Há 40 anos, a Formula 1 começava a correr em San Marino.
Dizendo melhor... voltava a correr por duas vezes em terras italianas. A última - e única vez - que correram em duas pistas na "bella Itália" tinha sido em 1957 quando foram correr em Pescara. Tinham recebido a Formula 1 no ano anterior, e como até gostaram de correr por lá, mas Monza é um local sagrado, lá arranjaram um esquema para poderem correr no circuito Dino Ferrari - o Enzo só se acrescentou em 1989, após a morte do Commendatore - sem ter uma espécie de "vantagem injusta" sobre os demais. Logo, um "GP de San Marino" até calhou muito bem, um esquema que durou até 2006, e também foi usado para a Moto GP, por exemplo.
Mas a prova san-marinense foi aquela onde Nelson Piquet tornou a triunfar. Segunda vitória consecutiva, não só no calendário, mas também na mesma pista, pois foi ali que meses antes tinha ganho o GP de Itália. Contudo, o conhecimento da pista tinha um truque, uma "vantagem injusta", se preferirem.
Quem conhece a história da Brabham nos quinze anos sob a batuta de Bernie Ecclestone, sabe que havia uma pessoa ao lado que tratava dos aspectos técnicos: Gordon Murray. E como Colin Chapman, fazia e tudo para pegar no livro de regulamentos e descobrir os buracos existentes. E no tempo das saias laterias, que faziam com que o efeito-solo fosse eficaz, quando a FISA decidiu retirá-las e a FOCA quase criou uma competição paralela, a Brabham tinha de usar algo que desse para contornar esse esquema. E encontrou: uma suspensão pneumática que fazia contornar os seis centímetros de espaço que os carros tinham de ter entre o chassis e o solo. Com um botão, os pilotos colavam o carro ao asfalto durante a corrida e depois, antes do escrutínio, o carro era levantado, colocado no lugar e ninguém dava pela diferença.
E claro, não foi só Piquet o beneficiado: o seu companheiro de equipa, Hector Rebaque, também foi beneficiado. o seu quarto lugar final fez com que, de uma só vez, conseguisse mais pontos numa corrida do que tinha tido em toda a sua carreira até então. Mas tudo isso aconteceu também porque a Ferrari fez um erro terrível no qual, sem isso, as coisas teriam sido muito diferentes.
Gilles Villeneuve começou a corrida na pole-position, e ele liderou com categoria enquanto a pista estava molhada. Contudo, parara de chover e a pista secava, e o canadiano pensava que seria assim até ao final, e ele queria antecipar à concorrência. Mas cometeu um erro, porque quando meteu os slicks... o tempo não mudou. Aliás, nova carga d'agua obrigou-o a trocar para pneus adequados para a ocasião e foi para o final do pelotão. Fez uma corrida fenomenal a partir daquele momento, fazendo a olta ais rápida, mas o erro já tinha sido cometido e não foi além do sétimo posto, ficando fora dos pontos.
Se o erro prejudicara a Ferrari, beneficiava a Brabham. Mas Piquet não saia de Imola com a liderança, porque Carlos Reutemann acabara em terceiro, e saia com três pontos de avanço. O duelo sul-americano continuava.
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