Uns chamam de Our Nige, ou Red Five. Em Itália é conhecido por Il Leone. Os detractores podem chamá-lo de Brutânico, mas ele marcou uma era na Formula 1. Foi o último piloto escolhido quer por Colin Chapman, quer por Enzo Ferrari, para guiar os seus carros. Foi campeão do Mundo por uma vez, mas poderia ter sido mais vezes, caso o azar não tivesse batido à porta nos momentos decisivos... Hoje faz 54 anos, e continua activo. Hoje falo de Nigel Mansell.
Nigel Ernest James Mansell nasceu a 8 de Agosto de 1953 em Upton-upon-Severn, no centro de Inglaterra. Viveu parte da infância em Birmingham e licenciou-se em Engenharia Aeroespacial, trabalhando durante algum tempo na Lucas Engeneering. Em 1976, aos 22 anos, decidiu correr na Formula Ford. Sem grandes meios (vendeu a sua casa para financiar a temporada na Formula Ford), tornou-se campeão em 1977, altura em que sofreu um acidente grave, que quase o deixava incapacitado. No ano seguinte, correu na Formula 3, ao volante de um Lola. Essa primeira temporada foi para aprender, pois corrida com motores inferiores. Em 1979, com a sua temporada paga pela Dave Price Racing, terminou em oitavo lugar no campeonato, com uma vitória em Silverstone.
Contudo, outro acidente grave quase comprometeu a sua carreira, fracturando uma vértebra. Nessa altura, as suas performances tinham chamado a atenção de Colin Chapman, que lhe concedeu um teste. Graças a analgésicos, convenceu Chapman a dar-lhe um lugar como piloto de testes da Lotus, em 1980.
Durante esse tempo, Mansell mostrou rapidez e consistência suficientes para que Chapman inscrevesse um terceiro carro para o britânico. Participou em três Grandes Prémios nesse ano, com o Lotus 81B, essencialmente para o desenvover. Contudo, não terminou nenhuma corrida nesse ano. Mas no final de 1980, Mario Andretti muda-se para a Alfa Romeo, e Mansell fica na equipa.
Durante os quatro épocas que se seguiram, Mansell tinha à sua disposição carros pouco fiáveis, polémicas com a equipa e a FIA (o famoso Lotus 88 de chassis duplo, banido pela FIA), e a morte do seu fundador, Colin Chapman. Para além disso, muitas das vezes Mansell era frequentemente batido por Elio de Angelis... Contudo, teve bons resultados. Em 1981 alcançou o seu primeiro pódio, no GP da Belgica. No final dessa época, Mansell iria conseguir oito pontos, o que lhe deu o 14º lugar na classificação.
Em 1982, Mansell alcançou outro pódio, no Brasil (depois das desclassificações de Piquet e Rosberg), mas o seu Lotus só chegava para o meio do pelotão. Para piorar as coisas, era mal pago. Tão mal pago que aceitou um convite para correr as 24 Horas de Le Mans desse ano, porque lhe davam 10 mil Libras, um quinto daquilo que ganhava... por ano! Ao saber disso, Colin Chapman deu essas 10 mil Libras... para não correr, e renovou-lhe o contrato por mais duas épocas, a valores bem mais altos...
No final, Mansell conseguiu sete pontos, e repetiu o 14º lugar da época anterior. Para 1983, as coisas poderiam melhorar, pois tinham finalmente motores Renault Turbo, e tinha caido nas boas graças de Chapman. Mas o fundador morre a 16 de Dezembro desse ano, e como disse na sua "My Autobiography", "Aquele foi um ponto baixo da minha vida. Parte de mim morreu naquele dia, pois tinha perdido um membro da minha familia" Para piorar as coisas, o substituto na Lotus, Peter Warr, não morria de amores por Mansell, e não tinha intenção de cumprir o seu ano final de contrato. Mas graças às pressões da John Player Special, o patrocinador principal, a Lotus cumpriu na integra o seu contrato.
Em 1983, as coisas melhoraram um pouco. alcançou novo pódio, em Brands Hatch, fazendo a volta mais rápida, e acabou a temporada com 10 pontos e o 12º lugar. Em 1984, Mansell foi regularmente batido por Elio de Angelis, mas conseguiu a sua primeira pole-position em Dallas, corrida essa onde acabou desmaiado com o calor intenso que se sentia nesse dia... foi um dos exemplos que ficaram no coração dos adeptos. No final da época, Mansell conseguia 13 pontos e o nono lugar, com dois pódios e uma pole-position, empatado na classificação com um novato da Toleman chamado Ayrton Senna...
3 comentários:
Espero pela segunda parte do texto, então. Não conhecia alguns detalhes da carreira de Mansell, como o início de sua vida automobilística e o convite para correr em Le Mans. Belo post, parabéns.
Grande abraço Speeder!
Bela lembrança!
Esse vídeo acaba de entrar para o meu arquivo.
Valeu Speeder!
Quero fazer uma nota dissonante: Elio de Angelis foi melhor que Mansell, bateu Mansell quando correram com carros iguais, mas Elio morreu e Nigel foi campeão.
Acho Mansell bom e uma figura folclórica da F1.
Mas vendo o livro da vida dele, tão bem escrito nesse 'blog', lembrei de um cara de quem Nigel foi sombra e para quem perdeu no confronto direto.
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