"A Federação Internacional de Automobilismo (FIA) lamenta informar que um incidente grave envolvendo os carros nº 12 [Juan Manuel Correa], 19 [Anthony Hubert] e 20 [Giuliano Alesi] ocorreu às 17:07 de 31 de agosto de 2019 como parte da corrida de sprint de Fórmula 2 da FIA no Spa -Francorchamps, 17ª ronda da temporada.
A cena foi assistida imediatamente por equipas médicas e de emergência, e todos os pilotos foram levados ao centro médico.
Como resultado do incidente, a FIA lamenta informar que o motorista do carro nº 19, Antoine Hubert (FRA), sucumbiu aos ferimentos, falecendo às 18:35.
O piloto do carro nº 12, Juan-Manuel Correa (EUA), está em condição estável e está sendo tratado no hospital CHU de Liège. Mais informações sobre sua condição serão fornecidas quando estiverem disponíveis.
O piloto do carro nº 20, Giuliano Alesi (FRA), foi verificado e declarado [como] apto no centro médico.
A FIA está apoiando os organizadores do evento e as autoridades relevantes, e iniciou uma investigação sobre o incidente."
Este é o comunicado oficial da FIA, informativo e frio, como costumam ser todos os comunicados.
Indo para além dos comunicados frios, das imagens chocantes, da periculosidade do automobilismo, das emoções que tais coisas podem causar, o que se pode dizer é que hoje, mais uma vez, a Morte esteve no circuito. E o jovem Anthony Hubert morreu não muito longe do local onde, 34 anos - e menos um dia antes - Stefan Bellof também conheceu o seu destino. Creio que do Radillon até ao Eau Rouge devem ser uns meros 150 metros, a subir ou a descer numa inclinação assinalável.
É a primeira morte na Formula 2, GP2 e Formula 3000 desde Marco Campos, em Magny Cours, em 1995. Poderemos considerar também o Gonzalo Rodriguez, em 1999, mas o seu acidente fatal foi numa prova da CART, em Laguna Seca. E também poderemos pensar no acidente de Henry Surtees, em 2009, em Brands Hatch, numa prova de Formula 2 enquanto entidade autónoma da GP2, mas independentemente de onde e quando, e com quem, o que sabemos é que, hoje, mais uma vida se perdeu numa prova de automobilismo. Um piloto que tinha tudo para vencer, campeão de GP3, e vencedor de corridas na Formula 2 nesta temporada.
E Humbert teve o mesmo destino de tantos outros dos seus compatriotas que competiram quer na Formula 1, quer os que pereceram nas categorias de acesso, desde Denis Dayan e Jean-Luc Salomon, em Reims, numa prova de Formula 3, em 1970, a Pierre Levegh, Jean-Louis Lafosse e Sebastian Enjolras, em Le Mans. Para não falar da lista de franceses mortos na Formula 1: Louis Rosier, Jean Behra, Jo Schlesser, Francois Cevért, Patrick Depailler, Jules Bianchi.
Pergunta-se de todas as vezes o que fazer para melhorar a segurança dos carros. Vê-se e depois faz-se. É um pouco como na aviação. Os pilotos costumam dizer que o manual de instruções dos aviões foi escrito com a cor vermelha de sangue, e também é assim no automobilismo. No final, o que vemos é um jogo do gato e do rato entre a tecnologia e a Ceifeira que espreita por um momento para arrancar do nosso seio estes rapazes - e algumas raparigas - que sonham apenas com triunfo. Não tragédia.
Quanto à imagem, é melhor que seja esta que a do acidente, que agora sabemos ter sido fatal. Creio que todos gostaríamos que fosse assim: a vencer, como um campeão. Ars longa, vita brevis, Anthony.
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