segunda-feira, 19 de junho de 2023

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A história deste chassis deverá ser das mais fascinantes da história do automobilismo. Afinal de contas, falamos da genialidade de um engenheiro e projetista, cujo sucesso ao pensar fora da caixa, acabou por perder por causa da politica, e das ambições do seu patrão.

Tudo começou quando a Lotus, por fim, mostrou o seu modelo 79, praticamente mostrando todo o seu potencial no efeito-solo, apareceu no fim de semana do GP da Bélgica e praticamente demoliu a concorrência, especialmente nas mãos de Mário Andretti. Ronnie Peterson, o segundo piloto da equipa, teve o seu chassis na corrida seguinte, em Jarama, e conseguiu também estar na frente da concorrência. Esta sabia que, sem um carro com efeito-solo total, não teria chances. E das suas, uma: ou esperava por 1979 para reagir, e daba este campeonato por perdido, ou então, construía um carro para o estrear o mais rapidamente possível. E foi isso que a Brabham fez, graças a um génio chamado Gordon Murray

Entendido o principio do efeito-solo, Murray decidiu construir uma "versão B" do carro, e ao olhar para os regulamentos, descobriu uma explicação convincente para o seu dispositivo: arrefecer o seu motor flat-12. Este explicitava que os dispositivos móbeis eram proibidos por si, mas não se tivessem outro propósito. E como servia para arrefecer o motor, passou na verificação dos comissários suecos. 

Claro, mal chegou, foi um furor: tapados com uma tampa de um caixote do lixo - juro, não inventei esta! - quando foi mostrado, a ventoinha do BT45B foi um furor, e equipas como Tyrrell, Lotus e Fittipaldi protestaram o carro, alegando que estaria ilegal, mas como seguiram a letra do regulamento, estes protestos foram invalidados. 

O carro andou fantasticamente - mas Bernie Ecclestone decidiu que tinham de andar com os depósitos cheios - e os carros de Niki Lauda e John Watson foram segundo e terceiro na grelha, e o austríaco ganhou quando o motor de Andretti rebentou, sendo acompanhado no pódio pelo Arrows de Riccardo Patrese - o seu primeiro da carreira - e pelo Lotus de Ronnie Peterson, cujo terceiro posto foi uma pequena desilusão com o potencial do seu carro. 

Acabada a corrida, o carro foi protestado novamente, e Bernie decidiu retirar o carro. A razão? Politica. Na realidade, a FISA disse que o carro poderia correr em Paul Ricard e Brands Hatch, e se calhar, até teria dado luta aos Lotus. Mas no final daquele ano, a FOCA, a Associação de Construtores da Formula 1, iria escolher o seu presidente, e Bernie queria o cargo. Era muito habilidoso a negociar acordos com as televisões e em 1978, teria conseguido que estes dessem um milhão de dólares a cada uma das equipas presentes. E isso, em certos aspetos, era um terço do orçamento dessas equipas. E Bernie queria ser popular com as equipas, logo, abdicou da luta pelo campeonato, esperando ganhar mais adiante. 

Claro, quem não gostou foi Gordon Murray, que viu o seu projeto retirado de cena em tão pouco tempo. Mas o palmarés é perfeito: uma corrida, uma vitória.  

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