quinta-feira, 7 de julho de 2016

The End: Carl Haas (1930-2016)

O americano Carl Haas, um dos nomes mais conhecidos do automobilismo americano, morreu aos 86 anos de idade. O anuncio foi feito hoje, mas a sua morte aconteceu no passado dia 29 de junho, na sua casa de Lake Forest. A familia falava que sofria de doença de Alzheimer.

Haas, conhecido pelo seu inseparável charuto, encontrava-se retirado do automobilismo desde o final de 2011, depois de mais de 40 anos de carreira como dono de equipa, trabalhando com uma míriade de pilotos lendarios, e tendo como sócios nomes como Mike Laningan e o ator Paul Newman. Haas teve também uma passagem pela Formula 1, em 1986, numa equipa apoiada pela Ford e que teve colaboradores como Teddy Mayer e Tyler Alexander.

Nascido a 26 de fevereiro de 1930, em Chicago, e de origem suíça, Haas começou por ser piloto, em 1952, correndo na SCCA (Sports Car Club of America) e guiando carros como MG’s, Porsches, Jaguares e Ferraris, sempre com resultados modestos. Em 1962, decidiu pendurar o capacete e tentar a sua sorte no lado da gestão. Tornou-se importador da Lola a partir de 1967, e nos anos 70, montou a sua própria equipa, correndo em séries como a Can-Am e Formula 5000.

Nesse período, Haas teve como pilotos nomes como Patrick Tambay, Jacky Ickx, Jackie Stewart, Peter Revson, David Hobbs e Alan Jones, entre outros. A sua passagem pela Can-Am não deu muito sucesso - o seu melhor resultado foi em 1971, quando Stewart foi terceiro classificado com o seu Lola - e na Formula 5000, foi só em 1974 que alcançou o sucesso, com Brian Redman ao volante. Até 1980, os Lolas em seu nome foram os grandes dominadores na competição, com Jones, Ickx e Tambay como pilotos, ao mesmo tempo em que também vencia corridas na regressada Can-Am.

Em 1982, Haas vai para a CART, com a sua própria equipa, como sempre, com chassis Lola. Conseguiu contratar Mário Andretti, mas pouco depois, o italo-americano propôs que Haas fizesse uma associação com outro proprietário, este pouco convencional: Paul Newman.

O ator americano, com jeito para os carros, não tinha grande consideração por Haas, e o sentimento era recíproco. Mas Andretti convenceu ambos a juntarem forças, eles que tinham uma admiração mútua por ele. Em 1983, o acordo fica selado e iria começar uma aventura que iria durar quase três décadas, além da morte do ator, em 2008.

A parceria dava os primeiros grandes resultados em 1984, quando Andretti venceu o campeonato, mas por esta altura, Haas tinha outros grandes objetivos: a Formula 1. Com o apoio do conglomerado Beatrice, Haas decide montar uma equipa com chassis Lola e motores Ford Turbo. E com o dinheiro que tinha conseguido, decidiu formar a FORCE (Formula One Race Car Engeneering) e constituir uma equipa de sonho. 

Como diretor desportivo, foi buscar Teddy Mayer, que cuidou da McLaren por uma década, e trouxe consigo Tyler Alexander, outro fundador da marca. A sua sede europeia foi montada em Colnbrook, na Grã-Bretanha, e contrataram o projetista Neil Oatley, que tinha vindo da Williams, que trouxe consigo um jovem engenheiro, de seu nome Ross Brawn. Mais tarde, juntou-se outro jovem projetista, Adrian Newey, que tinha dado cartas na March ao desenhar os carros da CART naquela altura.

A aventura começou no final de 1985, com o australiano Alan Jones ao volante, e com motores Hart turbo, pois os Ford Turbo ainda não estavam prontos. Os resultados foram modestos, mas esperava-se melhor na temporada seguinte, com os motores Ford Turbo e um companheiro de equipa, na figura do francês Patrick Tambay, ex-Renault. Contudo, apesar dos motores e de toda esta gente, a Beatrice deixou de financiar e no final de 1986, a equipa abandona a Formula 1, regressando aos Estados Unidos.

Em paragens americanas, a Mário juntou-se o seu filho Michael, e ele tornou-se campeão em 1991. No final do ano seguinte, este decidiu mover-se para a sua curta aventura na Formula 1, e no seu lugar veio o britânico Nigel Mansell, que tinha sido companheiro de Andretti na Lotus, em algumas corridas de 1980. O britânico, que tinha sido campeão em 1992, pela Williams, ficou com o título em 1993, tendo sido durante algumas semanas, o único piloto na história a ter ambos os titulos ao mesmo tempo. No ano seguinte, Mário Andretti pendurou o capacete de vez, aos 54 anos de idade, e depois, para o lugar, veio pilotos como Paul Tracy e o brasileiro Christian Fittipaldi.

Em 2002, o brasileiro Cristiano da Matta tornou-se campeão ao serviço da equipa, para logo depois rumar para a Formula 1, ao serviço da Toyota, e no seu lugar veio o francês Sebastien Bourdais. Entre 2004 e 2007, o piloto alcançou quatro títulos seguidos e vencendo a grande maioria das corridas nesse período. Mas por essa altura, a CART estava em decadência, e em 2008, ambas as categorias fundiram-se, com a Newman-Haas a ser uma das equipas sobreviventes, com pilotos como Graham Rahal.

Em setembro de 2008, Paul Newman morria e Carl Haas sentia a velhice. Apareceu um novo sócio, Mike Lannigan, e a equipa se manteve até 2011, com o canadiano James Hintchcliffe e o espanhol Oriol Serviá. No final, devido à falta de patrocinio, a Newman-Haas acabou a sua saga na IndyCar, mas o legado permanece ao longo de todos estes anos. Ars lunga, vita brevis, Carl.

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