O campeão de GP2 de 2008, o italiano Giorgio Pantano, confessa-se "abandonado" pelas equipas de Fórmula 1, que não lhe proporcionaram sequer um teste, ao contrário do que sucedeu com outros pilotos que ficaram atrás de si no campeonato. Em declarações à revista italiana Autosprint, Pantano, que passou pela categoria máxima do em 2004 ao serviço da Jordan, mostrou-se desapontado com o alheamento das equipas, que nunca o contactaram sequer para um teste.
"Desafio toda a gente a ter um currículo tão bom como o meu. Venci dois títulos mundiais de karting, três europeus, três italianos, a Fórmula 3 alemã, a GP2 e estive sempre na frente na F3000", elucidou Pantano. "E agora não tenho lugar na Fórmula 1, isto é alguma piada? Se não se entrar em contacto com as pessoas, ninguém olha para ti. Sinto-me abandonado", confessou um amargurado Pantano, que se pode tornar o primeiro campeão de GP2 sem lugar na F1.
O italiano, actualmente com 29 anos, afirma, contudo, que unica pessoa que lhe foi correcto com ele foi Bernie Ecclestone. "Liguei-lhe há alguns dias atrás e dez minutos depois ele ligou-me de volta. Os únicos lugares disponíveis são na Honda e na Toro Rosso. O Bernie disse-me que se alguma coisa acontecer, eu serei o primeiro a saber", referiu, não se escusando a reforçar a sua ideia de que se sente desprezado pela categoria máxima.
"Sinto uma total indiferença em relação a mim. Leio sobre o Senna e o Buemi mas, na verdade, o que é que eles fizeram? Nesta altura, uma pessoa na minha situação deve pensar que ser piloto não é vantajoso e fazer qualquer outro trabalho seria melhor", acrescentou o amargurado italiano, asseverando que o talento já não é importante, mas sim o dinheiro.
A terminar, faz um pedido: "Só queria poder fazer um teste com um carro de F1. Assim que o teste acabasse, dir-me-iam se seria um possível campeão do mundo ou não", observou, referindo que isso traria "paz de espírito".
A conclusão a que se chega é simples: A Formula 1 é um desporto elitista. E para chegar a essa categoria máxima, no qual só existem 20 lugares de titular, e cujos critérios são cada vez mais apertados, são três: nome, dinheiro e juventude. Daí a aposta nos filhos (e familiares) dos pilotos consagrados dos anos 70 e 80, que tenham à volta dos 18 ou 20 anos, e obssessão pela precicidade faz-me pensar se não existem olheiros nas maternidades, procurando talentos para 2025 ou algo assim... para não falar no mais clássico: a mala cheia de dinheiro. E então numa altura de crise, como estas, tirem as vossas conclusões.
Acresce-se que Pantano teve uma passagem pela Formula 1, ao serviço da Jordan, do qual não deixou história. E para piorar as coisas, saiu da equipa antes do final da época, devido aos maus resultados. E foi substituido por... Timo Glock. Logo, ainda poderá haver pessoal que pense assim. Portanto, o melhor conselho que se pode dar a ele é esquecer a Formula 1 e procure outras paragens, como a América. Com a IRL a revavivar-se, acho que seria um meio ideal para mostrar todo o talento que têm. E até seria um regresso...
4 comentários:
"Só queria poder fazer um teste com um carro de F1. Assim que o teste acabasse, dir-me-iam se seria um possível campeão do mundo ou não"
Então vamos ver o que fez com o Jordan e está tudo dito. E mesmo com as condicionantes da equipa estar ligieramente mais concentrada no Heidfeld e tudo.
Pantano não está sozinho nesse clube... Depois de um 2008 excelente, tudo leva a crer que Lucas di Grassi também vai ficar sem carro para acelerar.
Fórmula 1 com 20 carros é pouco... Pouco demais. Faz mal para o automobilismo.
Ainda não tinha registrado, mas aqui vai: parabéns pela entrevista com Fábio Andrade. Muito interessante (da parte dos dois).
Comecei no Grid GP um discussão sobre as marcas que 2008 deixou na F1 e em todos nós. Se quiser participar, será um prazer.
Abraços!
Fábio Campos
nome, dinheiro e juventude
ultimamente se tornou os três pilares da F1
Na maternidade eu não sei, mas Hamilton não foi cria da McLaren desde o início da adolescência?
Sinto pelo Pantano e realmente não ter sequer chance de um teste é complicado, mas depõe contra ele já ter passado antes pela categoria sem ter feito nada que fosse digno de registro, já ter 29 anos (numa categoria que a maioria dos pilotos param próximo aos 35 anos) e não ter vencido a GP2 de forma tão impressionante assim (acredito que se o Lucas tivesse corrido a temporada inteira, tinha levado o título).
Quanto a entrar na F-1, ainda acredito que haja espaço para o talento (e, pra mim, nome = dinheiro no final das contas), só que ou o cara prova que está num patamar diferenciado (pronto pra ser um fora-de-série), ou o resto das variáveis precisam ser fortes (dinheiro e juventude).
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