Falar deste homem não é consensual. Muitos brasileiros não gostaram dele, mas outros consideram-no um excelente piloto, que devido ao seu cerebralismo, foi cognominado de "O Professor". Antes de ganhar o primeiro dos seus quatro títulos, perdeu mais dois, um deles quase certo. Os criticos apontavam-lhe a sua alegada propensão para intrigas, e até hoje, o seu despedimento da Renault ainda não está muito bem explicado. A partir de hoje, vou falar de Alain Prost.
Alain Marie Pascal Prost nasceu em Saint-Chamond, no vale do Loire, a 24 de Fevereiro de 1955 (fará agora 53 anos). Filho mais novo de pais de origem arménia, cedo demonstrou propensão para o desporto, jogando futebol e luta livre. O nariz que ele tem agora foi devido à quantidade de vezes que o partiu... Aos 14 anos, descobre o karting, e decide que este vai ser o seu desporto de eleição, reforçado com a quantidade de campeonatos que ganhará até 1974, altura em que ele se torna piloto porofissional.
Em 1975, ganha o campeonato nacional de karting, cujo prémio é uma temporada na Formula Renault. Quando compete nessa categoria, no ano seguinte, torna-se campeão, ganhando todas as corridas, menos uma. Em 1977, passa para a Formula Renault europeia, onde se torna campeão, e em 1978, vai para a Formula 3. Após esse ano de aprendizagem, Alain Prost dobrará esforços na temporada de 1979, quer na Formula 3 francesa, quer na europeia. Resultado: ganha ambos os campeonatos.
No final desse ano, várias equipas de Formula 1 mostraram-se interessadas nos seus serviços. Depois de ponderar, Alain Prost escolhe a McLaren, que lhe dá inicialmente a possibilidade de correr com um terceiro carro nas corridas finais de 1979. Surpreendentemente, ele recusa, justificando que tal manobra não beneficia nem a ele, nem a equipa. Sendo assim, vai correr para a equipa na temporada de 1980, assinando por três épocas.
Nesse ano, a McLaren estava em queda. Tinha perdido James Hunt para a Wolf, e penara por bons resultados com John Watson e Patrick Tambay na temporada anterior, conseguindo apenas um pódio e 15 pontos. As coisas para 1980 não seriam melhores, pois eles não tinham um bom chassis, e a Marlboro ameaçava retirar o seu patrocinio, caso as coisas melhorassem. Mas isso só seria resolvido mais lá para o fim desse ano, quando se uniu esforços com a Project Four de Ron Dennis.
Mas por agora, ainda iriam penar na temporada de 1980. Mas para Alain Prost, o seu inicio de temporada seria bom: sexto na Argentina, quinto no Brasil. Mas na Africa do Sul, um acidente nos treinos obriga a uma fractura no pulso, e fica de fora em duas corridas. Quando volta, consegue bater frequentemente o seu companheiro John Watson e pontua em mais duas corridas: Inglaterra e Holanda. No final desse ano de estreia, os cinco pontos dão-lhe o 16º lugar na classificação, mas Prost decide sair no final do ano, queixando-se da pouca fiabilidade do carro.
Isso foi sufuciente para que a Renault o contratasse, substituindo Jean-Pierre Jabouille. Correndo com René Arnoux como companheiro, imediatamente se tornou mais rápido do que ele, embora os resultados iniciais não o provassem. Ganha o seu primeiro pódio na Argentina, mas não acaba mais nenhuma corrida até ao GP de França, em Dijon-Prenois. Classificado na grelha atrás de René Arnoux e de John Watson, Prost conseguiu superar ambos, acabando mais de dois segundos à frente do britânico. Mais tarde, ele recordou: "Antes, sabias que era possivel ganhar. Agora, sabes que consegues". Era a primeira das suas 51 vitórias.
O baixinho francês ganha mais duas corridas, na Holanda e em Itália, e torna-se num sério candidato ao título nesse ano, mas a desistência no Canadá torna as coisas impossiveis. No final do ano, é quinto classificado, com 43 pontos.
O ano de 1982 é memorável para Alain Prost: em Kyalami e em Jacarépaguá, Alain Prost ganha ambas as corridas e começa o campeonato bem destacado na frente. Mas a pouca fiabilidade dos Renault destroça as suas chances de título, e até ao final da temporada, só ganha mais 14 pontos, dos 18 alcançados nas duas primeiras corridas da temporada. Entretanto, as relações entre ele e Arnoux, já de si tensas, entram em ponto de ruptura após o incidente do GP de França, onde Arnoux decide desrespeitar um pré-acordo verbal, em que ele iria suportá-lo durante a corrida, e decidiu ganhá-la, quando Prost ainda tinha chances para atacar o título mundial. No final do ano, Arnoux estava na Ferrari, e Alain Prost ficava no quarto lugar do campeonato, com 34 pontos.
Em 1983, Alain Prost era o incontestado piloto numero 1 na Renault. Tinha a equipa toda a trabalhar para ele, e as suas aspirações ao título mundial eram maiores do que nunca. Contudo, na ronda inicial, em Jacarépaguá, Prost não pontuou, enquanto que Nelson Piquet foi o vencedor. Contudo, Prost ganha a sua primeira corrida em Paul Ricard, e começa a ser mais fiável que o Brabham do piloto brasileiro. É segundo em Imola, terceiro no Mónaco, ganha em Spa-Francochamps, Silverstone e Zetweg. À saída da corrida de Zandvoort, Prost tinha 51 pontos e Piquet tinha apenas 37, e tudo indicava que Prost e a Renault iriam finalmente ganhar o tão almejado título mundial, pois faltavam apenas três corridas para o final da temporada.
Mas em três corridas, tudo mudou: A Brabham arranja um tipo de combustível, cujo conteúdo causou controversia (falava-se em combustível de avião...), e Piquet ganha em Monza e Brands Hatch, e fazia com que o título se decidisse na última prova do campeonato, no circuito sul-africano de Kyalami. Nessa corrida, Piquet controlou a corrida, deixando a Prost o ónus de tentar conseguir os pontos necessários para ser campeão. Só que na volta 35, o Turbo do seu carro falhou, e Prost não teve outro remédio senão abandonar. O sonho de um título mundial francês, num carro francês esfumava-se, e Nelson Piquet conquistava o bi-campeonato.
(continua amanhã)
3 comentários:
Mal posso esperar pelas continuações, durante muitos anos odiei este senhor, e hoje olhando para trás vejo o quão grande ele foi. Cerebral, rapido... Guiava com uma irritante perfeição. Esteé da estirpe de pilotos que fazem da f1 a maravilha que é...
Sem dúvida, Prost é muito bom. Dos melhores de todos os tempos.
Mas foi sujo e não está entre os mais velozes.
Fiquei com dó da torcida dele, em 1989, quando ele bateu no Senna, no Japão, e viu Senna voltar à pista e vencer. Por mais que o Balestre tenha feito para salvar o campeonato para Prost, o fato é que deve doer, quando seu ídolo faz uma falcatrua, não faz bem feito e ainda abre caminho para o 'inimigo' dar um show.
Mas o pior foi rodar na volta da apresentação, em Imola-1990: essa doeu.
Eu gosto muito do Prost. Nunca deixei de admirá-lo. Já chamou minha atenção logo na segunda que fez, o GP do Brasil de 1980, o último no traçado original de Interlagos. A maneira como ele disputou o quinto lugar com Riccardo Patrese (e chegou à frente) fez ver que ali estava um futuro campeão. Dali em diante, só torci contra ele em 1983 (disputou título com Piquet) e em 1984 (minha preferência era por Lauda).
Cometeu seus erros, como vários outros campeões também cometeram. Mas o fato incontestável é que Prost é o terceiro maior campeão da história, e o segundo maior vencedor de corridas. Merece todas as reverências.
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