domingo, 17 de agosto de 2025

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Hoje em dia, consideramos Nigel Mansell como um dos mais carismáticos pilotos do seu tempo. Com 31 vitórias e um título mundial, correndo em quatro das principais equipas do seu tempo - Lotus, Williams, Ferrari e McLaren - para além de uma vitória no campeonato CART, na sua primeira temporada, ficando com ambos os títulos por alguns dias em setembro de 1993, Mansell, agora com 72 anos, é uma lenda do automobilismo.

Mas em 1980, tinha tudo para não entrar na Formula 1. E só ficou porque o seu patrão viu algo nele. 

Entre 1978 e 80, ele tinha estado na Formula 3, a lutar contra carros pouco competitivos, e ainda por cima, sofreu um acidente bem feio com Andrea de Cesaris, que acabou com fraturas em duas vértebras no pescoço que o deixaram hospitalizado por algumas semanas. Contudo, precisamente nessa altura, a sua condução agressiva tinha sido notada num dos homens que ele queria que prestasse atenção: Colin Chapman.

Nessa altura, estava 1979 a chegar ao seu final, e Chapman promovia um teste em Paul Ricard, e o objetivo era de preencher o segundo lugar da equipa principal, que tinha sido deixado vago por Carlos Reutemann, que ia a caminho da Williams. Mansell saiu do hospital mais cedo, encharcou-se de analgésicos para amainar a dor, e foi à pista para tentar a sua sorte. O lugar acabou nas mãos do italiano Elio de Angelis, que tinha feito uma boa temporada na Shadow, mas Mansell conseguiu um prémio de consolação: piloto de testes. 

Mansell fez mais uma temporada na Formula 3, altern ado com algumas corridas de Formula 2, mas entretanto, fazia as suas tarefas como piloto de testes, para desenvolver o modelo 81. Nesta altura, a marca estava inundada com o dinheiro da Essex, do misterioso David Thieme, e Chapman dava algum ao projeto do carro que considerava ser um "stop gap" para o seu próximo golpe de génio. Contudo, quando Mansell conseguiu evoluir o carro, Chapman achou que não seria mau se desse uma chance ao seu piloto de testes. 

E a 15 de agosto de 1980, no circuito de Osterreichring, o carro numero 43, um 81B, deu os seus primeiros passos. Não foi muito longe na qualificação, acabando na 24ª posição, mas beneficiando do acidente sério de Jochen Mass para ficar mais aliviado na batalha pela qualificação. No dia da corrida, Mansell esteve perto de não largar: uma fuga de combustível o deixou com queimaduras de primeiro e segundo grau nas suas nádegas, tornando a sua condução algo dolorosa. 

E não foi muito longe: uma quebra de motor na volta 40 fez com que a sua corrida acabasse ali. Mas nem tudo foi mau: o seu companheiro de equipa, Elio de Angelis, deu um ponto à Lotus, acabando em sexto. 

As corridas seguintes não foram muito melhores. 16º em Zandvoort, e abandonando cedo por causa dos seus travões, em Imola, não se qualificou depois de ter sofrido um acidente que destruiu o seu carro - se qualificasse, teria tirado fora da corrida... o McLaren de Alain Prost! - e era para ir às corridas americanas, mas Mário Andretti teve um acidente e ficou com o seu chassis, deixando-o de fora. 

Pelos vistos, não tinha convencido ninguém. Excepto uma pessoa: Chapman. Entretanto, Mário Andretti decidira que iria competir pela Alfa Romeo em 1981, e o lugar era disputado. Thieme queria Jean-Pierre Jarier, a imprensa julgava que ele iria ficar com ele, depois de duas temporadas na Tyrrell, mas Chapman achou que seria o piloto ideal ao lado de Elio de Angelis, no seu projeto revolucionário do 88, com chassis duplo. Mas isso é para outras calendas. 

O que importa saber é que há 45 anos, Mansell dava os seus primeiros passos na Formula 1. 

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