Vai fazer 25 anos dentro de duas semanas, mas decidi antecipar a efeméride, pois é semana de Grande Prémio em solo alemão, e acho que é importante falar dele, pois não só fala de um circuito que muito prezo, mas que a Formula 1 excluiu este ano, como também é uma corrida onde a glória e comédia andaram de braço dado com a tragédia, pois foi aqui que Didier Pironi encerrou de uma forma dramática s sua carreira na Formula 1, quando tinha todas as chances de ser o primeiro Campeão do Mundo francês.
Este foi o Grande Prémio da Alemanha de 1982.
Antes da etapa de Hockenheim, Didier Pironi liderava destacado o Mundial de pilotos, depois das suas vitórias em San Marimo e na Holanda. Piloto regular, tinha 39 pontos à chegada à Alemanha, quando faltavam cinco corridas para o fim da temporada. O Ferrari 126C era uma máquina ganhadora, a única capaz de rivalizar com o rápido. Mas pouco fiável Renault R30B de Alain Prost e René Arnoux, apesar terem feito dobradinha na etapa anterior, no circuito francês de Paul Ricard.
Apesar destes dois opositores, foi Pironi que levou a melhor nos treinos, seguido por Nelson Piquet, no seu Brabham-BMW e René Arnoux. Alain Prost foi o quarto na grelha e Patrick Tambay ficou com o quinto posto. Os treinos correram sob piso seco, mas na manhã de Domingo, 8 de Agosto, uma chuva intensa faz reduzir a visibilidade na pista, ainda mais quando as árvores à volta complicam a visibilidade aos pilotos, devido à humidade no ar e a devida condensação. O Ferrari de Pironi tinha passado a terceira chicane (mais tarde chamada Chicane Senna), quando não viu que estava demasiado próximo do Renault de Alain Prost. O carro catapultou, num acidente de todo semelhante ao que matou o seu companheiro Gilles Villeneuve exactamente três meses antes. Pironi ficou com graves ferimentos nas pernas, e era o final da sua carreira automobilística.
A corrida seguiu mais tarde, com o primeiro lugar vago. Nelson Piquet, que horas antes tinha sido o primeiro a chegar ao local e ficara traumatizado com a gravidade dos ferimentos, perdeu o comando para os Renault de Prost e Arnoux, caindo para terceiro, à frente de Tambay. Na volta dez, depois de os ultrapassar, a comédia acontece: quando o Brabham-BMW numero 1 tenta ultrapassar o ATS do chileno Eliseo Salazar na segunda chicane, este não o vê e atira o brasileiro para fora da pista. Depois, ele sai do carro e anda à porrada com Salazar! Algo inédito, sem dúvida…
Anos depois, A BMW disse-lhe que o motor provavelmente não iria aguentar mais duas voltas, o que seria um embaraço ainda maior, caso isso acontecesse no seu próprio Grande Prémio… portanto, a colisão até foi uma bênção! Vá-se lá entender a natureza humana…
A corrida decorreu sem muitos mais atractivos. Patrick Tambay alcançou a sua primeira vitóris de sempre em Formula 1, amenizando a atmosfera de pesar na Ferrari, René Arnoux, acabou em segundo, no seu Renault. Para completar o pódio, veio o Williams de Keke Rosberg. Dos outros candidatos ao título, o francês Alain Prost desistiu com um problema na injecção do seu Renault. enquanto que o inglês John Watson, num McLaren, desistiu por despiste perto do fim, fazendo com que o grande beneficiário da situação fosse o finlandês. E talvez tenha sido aqui que ele construiu o percurso que o levou ao título mundial…
1 comentário:
Estas é daquelas corridas que quem viu em directo, o meu caso, nunca se esquecerá, fundamentalmente pelo combate de boxe Piquet X Eliseo. É caso para dizer que se hoje muitas corridas se decidem na box, antes decidiam-se pelo boxe! lol
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