Normalmente, Abu Dhabi providencia um ambiente de final de esta para uma temporada que foi a mais longa da história da Formula 1, com 24 corridas. Com a Liberty Media a fazer com que a temporada agora dure tanto quanto a gestação de um bebé, ou seja, nove meses, e claro, ao fim de algum tempo, as pessoas começam a ficar fartas de andarem por ali. E mesmo que este seja um fim de semana para embrulharem tudo, regressar ao Reino Unido e preparar para a nova temporada, dali a mês e meio tudo começa de novo, para que em março, a nova temporada arranque sem percalços.
Era também um tempo de despedidas... e estreias. Valtteri Bottas, Guanyou Zhou, Franco Colapinto e Kevin Magnussen estavam a despedir-se da Formula 1 - pelo menos oficialmente. Lewis Hamilton ia embora da Mercedes, depois de 12 temporadas de ótimos serviços, e Carlos Sainz Jr. também ia da Ferrari para um futuro incerto na Williams. Quanto a Sérgio Pérez, tudo indicava que também iria embora pela porta pequena, apesar de muitos terem afirmado o contrário. Como disse um amigo meu durante a semana, "Checo... eslovacou-se."
Em contraste, Jack Doohan conseguiu um ligeiro avanço em relação aos estreantes de 2025, ao estrear-se "a frio" no Alpine que era de Esteban Ocon, que saiu antes de tempo, porque se desconfiava já ter tirado a camisola da equipa, porque para o ano estará na Haas, ao lado de Oliver Bearman. Aliás, bem vistas as coisas, as três corridas que o britânico já conseguiu este ano poderão afirmar que ele é que tem o maior dos avanços para a próxima temporada...
Antes da qualificação, soube-se que Charles Leclerc iria ser penalizado em 10 lugares por causa de uma troca num dos componentes do carro, ou seja, na melhor das chances, iria partir de 11ª na grelha, e a sua corrida iria ser de luta por um lugar nos pontos e tentar ajudar na luta pelo título de Construtores. Parecia que a McLaren já tinha uma mão e meia no troféu, ou se quiserem, a Ferrari iria lutar com uma mão amarrada às costas...
Caía a noite em Abu Dhabi, a Q1 começou com os pilotos a adaptarem às condições da pista. Nada de muito especial ao longo desta primeira fase, com a agitação a ser mais forte na parte final. Ali, o asfalto começou a ficar mais fresco, fazendo os pneus moles funcionar, e os tempos começaram a cair. Ao ponto de Valtteri Bottas ter o melhor tempo! 1.23,481. Leclerc fez depois 1.23,302,
E assim passamos para a Q2.
Não houve grande história, mesmo antes de Max Verstappen fazer 1.22,998, para ficar no topo da tabela de tempos. Isso ficou guardado para a parte final.
Ali, as coisas começaram quando Carlos Sainz Jr marca 1.22,980, mais cinco milésimos que Leclerc, que depois... viu o seu tempo apagado por ter passado dos limites da pista! Péssima noticia para o monegasco, que já tem a penalização de dez lugares para cumprir. Bottas conseguiu 1.23,341, suficiente para colocar o seu Sauber na Q3, o que é um grande feito para alguém que fará ali na sua última corrida na Formula 1... por enquanto.
No final, algumas surpresas, outras... nem tanto. Uma Sauber na Q3 - queriam mostrar serviço antes de virarem Audi - graças a Valtteri Bottas, Pierre Gasly com a sua Alpine e Nico Hulkenberg com a sua Haas, mas por outro lado, Charles Leclerc foi 12º e não passou, o que deixa a Ferrari só com um carro na Q3, e as suas chances de conquistar o Mundial de Construtores à McLaren muito pequenas.
A acompanhar o infortunado monegasco, ficaram Kevin Magnussen - na sua última corrida na Formula 1 - os Racing Bulls de Yuki Tsunoda e Liam Lawson, e o Aston Martin de Lance Stroll, enquanto Fernando Alonso conseguiu passar para a fase seguinte.
A agitação parou por uns minutos, afinal de contas, preparavam-se os carros para a Q3.
Logo a seguir, vieram os McLarens. Se Oscar Piastri ficou a 20 centésimos de Max, Norris é apenas mais lento que Max em... quatro milésimos! E todos fizeram aquela curva sem perder o controlo.
Na investida final, o primeiro espanto: Nico Hulkenberg, no seu Haas, faz 1.22,886, e bate Max, ficando na primeira posição, enquanto todos tinham os olhos nos McLaren. Eles ainda demorariam mais algum tempo para marcarem tempo, e quando assim foi, Oscar Piastri marcou 1.22,804, menos 82 centésimos para "Hulk", enquanto Norris, pouco depois, fez melhor: 1.22,595, arrecadando a pole-position. Entre eles, Sainz Jr, que não conseguiu mais que 1.22,824, sendo terceiro.
Em jeito de rescaldo, foram os McLaren que levaram a melhor, com Norris - como sempre - a ser o melhor para conseguir a pole-position. Parece que o britânico está a gostar de fazer a volta mais rápida, batendo o seu companheiro de equipa, e com os Ferrari atrás na grelha, apesar do terceiro lugar de Sainz Jr, parece que tem tudo para alcançar o título de Construtores que lhes escapa desde 1998, os tempos de Mika Hakkinen e David Coulthard.
Mais espantoso foi o lugar de Nico Hulkenberg, que é quarto, na frente de Max Verstappen, e o mau lugar de George Russell, sétimo, apenas na frente de Fernando Alonso, Waltteri Bottas e "Checo" Pérez, numa parte final que andou mais baralhada que o costume. Creio que seja o ambiente de final de festa, com alguns em melancolia e outros a querer atirar os foguetes e apanhar as canas...
Amanhã é dia de corrida. E claro, queremos saber como isto tudo acabará.
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