas estavam agora, em relação ao que era dantes. Aqui vai:


Caro Paul-Henri

"O que mais se pode dizer senão, 'Oh não...'
Pensava que as corridas na chuva ajudavam a separar os homens dos meninos... não mais.

A pista estava tão seca que quando o safety car deixou a pista, todos os pilotos fizeram a devida paragem nas boxes para se livrar dos pneus de chuva!
Pelo que eu vi, há apenas dois pilotos [de verdade] em todo esse grupo de pretendentes... Hamilton e Verstappen.

Acho que vou ocupar o tempo assistindo badminton... há sempre a chance de que eles possam ser atingido por... o que diabos aquela coisa no qual eles batem se chama! É aí onde mora o verdadeiro drama e perigo!"

O "Paul-Henri" da mensagem é o fotógrafo Paul-Henri Cahier, e a pessoa que o enviou foi um amigo dele, o britânico Vic Elford. Para quem não sabe, Elford, atualmente com 81 anos, é uma personagem única no automobilismo: campeão europeu de ralis em 1967 a bordo de um Porsche, venceu o Rali de Monte Carlo no ano seguinte, correu em treze Grandes Prémios de Formula 1, em oito edições das 24 Horas de Le Mans, venceu a Targa Florio de 1967, as 24 Horas de Daytona em 1968, as 12 Horas de Sebring em 1971, e por três vezes os 1000 km de Nurburgring (1968,69 e 71)

Claro, podem ler isto no seu original no Facebook do fotógrafo. Muitos podem considerar isto como o lamento de dois velhos, mas falamos de pessoas que arriscavam a vida para serem os melhores, aceitavam as condições e muitas vezes rezavam para que a corrida acabasse e poderem comemorar, não uma vitória, mas a sobrevivência de um enorme obstáculo. E ao ver coisas destas, não poderemos ficar admirados sobre a razão porque as pessoas estão a deixar de ver corridas, especialmente a Formula 1.

Creio que bom senso nestas coisas deveria haver, mas como disse antes: esperar que a pista seque para poder andar a toda a velocidade, e ter pneus de chuva "só para o boneco", é gozar com todos os que gostam de automobilismo. E nós, que somos os seus defensores, ou que defendemos a causa automobilistica, atitudes destas só nos fazem pensar que somos uma espécie de "Don Quijotes", abraçando uma espécie de causa perdida...

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