Nos anos 60 e 70, um dos que estavam nas bocas do mundo era Evel Knievel. O acrobata americano dava nas vistas com os seus saltos de mota, saltando contra carros e autocarros em arenas e parques de estacionamento de casinos. Claro, nem todos os saltos corriam bem, e Knievel colecionou a sua quota parte de ossos quebrados e operações, bem como placas de metal que colocavam no seu corpos porque essas partes se tinham tornado muito fracas. Knievel parou de saltar em 1975, mas os seus feitos, que passavam regularmente na televisão, colocaram o seu nome nas bocas do mundo. Bonecos com a sua cara foram vendidos aos milhares nas lojas de brinquedos, e tenho a certeza que, se os jogos de computador existissem nessa altura, certamente fariam jogos com a sua cara.
A maior façanha de Knievel foi em 1974, quando quis saltar o rio Snake, no Idaho, a bordo de um foguete que ele próprio desenhou. A façanha foi filmada em direto na TV e foi um fracasso. Espetacular, mas um fracasso. E felizmente, ele sobreviveu para contar a história.
O que poucos e lembram é que isso fez alargar os horizontes de um obscuro acrobata canadiano. Até ao inicio dos anos 70, Ken Carter não passava de um saltimbanco que pegava em velhos carros e saltava um velhas pistas de terra batida, com algumas mazelas pelo caminho. Até que viu Evel Knievel e o seu salto sobre o rio Snake e teve a mesma ideia, mas mais ambiciosa: saltar o rio São Lourenço, um salto transfronteiriço, já que de um lado era o Canadá, e do outro, os Estados Unidos. O local do salto era em Morrisburg, e ia saltar para uma ilha no estado de Nova Iorque, e a ideia era fazê-lo num carro a jato.
O plano foi traçado em 1975, com a ideia do salto acontecer no ano seguinte. Mas o que viria a ser um mero salto acrobático acabou por virar uma saga onde aconteceu e tudo um pouco, e o final aconteceu a 5 de outubro de 1979, quatro anos depois dos planos iniciais, e sem o acrobata a bordo. Foi outro no seu lugar, e ele ficou com... um pulso partido, três costelas fraturadas e oito vértebras magoadas. E o salto foi um fracasso espectacular, porque o paraquedas abriu antes de tempo. Como no salto do Evel Knivel.
Depois de ver este artigo do Road & Track americana, descobri o documentário sobre ele feito em 1981, que documenta a preparação para o salto, e as várias peripécias que passou, quer na construção do carro, na preparação do local e no financiamento desta empreitada, que tem muito de... louco. Mas ele autointitulava-se de "O Canadiano Louco"...
Já agora: Ken Carter nascera Ken Poljack em Montreal, em 1938, e morreu a 5 de setembro de 1983 em Peterborough, no Ontário, quando fazia um salto sobre uma lagoa num Pontiac Trans-Am movido a jato.
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