sexta-feira, 10 de agosto de 2007

O piloto do dia - Nigel Mansell (3ª parte)

Em 1991, Nigel Mansell está de regresso à Williams. À sua espera estava o FW14, desenhado por Adrian Newey e desenvolvido por Patrick Head, e que tinha potêncial vencedor. Também tinha à espera um companheiro de equipa mais dócil, que não levanteria tantos problemas como os anteriores: o italiano Riccardo Patrese.


A época de 1991 não começou bem devido a alguns problemas de juvantudo no carro, período esse que foi aproveitado por Ayrton Senna para ganhar as quatro primeiras provas do campeonato. quando finalmente tem a sua primeira chance da ganhar, no Canadá, aparece Mansell no seu pior: na última volta, enquanto comemorava o que parecia ser uma vitória certa, deixa cair o motor abaixo! Incrédulos, os responsáveis da Williams viam Mansell a recolher um ponto, enquanto que Nelson Piquet, seu adversário na pista, ria às gargalhadas e agradecia ao "brutânico" a vitória caída do Céu...


Mas quando a Formula 1 chegou à Europa, Mansell começou a ganhar: Foi o primeiro a corta a meta em Paul Ricard, em Silverstone (onde deu boleia a Ayrton Senna), em Hockenheim, Monza e Barcelona, onde disputa um duelo com Senna na recta da meta, com as rodas dos carros a centímetros um do outro. Mas isso não chegou para alcançar o título: primeiro no Estoril, quando uma roda se soltou depois de partir das boxes, e em Suzuka, quando se despistou à décima volta. No final da época, Mansell foi vice-campeão, com 72 pontos, resultantes de cinco vitórias, nove pódios, duas pole-positions e seis voltas mais rápidas.



Mas todos sabiam que 1992, se corresse bem, o titulo seria dele: o carro estava no seu melhor e o piloto britânico estava mais maduro. E exemplificou isso com um inicio de época fabuloso: cinco vitórias seguidas, que poderiam ser seis, caso não tivesse um furo lento a poucas voltas do fim e não caísse atrás de Ayrton Senna. por causa disso, não só o piloto brasileiro igualou o record de Graham Hill, como também proporcionou um duelo de "cortar à faca"...


Mas esse momento foi apenas um pequeno soluço na caminhada imparável de Mansell rumo ao título mundial, alcançado na Hungria, tornando-se então no campeão mais precoce de sempre, quando faltavam cinco provas para o final do campeonato. Na temporada de consagração, Mansell conseguiu 108 pontos, ganhou nove corridas, subiu ao pódio por doze vezes, fez 14 pole-positions e oito voltas mais rápidas.


Contudo, nuvens negras apareciam no horizonte: Mansell e Frank Williams divergiam sobre um eventual renovação do contrato, mas quando lhe disseram que tinham assinado com Alain Prost logo no inicio da época, Mansell decidiu abandonar a equipa e não defender o título de campeão em 1993. Sendo assim, decidiu mudar de ares: foi para os Estados Unidos e para o Campeonato CART. Assinou um contrato com a Newman-Haas, para substituir Michael Andretti (que tinha ido para a Formula 1 guiar um McLaren), e logo na sua primeira corrida, no circuito australiano de Surfers Paradise, fez a pole-position e ganhou a corrida. Uma entrada de Leão!


Mas Mansell era capaz do melhor e do pior. Na prova seguinte, na oval de Phoenix, bate forte no muro e é atingido por um pneu, impedindo-o de correr. Mas depois recupera, e apesar de ter sido terceiro nas 500 Milhas de Indianápolis, ganha mais quatro provas, em Michigan, New Hampshire, Nazareth e no Wisconsin, alcançando o título da CART, o primeiro "rookie" a fazê-lo, e quando o conseguiu, ainda detinha o título de campeão de Formula 1, o que fazia com que fosse o primeiro (e até agora o unico) piloto a deter os dois títulos ao mesmo tempo...


Mas em 1994, as coisas tendiam a piorar no campeonato CART. Os resultados foram piores, um incidente nas 500 Milhas de Indianápolis com Dennis Vitolo fizeram com que não fosse mais desejado por aquelas bandas. Até o seu companheiro de equipa, o veteranissimo Mario Andretti, comentou: "Se Ronnie Peterson foi o meu melhor companheiro de equipa que tive, Mansell foi certamente o pior. Perdi o respeito por ele, como pessoa."



Entretanto, a Formula 1 e a Williams vivia uma das suas piores épocas. Ayrton Senna tinha morrido em Imola, e a equipa do "tio Frank" precisava de um piloto mais maduro ao lado de Damon Hill. David Coulthard ainda era muito jovem, logo, chamaram Mansell para correr nas vezes em que o calendário da CART e da Formula 1 não coincidiam. Correu em Magny-Cours, mas desistiu, e nas três provas finais, onde fez a pole-positiom e venceu õ polémico Grande Prémio da Australia, em Adelaide. No final da época, Mansell tinha ficado no nono lugar, com 13 pontos.


No final de 1994, todos pensavam que aos 41 anos, ele tinha fechado a loja. Mas no inicio de 1995 aceitou um convite para correr na McLaren, ao lado de Mika Hakkinen. Só que o carro era inguiável e grande demais para o "brutânico" e após duas corridas frustrantes, Mansell abandonou a equipa e a Formula 1 pela porta pequena...


O resumo da sua fabulosa carreira ficou assim: em 191 Grandes Prémios, corridos em quinze temporadas, conseguiu o título mundial, em 1992, 31 vitórias, 59 pódios, 32 pole-positions e 30 voltas mais rápidas, totalizando 480 pontos.


Na CART, Mansell conseguiu em 31 corridas, corridas em duas temporadas, cinco vitórias, sete pole-positions e 13 idas ao pódio, ganhando o título de 1993.



Após a sua reforma da Formula 1, participou algumas vezes em eventos de caridade, guiando entre outros, Minardis de dois lugares. Em 1998, fez uma perninha no BTCC, guiando um Ford Mondeo, mas o carro era pouco competitivo e os resultados foram escassos. Em 2005, porém, Mansell faz um regresso em grande: ajudou a fundar a GP Masters, evento para pilotos veteranos com mais de 45 anos, correndo em carros Lola, com mais de 450 cavalos. Os seus opositores eram outas lendas da formula 1 como Emerson Fittipaldi, Jacques Lafitte, Riccardo Patrese e Andrea de Cesaris, entre outros. Das três corridas realizadas até agora, duas delas foram ganhas pelo "Red Five"...

2 comentários:

Rogério Magalhães disse...

É, grande Leão... aliás, sobre essa corrida de 1991, no Canadá, eu lembrei dela outro dia no Muquifo, mas por causa do Piquet, de quem sempre fui fã. Encontrei até um vídeo do final da prova, o tonto do Mansell ficando à pé depois de abrir a últma volta esnobando e dando tchauzinho para a galera...

http://muquifodoportuga.blogspot.com/2007/07/por-falar-em-piquet.html

Mas como eu disse, com tudo isso, o Mansell é sim um dos últimos grandes nomes de uma Fórmula 1 que não veremos mais, em que ainda valia a capacidade do piloto em pilotar e armar estratégias, não apenas um jogador de videogame diante de tantos botões e tão vigiado por telemetria...

José António disse...

Bom dia.
Belo texto, como sempre.
Só uma duvida: acho que o Nigel é que era grande demais para o McLaren.

O voto no seu blog já está. O NKL85 sou eu.

Cumprimentos e bom fim de semana