segunda-feira, 2 de março de 2009

Historieta da Formula 1: Quando o empregado bateu o patrão

Esta, decerto, alguns deverão saber. E se houver algo mais, por favor, digam. Mas quem conta isto é o próprio empregado, portanto...


Estamos no inicio de 1980. A Fittipaldi compra os restos da Wolf (consta-se que por 700 mil dólares), e com ele, um conjunto de boas cabeças, como Harvey Postlethwaithe, e o piloto da marca, o finlandês Keke Rosberg. A Copersucar sai e eles arranjam o patrocicio da cerveja Skol. E na primaira prova do ano, Rosberg consegue um pódio, ao acabar a corrida na terceira posição. Era o segundo pódio da história da marca, o que lhes dava boas perspectivas para a próxima prova do campeonato, no circuito de Interlagos.


Durante a corrida, Rosberg, nitidamente mais rápido (devido a situação de duplo vácuo, como explica mais em baixo o Pandini), passa Emerson Fittipaldi numa das principais zonas do circuito, o que enraiveceu o brasileiro. Depois da corrida, o finlandês foi convocado para uma reunião de emergência para discutir a manobra. Emerson acusa Rosberg de o ter humilhado à frente do seu próprio público, e tinha vontade de o despedir, quando foi salvo por... Wilson Fittipaldi, o seu irmão.


Eis o relato dessa reunião: "Quando o Emerson começou a acusar-me, o Wilson disse que tinha visto as imagens e que ele devia calar-se! Começou então uma enorme discussão em português entre os dois, mas o Wilson defendeu-me e fiquei com o lugar até ao final do ano!"



De facto, apesar de Emerson ter conseguido mais um pódio em Long Beach, e um sexto lugar no Mónaco, Rosberg foi melhor do que o brasileiro, com mais um quinto lugar em Imola, e a ser bem mais rápido do que o "patrão". Isso levou a que no final do ano tenha decidido retirar-se da Formula 1 com 33 anos de idade, e após onze temporadas na competição, para cuidar da equipa, juntamente com o irmão Wilson.

4 comentários:

L-A. Pandini disse...

Speeder, só uma correção: a manobra aconteceu na corrida e não nos treinos. E foi mostrada pela TV... Aconteceu no antigo Retão de Interlagos (onde não havia "tribunas" propriamente ditas, mas uma grande quantidade de pessoas que assistiam à prova acampadas nos barrancos). E o que aconteceu foi o seguinte: entraram no retão John Watson, Emerson e Rosberg, juntos. Até ali, Rosberg seguia obedientemente ao patrão, sem fazer qualquer menção de ultrapassagem.

Só que Rosberg estava no vácuo de Emerson, e este entrou no vácuo de Watson... Ou seja, o finlandês se viu em um duplo vácuo. Quando Emerson fez a ultrapassagem sobre Watson, Rosberg aproveitou o embalo, pois estava muito mais rápido que os dois da frente. E ultrapassou Emerson também, por dentro, na freada da curva 3.

O mais lógico é que, com ambos andando juntos, houvesse uma ajuda de equipe para se aproximarem de quem estivesse à frente. Só que Emerson não conseguiu acompanhar o ritmo de Rosberg. E sua corrida ficou definitivamente comprometida quando o carro começou a apresentar problemas que obrigaram Emerson a parar no box.

Nessa história, o que eu não sabia era da defesa de Rosberg feita por Wilsinho. Quem viu afirma que Emerson estava realmente irado na discussão pós-corrida. Para os jornalistas brasileiros, ele repetiu várias vezes: "Ele deve estar daltônico. Me passou como se nossos carros fossem de cores e equipes diferentes". Mais tarde, já em casa, mais calmo e conversando com um jornalista amigo, Emerson admitiu que as preocupações com a equipe estavam desviando sua atenção daquela que deveria ser sua única função: pilotar.

Ovi disse...

Gracias por este gran artículo sobre la historia de este gran deporte.Siempre esta bien recordar los viejos tiempos.Un saludo

Daniel Médici disse...

O Emerson deve ter se tocado mais tarde que Rosberg era um jovem inspirado. Em toda a temporada de 80, Rosberg só não largou na frente do 'chefe' em apenas 3 GPS.

Curiosamente, justamente os 3 GPs em que ele não obteve tempo para se classificar (o que leva à hipótese de que a equipe dava o equipamento mais confiável a Emerson).

Rianov disse...

Beleza Speeder!

Muito legal essa história. Òtimo comentário do Pandini também.

E não se esqueça que o Rosberg já tinha aprontado com o Emerson em 78, quando que, de Theodore (!) venceu Emerson no International Trophy por pouco mais de 1 segundo.

Foi a 1ª vitória com um F1 de Rosberg, que, ná época, disputava apenas seu segundo GP.

Abraços Speeder!
Rianov