Nascido a 1 de outubro de 1963, em Genebra, ele começou a correr em monolugares em 1985, na Formula Ford, antes de passar no ano seguinte para a Formula 3 francesa. Sem grande história, chegou à Formula 3000 em 1988, onde a correr pela Sport Auto Racing, não conseguiu qualquer resultado de relevo até ser chamado pela equipa GBDA para substituir Michel Trollé, que tinha sido um dos acidentados na carambola na ronda de Brands Hatch.
Fazendo as quatro rondas finais da competição, conseguiu dois terceiros lugares em Nogaro e Zolder, e esses oito pontos lhe dariam o 13º posto da geral.
Em 1989, corre na FIRST, de Lamberto Leoni, e os resultados foram um desastre, não conseguindo pontuar, com o seu melhor resultado sendo um nono posto em Dijon. Ele continua em 1990 e 91, sem resultado.
Depois disto, ele parte para os Turismos Franceses, correndo pela Seat, enquanto também corre na Porsche Super Cup, sem qualquer resultado de relevo. Contudo, no final de 1994, é chamado para saber se não queria correr na Formula 1. Naturalmente, aceitou, sendo o primeiro suíço em quatro anos, depois de Gregor Foitek, que foi piloto da Montverdi/Onyx, em 1990.
Apesar da lentidão e da nítida falta de experiência, e o seu dinheiro foi usado para pagar contas atrasadas com os fornecedores da equipa, Deletraz... qualificou-se. E nem foi o último! 24ª na grelha, na frente do Simtek de Domenico Schiartarella, 6,2 segundos mais lento que Nigel Mansell, o poleman, tornou-se numa chicane ambulante ao longo da corrida, acabando-a na volta 56, com problemas na caixa de velocidades.
Jonathan Palmer, comentador da BBC ao lado de Murray Walker, disse umas verdades sobre o desempenho de Deletraz e da Formula 1 de então:
"Sim, Delétraz... sinceramente, não tem nada a ver com a Fórmula 1. E está a demonstrar isso mesmo: ele está a gastar todo o seu modesto esforço, francamente, para manter o carro na pista. Ele segura agora o Gerhard Berger, que perdeu um segundo para Nigel Mansell, no seu Larrousse. Receio que este seja um dos problemas da temporada - no final do ano temos uma ou duas voltas feitas por pessoas que têm mais dinheiro do que talento, e esse é um exemplo.", comentou.
Parecia que não se ouviria mais dele, mas cerca de um ano depois... ele regressaria ao volante de um Pacific. No inicio da temporada, a equipa tinha absorvido parte dos bens da Lotus, tinha Bertrand Gachot como um dos seus acionistas, mas perto do final da temporada, precisava de dinheiro para saldar as suas dívidas para com a Cosworth, e recorreram a Delétraz para as corridas do final do ano, a começar por Portugal. Já antes tinham cedido a Giovanni Lavaggi por quatro corridas, sem sucesso.
Na primeira, no Estoril, ele mostrou o que valia: apesar de afirmarem que ele tinha tido problemas com a caixa de velocidades, ele acabou em último, atrás dos Forti, com um tempo de 1.32,769... 12,3 segundos mais lento que o da pole-position feito por David Coulthard. Para exemplo, Roberto Moreno, penúltimo no seu Forti, tinha feito... 1.27,523.
A sua corrida foi mais lenta que o caracol, em termos automobilísticos. Perdeu 40 segundos para Coulthard ao fim de... três voltas, e na sétima, era passado por ele. Era o piloto mais lento numa pista de Formula 1 desde Al Pease, em 1969, e ao fim de 14 voltas, não aguentou: uma cãibra no braço esquerdo o obrigou a abandonar.
Na corrida seguinte, em Nurburgring, já não foi tão lento assim. "Apenas" foi 9,1 segundos mais lento, mantendo o último lugar da grelha. Na corrida, conseguiu evitar as armadilhas de uma pista molhada - mas que secou progressivamente - e acabou no 15º posto da geral, sete voltas mais abaixo de Michael Schumacher. Mas a fama de "chicane móvel" continuou.
Parecia que as corridas seguintes iriam ser assim, mas quando Delétraz falhou o pagamento da prestação seguinte, ele foi dispensado, acabando ali a sua aventura na Formula 1. No seu lugar veio Bertrand Gachot, que com ele conseguiu a sua melhor classificação da equipa, quando acabou o GP da Austrália em oitavo lugar. Delétraz não regressou mais, mas a fama ficou: quando a regra dos 107 por cento entrou em vigor, em 1996, chamaram-ma coloquialmente de "regra Delétraz", mas na realidade, houve mais gente a colaborar nisso.
A partir daí, regressou para a Endurance e os Sportscars. Especialmente em Le Mans, onde foi quinto em duas ocasiões: em 1995, com Fabien Giroix e Olivier Grouillard, num McLaren GTR, e em 2001, num Reynard 2KQ-LM-Volkswagen, ao lado de Jordi Gené e Pascal Fabre. Mas também andou bem no campeonato FIA GT, onde foi segundo classificado em 2006 num Aston Martin DBR9 da Phoenix Racing. A sua última temporada foi em 2012, correndo pela Gulf num Lola-Nissan, na classe LMP2.
Hoje em dia, assiste à carreira do seu filho Louis, que anda na IMSA americana e na European Le Mans Series. Mais talentoso e com melhor palmarés que o pai, nesta última categoria foi campeão em três vezes, em 2021, 2022 e 2024. Para além disso, triunfou na classe LMP2 do WEC, na temporada de 2023.




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