segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

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Há uns tempos, a FIA, na figura do seu presidente, Mohammed Ben Sulayem, decidiu que as asneiras e os palavrões dos pilotos lançados em direto tinham de ser penalizados. Primeiro em dinheiro, depois, em pontos na Super-Licença. Neste final de semana, no final do rali da Suécia, o francês Adrien Formaux, piloto oficial da Hyundai, foi multado em dez mil euros, com mais 20 mil suspenso, enquanto não cometesse outra falta, ou seja, não pode dizer asneiras em direto para as câmaras. 

O palavrão acontece como desabafo depois do piloto se ter despistado na última etapa e acabado por desistir. Afinal de contas, quem fica contente por sair da estrada por acidente? Enfim...

Claro, não deixo de comentar com os meus amigos nas redes sociais. E afirmei isto: "Preparem-se, não falta muito para o Kyalami desta geração". Não poderia fazer ideia que essa resposta fosse gostada por imensa gente, como fogo em palha seca. E passadas algumas horas, a resposta continua popular.

Para quem não sabe, por já não se lembrar ou por não ser nascido em janeiro de 1982, eu explico: a meio de janeiro desse ano, na prova de abertura do mundial de Formula 1, ocorrido nessa localidade dos arredores de Joanesburgo, na África do Sul, os pilotos, chefiados pelo regressado Niki Lauda, decidiram fazer greve por causa das condições impostas pela FISA para poder ter a Super-Licença. Entre outras clausulas, havia contratos com o mínimo de três temporadas, e em caso de despedimento, não correriam mais nessa temporada. 

Lauda leu os novos regulamentos e achou um abuso, e felou com os seus colegas. Ele afirmou que os seus direitos tinham de ser defendidos e falou com o presidente da GPDA, Didier Pironi. E de imediato, colocou-os no autocarro e os levou para o hotel, onde os barricou por dia e meio, ameaçando que não iriam participar. Jean-Marie Balestre e Bernie Ecclestone, respetivamente presidentes da FISA e da FOCA, a associação de Construtores, ameaçam os pilotos de despedimento e retirada das licenças, mas eles fazem finca-pé, até que eles cedem e os pilotos voltam aos seus carros. foram uma vitória dos pilotos e estes dias ficaram na memória de muitos, dando um sentido de união entre eles. A GPDA extinguiu-se pouco depois, reativando-se em 1994, depois dos eventos do GP de San Marino, em Imola.

Agora, em 2025, temos esta lei algo discriminatória e até anti-democrática. Penalizar fortemente por um desabafo, para controlar aquilo que os pilotos afirmam nas conunicações de rádio - já foi proposta a proibição da sua publicidade - reclamar por aquilo que é justo parece ser um ato de rebeldia, com forte penalização. E com gente como Max Verstappen, que não tem problema algum em afirmar o que pensa, estas penalizações são desnecessárias, e em vez de educar a acalmar, fará o contrário. Ainda por cima, uma lei dita por alguém cujos poderes dentro da Formula 1 são equivalentes aos do Rei de Inglaterra: chefia, mas não manda.

E pergunto: tudo isto para quê? E quando acontecer uma daquelas situações-limite, do qual um dos lados gritar "chega!", como reagirá a atual GPDA, liderada por George Russell? E como reagirá a Liberty Media, que neste momento aparenta ter uma atitude neutral, porque acima de tudo, está mais preocupada com o dinheiro que entra e sai? Como é que este "circo" - é o que veremos amanhã, quando os carros forem apresentados - quando o dono se zangar com os acrobatas, trapezistas e domadores, não porque os paga mal, bem pelo contrário, mas porque os decidiu tratar abaixo de cão, espiolhando que abre a boca e diz asneira?

Em jeito de conclusão: isto é uma polémica evitável. E o grande culpado é o dono desta entidade, cujo poder todos sabem que é virtual. 

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