Contudo, por estes dias, soube-se que foram descobertos arquivos e gravações dele, que tentava fazer uma autobiografia, em conjunto com o argumentista Stewart Stern, que para além de editar as partes, iria fazer entrevistas com amigos do ator. Contudo, Stern morreu em 2015, e tudo tinha caído no esquecimento. Agora, a editora Alfred A. Knopf anunciou na passada quarta-feira que a biografia vai ser concluída e será lançada em 2022, e falará sobre "ser ator, realizador, sobre a família, a infância, a fama, o amor, Hollywood, Broadway, a politica, o automobilismo, o casamento com Joanne Woodward e a sua tentativa de envelhecer graciosamente".
No comunicado da editora, eles continuam: “Através da voz de Newman e de outros, o livro captura a ascensão paradoxal e imparável de uma estrela que lutou contra as dúvidas, acreditando que era inferior a Marlon Brando e James Dean, e ainda assim transcendeu seu status de 'gordo' para se tornar um ator vencedor de um prémio da Academia, piloto de corridas, ativista social e empresário cuja filantropia gerou quase mil milhões de dólares para causas beneficentes ”
“Este resultado é um retrato do ator na íntegra, desde seus primeiros dias até seus anos na Marinha, desde seu início em Hollywood até sua ascensão ao estrelato, e com um vislumbre íntimo de sua vida familiar.”
Neste canto, vamos falar de Newman, o automobilista. Que é tão fascinante quanto o de ator, porque foi uma paixão tardia, e aconteceu por causa de um filme sobre Indianápolis. Em 1969, fez "Winning", onde ele fazia o papel de Frank Capua, cujo interesse romântico era... Woodward. E tinha como objetivo vencer as 500 Milhas de Indianápolis. Vi o filme há muitos anos, confesso, e anda por aí no Youtube, tenho a certeza. Não é "Grand Prix", mas não é um mau filme.
Newman treinou-se para o papel, andando num carro de Can-Am e a condução despertou o seu interesse pelo automobilismo. Visto inicialmente com dúvidas, andou na Trans-Am por mais de 20 anos, especialmente ao serviço da Nissan, e com o tempo, ganhou o respeito dos pilotos, por ser competente, e não uma "chicane móvel". E em 1979, aconteceu o seu auge, quando a bordo de um Porsche 935, ao lado de Dick Barbour e do alemão Rolf Stommelen, chegou ao segundo lugar nas 24 Horas de Le Mans. Uma posição que iguala Steve McQueen quando nove anos antes, conseguiu a mesma posição ao lado de Pete Revson nas 12 Horas de Sebring, também um Porsche, mas num 908.
Montou a sua equipa na Can-Am, ao lado de Bill Freeman, onde pilotos como Keke Rosberg, Teo Fabi, Danny Sullivan estavam ao volante, e competia contra gente como Carl Haas, que começara a sua vida a construir caixa de velocidades na firma do seu pai, em Illinois, e depois se tornara no representante da Lola na América do Norte. Newman não ia com a cara dele, mas em 1983, Mário Andretti queria-os juntos, porque achavam que poderiam ser capazes de alcançar títulos na CART. A parceria deu certo, e até 2011, três anos depois da morte de Newman, tinham ganho oito títulos e 107 corridas, dando carros a Mário Andretti, Michael Andretti, Nigel Mansell, Cristian Fittipaldi, Cristiano da Matta e Sebastien Bourdais, estes todos com passagens pela Formula 1. Até Haas fez uma equipa na Formula 1, entre 1985 e 86, mas sem a participação do ator.
No paddock, sempre que alguém via, a unica coisa que queria falar era sobre corridas. Holywood ficava à porta. Mas de vez em quando ambos os mundos se misturavam. Certo dia, quando viu Nigel Mansell, achava que as suas maneiras e o seu caráter seriam ótimos na industria cinematográfica, achando que daria um bom ator.
Newmann correu até bem tarde. A sua última participação no automobilismo foi em 2006, em Lime Rock, num Corvette, tinha ele 81 anos, numa altura em que faria também o seu último grande papel, quando fez a voz de Doc Hudson no primeiro "Cars". Ao lado de Sam Posey, ele acabou por vencer essa prova.
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