Há dez anos, quando comecei este blog, sabia que mais cedo ou mais tarde iria encontrar com polémicas do qual teria de defender a minha honra perante pessoas que me apontariam o dedo e me chamassem de mentiroso. Dúvidas ou ambiguidades por causa de falta de informação, é uma coisa, aldrabar completamente é outra. E disso, defendi-me sempre e apresentei factos para suportar as minhas teorias.
Falo disso tudo porque no inicio desta aventura, falei sobre o GP do Mónaco de 1984. E na altura, tinha como base um livro chamado "Bandeira da Vitória", escrita por Ivan Rendall, e que em 1995, a Autosport encarregou-se de publicar a versão portuguesa em fascículos. Ali, falava-se que quando Jacky Ickx decidiu encerrar precocemente a corrida, na volta 32, dando a vitória a Alain Prost e metade dos pontos - ironicamente, foi esse meio ponto a diferença entre ganhar e perder o título mundial no final do ano a Niki Lauda - ele tinha sido multado em seis mil dólares e retirada a licença para dirigir corridas, já que ele era o diretor do GP monegasco, apesar de na altura ter 39 anos e correr pela Porsche no Mundial de Sport-Protótipos.
Aliás, há quem tenha dito na altura - e hoje em dia - que Ickx deu a vitória a Prost e não a Senna por causa dessas ligações, pois Prost guiava um carro com motor Porsche, esquecendo-se que não era oficial, mas sim uma encomenda que Mansour Ojjeh, o dono da Techniques D'Avant Garde, fez à marca alemã para fazer um motor 1.5 litros Turbo, que foi bem sucedido entre 1983 e 87, com três títulos mundiais de pilotos e construtores, a bordo de uma excelente máquina que era o McLaen MP4/2.
Há umas semanas, o Luis Alberto Pandini mandou-me uma mensagem via e-mail, dizendo que estava a limpar uma conta antiga quando me viu uma mensagem minha, de meados de 2007, onde eu pergunto sobre as dúvidas existentes sobre alguma penalização dada pela então FISA a Ickx pelas ações que tomou em Monte Carlo. E ele me deu um recorte de jornal, o Folha de São Paulo, datado de 26 de fevereiro de 1985, onde diz o seguinte:
"A Federação Internacional de Automobilismo Esportivo (FISA) confirmou a suspensão de licença do belga Jacky Ickx (ex-piloto de Formula 1), diretor do Grande Prêmio do Mônaco de 84, interrompido indevidamente por causa de uma chuva, alegando que ele poderia ter ordenado uma parada dos carros, mas que não deveria ter encerrado a prova. Naquela ocasião, o piloto francês Alain Prost liderava a prova, seguido do brasileiro Ayrton Senna, quando Ickx decidiu encerrar a corrida faltando mais de metade das voltas para o final. Prost parou a poucos metros da linha de chegada e Senna passou em primeiro, recebendo a bandeira quadriculada. Mesmo assim, Prost foi declarado vencedor."
Ali não se fala da multa, mas como a noticia refere indiretamente sobre a sentença de um recurso, parto do principio que isso deve ter acontecido na versão inicial, antes de ter sido visto por um tribunal superior, que confirmou a sentença. Falta ver, por exemplo, outros arquivos, como os automobilísticos (Motorsport, Autosport e outros), mas o facto de ter havido uma sanção a Ickx por parte da então FISA por algo irregular, mostra que havia um fundo de verdade?
Vingado? Não faço uma festa com isso. Mas ver que houve coisas que chegaram tarde, mas a tempo de confirmar a minha teoria tem o seu quê de engraçado.
2 comentários:
Vivendo e aprendendo, sempre!!!
Não sabia dessa história!
Um abraço do outro lado do Atlântico!
Aquela"vitória" acabou por ser um castigo ao professor.
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