Este é mais um dos artigos escritos por um rapaz (tem a mesma idade do que eu...), de seu nome Nuno Vieira, mas que é conhecido no Fórum Autosport de NMAV (as suas iniciais). De quando em quando escreve excelentes artigos, e há uns tempos atrás escreveu sobre o Honda RA 272, de 1965. E como hoje a equipa do Sol Nascente está pelas ruas da amargura, é melhor elevar a moral dos “Hondistas”, recordando o seu primeiro momento alto, há quase 42 anos atrás.
Estamos em 1965: Começa o conflito armado no Vietname, Humberto Delgado é assassinado em Espanha, assim como Malcom X em Nova York. O Canadá hasteia a sua nova bandeira, vermelha e branca e com uma folha de plátano no meio. Aleksei Leonov realiza o primeiro passeio no espaço, depois de sair da sua cápsula em orbita da Terra.
Os Rolling Stones editam o álbum "Satisfaction", a sonda Mariner 4 sobrevoa Marte e envia fotografias do planeta vermelho pela primeira vez. A França lança o seu primeiro satélite, Singapura e Rodésia tornam-se independentes!
Jim Clark vence as 500 milhas de Indianapolis ao volante de um Lotus e obtem também o seu segundo titulo na Formula 1.
E que mais aconteceu?
A Honda investe a sério na Formula 1: já tinha estreado no ano anterior, entrando em 2 provas com o americano Ronnie Bucknum (1936-1992), mas no ano seguinte, Yoshiro Nakamura embarca para a Europa juntamente com uma equipa de engenheiros e mecânicos, totalmente japonesa.
A equipa decide montar uma verdadeira equipa com 2 carros, entregues a Ronnie Bucknum e também a outro americano: Richie Ginther. Desde o GP do Mónaco, os nipónicos começam a demonstrar a nova cultura que acabava de chegar à F1.
Apesar de obterem bons resultados nos treinos, por uma ou outra razão, o Honda precisava ainda de muitas afinações. Na Bélgica o pequeno V12 que gritava nas rectas (mais de 12.000 rpm!!), conseguia finalmente o primeiro ponto. Ginther conseguia mais um ponto na Holanda, mas de resto até ao México, o Formula branco e com o sol nascente desenhado, não conseguia terminar provas.
Para o México e depois de comprovarem que os circuitos com grandes rectas eram os ideais para o Honda, as coisas iam “aquecer”. Em Monza, apesar de tudo, as coisas não correram bem e Nakamura e a sua equipa, não se privaram de nada no circuito da Cidade do México.
Nos treinos fizeram centenas de quilómetros e na 6ª e no sábado do Grande Prémio tinham a pista só para eles entre as 6 e as nove da manhã, para testes privados. Com tantos quilómetros acumulados, conseguiram afinar a injecção ao máximo, para correrem sem problemas a 2245 metros de altitude, que era onde fica situado a Cidade do México.
No domingo, 24 de Outubro de 1965, Richie Ginther estava na primeira linha da grelha em 3º, ao lado do seu compatriota Dan Gurney e de Jim Clark. No arranque, o americano foi mais rápido que Jack Brabham e na longa recta à sua frente o Lotus, era rapidamente alcançado. À saída da curva “Espiral”, sai em 1º e não largou mais o comando até ao final. Conta-se ainda hoje, que quando Ginther se apercebeu que liderava o GP, pensou que tinha derramado óleo na pista e os seus adversários tinham-se despistado!
Ao fim de duas horas de prova, pela primeira vez na história da F1, era um carro japonês o vencedor. Alem disso, a Goodyear alcançava a sua primeira vitória em Grandes Prémios. A marca americana ainda hoje usa este resultado como a vitoria “1”, na sua cronologia desportiva!
Foi também a ultimo motor a vencer a categoria de 1.500 cm3, uma vez que no ano seguinte os motores até 3.000 cm3 começariam a ser usados. A tudo isto se juntarmos o 5º lugar de Ronnie Bucknum, podemos considerar este GP muito especial.
O Honda RA 272, possuía um motor V12 com 1.499 cm3, o que fazia com que cada cilindro tivesse a medida unitária de 125 cm3. De facto o motor era baseado no desenho do motor 6 em linha de 250cc que equipava a Honda RC166.
O motor era um autêntico propulsor de mota: além de atingir as 12.000 rpm, valores que lhe davam cerca de 230 cv, o cantar deste motor era de tal maneira estridente, que fez com pela 1ª vez, houvesse muita gente a meter as mãos nos ouvidos, quando o carro saía do pit lane! A alimentação estava a cargo de uma injecção indirecta com 6 corpos da Keihin, e tinha uma caixa de de 5 velocidades Honda transversal. Pesava cerca de 500 kg sem piloto e não há informações exactas da sua velocidade máxima. Apenas a informação de que onde houvesse longas rectas, ninguém o conseguia alcançar!
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